quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Papa e o Rabino

"Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo."  Jesus (João, 8:15)
 
Esta pequena história ilustra muito bem nossa irremediável incapacidade de julgar corretamente as atitudes dos outros.

Sempre julgamos a partir de nossos padrões e valores, que podem ser completamente inadequados e incompatíveis com realidade de outras pessoas.

Muitas vezes, o que nos parece um sinal inconfudível a respeito de um episódio ou de alguém, não passa de uma conclusão falsa ou incompleta, resultante de nossa deficiência para alcançar todos os detalhes da situação.

Ramon de Andrade
Palmares-PE



O Papa e o Rabino

Há vários séculos, o Papa decretou que todos os judeus deveriam se converter ao catolicismo ou sair da Itália.

Com os protestos dos liberais católicos e a gritaria da comunidade judaica, o Papa propôs um acordo: Ele manteria um debate religioso com o líder da comunidade judaica. Se os judeus ganhassem, poderiam continuar na Itália; se o Papa ganhasse, eles teriam que se converterem ou sairem.

Os judeus escolheram o mais idoso e sábio da comunidade – o Rabino Moishe – para representá-los no debate. Porém, como Moishe não falava italiano nem o Papa falava yiddish, eles concordaram que seria um debate "silencioso".

No dia escolhido, o Papa e o Rabino Moishe sentaram-se um em frente ao outro, com uma plateia ainda mais silenciosa e observadora de cada mínimo detalhe. Um minutos depois de iniciar o debate Silencioso, o Papa levantou a sua mão, mostrando três dedos.

O rabino Moishe, observa os três dedos do Papa com atenção, coça um pouco as sua longa barba e em seguida levanta um dedo.

O Papa passa alguns segundos em silêncio, pensativo… e, em seguida, circula seu dedo indicador em volta da sua cabeça.

Nessas alturas a plateia já não está entendendo nada… Mas, como só entraram com a condição de permaneceram em silêncio, todos continuavam sem pronunciar um único som…

O Rabino Moishe, mais uma vez pensativo, coçando sua longa e branca barba, apontou o chão onde estava sentado.

O Papa, que estava observando atentamento o Rabino, mostra-lhe logo em seguida uma hóstia e um cálice de vinho.

O Rabino Moishe, que desta vez não coçou sua barba, mostrou-lhe uma maçã.

Para surpresa da plateia que continuava sem entender nada o Papa levantou-se e declarou que havia sido derrotado, declarando que o Rabino Moishe era muito sabido e os judeus poderiam ficar na Itália!?

Mais tarde, os cardeais se encontraram com o Papa e perguntaram o que havia acontecido.

O Papa disse: Primeiro, eu levantei três dedos, para representar a Trindade. Ele respondeu "com um dedo", para lembrar-me que, mesmo assim, há apenas um Deus, comum a ambas as nossas crenças. Então, circulei meu dedo indicador em volta de mim mesmo para mostrar-lhe que Deus estava totalmente à nossa volta. Ele respondeu "apontando o dedo para o chão", para mostrar que Deus estava também bem aqui, junto a nós. Eu tirei o vinho e a hóstia para mostrar que Deus nos absolve de todos os nossos pecados. Ele "tirou uma maçã" para lembrar-me do pecado original. Ele me derrotou, e eu não pude continuar.

Nesse meio tempo, a comunidade judaica reuniu-se em volta do Rabino Moishe.

"Como você ganhou o debate?" perguntaram.

- Não tenho a menor idéia, disse Moishe. Primeiro, ele me disse que teríamos "três dias para abandonar a Itália", então eu mostrei-lhe o dedo, representando que isso era mais um ato atisemita, como tantos outros que ocorreu na história. Depois ele disse que "não haveria mais judeus em volta deles, em toda a Itália", e eu lhe disse que Vamos permanecer bem aqui.

E no final, o que aconteceu? perguntou uma mulher.

- Ele tirou a merenda dele, então eu tirei a minha, disse Moishe.

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