quarta-feira, 29 de junho de 2011

Escutando os Sentimentos

Sobre o artigo Guardar mágoas traz prejuízos à saúde de nosso corpo: "(...) Discordo do autor somente em um ponto em negrito em que ele diz: 'Cada vez que contamos a história da nossa dor, ressaltando o quanto fomos vitimas daquela pessoa e enfatizando o quanto ela foi cruel conosco, continuamos dando poder a ela. Ficamos presos num papel que não deveria ser mais o nosso. Precisamos ultrapassar esse momento, precisamos nos curar.' (...) Voce tem que aceitar todas as emocoes e sentimentos , sejam eles positivo ou negativo na sua vida. Se esta com raiva e odio daquela pessoa , grite e fale ate voce nao tiver mais sentimentos dentro do seu corpo. Caso contrario o odio se tornara uma doenca como : Cancer, diabete, artrite, etc.  O corpo elimina toxinas danosas no corpo humano. (...) Aguardo comentarios e correcao do meu portuges." Jonai.


Olá, Jonai! Tudo bem!

Suas fotos naquela nevasca me fizeram valorizar mais nosso clima por aqui, apesar dos transtornos. Tanta neve mais parece uma "enchente congelada" :-)
 
Esse processo de somatização das emoções que você descreve é real. Na natureza, tudo é energia que se transforma. As emoções são energias que, quando negativas, se não forem dissipadas, de fato, se transformam em doenças, pois não podem ser simplesmente ignoradas.

Acredito que a diferença esteja no modo como elaboramos os sentimentos. A postura de vítima, quando perpetuada, é que nos aprisiona na mágoa.
 
No artigo também há um trecho que diz: "a raiva e a indignação são sentimentos normais, mas o problema é quando esses sentimentos se transformam em mágoa e amargura."

A Presidente Dilma revisitou o lugar onde ficou presa por três anos, sendo inclusive torturada. Entrou na cela, reviveu suas lembranças. E no final declarou: lembro de tudo como se fosse ontem... mas não sinto mágoas. Ou seja, ela não esqueceu, mas superou o episódio. Abandonou a posição de vítima e passou a sentir-se beneficiada por haver amadurecido através daquela experiência.
 
Quando dizemos que algo ficou atravessado na garganta, a comparação é boa. Mas, se deixamos que isso continue nos obstruindo, acabaremos sufocados pelo que nos engasga. É por isso que se diz que "a mágoa é o veneno que tomamos esperando que o outro morra".

Então, temos de elaborar nossas emoções, até transformá-las em algo que nos enriqueça como pessoa e não prejudique nossa saúde.

A solução que você citou, de expressar abertamente nossas emoções, pode até funcionar imediatamente, mas nem sempre pode ser aplicada. Imagine como seria revelar seus sentimentos abertamente ao chefe, aos clientes, às autoridades, etc. Nossa vida se tornaria um caos, estaríamos sempre refratários, reativos e nos transformaríamos em vítimas constantes de nosso primeiro impulso. Muitas vezes, temos mesmo de "segurar nossa onda"; solução muito antiga, que mais recentemente ganhou o nome de Inteligência Emocional.

Ou seja, dependendo das circunstâncias, algumas vezes temos sim de "levar o desaforo pra casa". O problema é o que fazer com ele depois, já que, como você disse, guardar definitivamente não é a solução.

Pela minha experiência pessoal, posso garantir que "levar pra casa" e passar algum tempo olhando pra ele ajuda a descobrir detalhes importantes que não estavam evidentes na ocasião. Se não tivermos medo de encarar a verdade, perceberemos que raramente estamos "cobertos de razão". E mesmo quando estamos, se não soubermos expressá-la com serenidade, corremos o risco de perdê-la completamente.

Quanto a escutar o corpo, também estou aprendendo a conversar com o meu e confesso que estou surpreso com as dicas preciosas que ele tem me dado. De fato, muitas dores e problemas surgem pela atitude negligente que mantemos diante desta ferramenta formidável que a Natureza nos concedeu.

Finalmente, quanto aos "hêrrus di purtuguêis", estou convencido que só escrevemos errado quando não nos fazemos compreender. E em comunicação, você não fica devendo nada! :-)

Aquele abraço! E no próximo inverno pesado, não esqueça de nos mandar um pouco de neve :-D

Ramon de Andrade
Palmares-PE

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ciência confirma a cura pelo perdão

"Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil."
Jesus (Mateus, Capítulo 5)

"Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas."
Jesus (Mateus, Capítulo 6)
 
"Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete."
Jesus (Mateus, Capítulo 18)
 
"Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados."
Jesus (Lucas, Capítulo 6)
 

 


Guardar mágoas traz prejuízos à saúde de nosso corpo

Perdoar evita o estresse e economiza nossas energias
 
Por Especialistas Publicado em 20/6/2011
 
Quando alguém nos desaponta, nos fere, quando perdemos algo importante ou sofremos alguma injustiça, a raiva e a indignação são sentimentos normais, mas o problema é quando esses sentimentos se transformam em mágoa e amargura. No livro "O poder do perdão", o psiquiatra americano Fred Luskin, apresenta a sua experiência e estudos sobre esse tema. Ele demonstra que o processo de perdoar pode ser treinado e desenvolvido. Ele utiliza a metáfora de um aeroporto, que está com o tráfego aéreo congestionado, para explicar como fica a mente de uma pessoa, sobrecarregada pelas mágoas. Cada avião que está no ar é comparado a uma mágoa, que enquanto não pousa, fica exigindo energia e exaurindo os seus recursos.

Quando guardamos mágoas, o nosso cérebro produz substâncias químicas e hormônios ligadas ao estresse, que limitam as nossas ações e prejudicam nosso bem-estar.
 
Quando guardamos uma mágoa e pensamos na dor que sofremos, o cérebro reage como se estivéssemos em perigo naquele momento. Ele produz substâncias químicas ligadas ao estresse, que limitam as nossas ações. A parte pensante do cérebro fica limitada, é quando agimos sem pensar para nos livrarmos da sensação de perigo.
 
Portanto, a mágoa consome muita energia, pois cada vez que contamos o que aconteceu, os mesmos sentimentos são desencadeados. O cérebro não sabe distinguir se aquela traição ou agressão aconteceu agora ou há três anos.
 
Assim como escolhemos o canal de TV que queremos assistir, também podemos aprender a escolher qual o "canal" que estará passando na nossa mente. Podemos escolher pensar no quanto fomos vítimas, o quanto fomos machucados, e com isso perpetuar o nosso sofrimento ou podemos escolher pensar no quanto fomos fortes para sobreviver ao que aconteceu e mudar o nosso foco. Não significa que devamos passar por cima da tristeza, da dor e da raiva que sentimos, mas precisamos aprender que existe um tempo para esses sentimentos. 
 
Uma forma de mudarmos o "canal" da nossa mente é pensar em como podemos mudar a história da nossa dor. Qual a história que contamos para nós mesmos sobre o que nos aconteceu?
 
Relembrar o fato, falar disso inúmeras vezes, ficar no lugar de "vítimas" dentro da história que contamos, nos dá a sensação de que o sofrimento que passamos não será esquecido e que se e abandonarmos esse lugar, quem nos fez sofrer ficará liberado de pagar pelo que fez. Mas, conservar a mágoa, nos mantém ligados de forma ineficaz à pessoa que nos fez sofrer.
 
O outro provavelmente não está sofrendo, nem mais e nem menos, só porque mantemos a mágoa dentro de nós.

Cada vez que contamos a história da nossa dor, ressaltando o quanto fomos vitimas daquela pessoa e enfatizando o quanto ela foi cruel conosco, continuamos dando poder a ela. Ficamos presos num papel que não deveria ser mais o nosso. Precisamos ultrapassar esse momento, precisamos nos curar.
 
Que tal parar um pouco e reformular a história da nossa dor? Sem forçar acontecimentos ou inocentar ninguém, mas colocando um foco nas nossas atitudes, no que fizemos e podemos fazer de construtivo diante do que aconteceu. 

Fonte: MinhaVida

domingo, 19 de junho de 2011

Anjos das Trevas

"Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre? E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo; e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até encontrá-la? E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido. Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende."

Jesus
Lucas, Capítulo 15
 
"Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros."

Jesus
Mateus, Capítulo 19

 
"Deus olha de igual maneira para os que se transviaram e para os outros e a todos ama com o mesmo coração. Aqueles são chamados maus, porque sucumbiram. Antes, não eram mais que simples Espíritos."

O Livro dos Espíritos
Questão 126
Paris, 1857


 
"Tivemos que lidar com uma dúvida, e não sabíamos como agir da melhor forma. Foi sobre uma mulher que estava aqui por um bom tempo e não parecia capaz de progredir muito. Não era má pessoa, mas parecia ser insegura a respeito de si mesma e de todos os que a cercavam. Sua principal dúvida era sobre os anjos – se eles eram todos de luz e bondade, ou se alguns eram de um estado angelical e outros da escuridão. Por algum tempo não conseguimos ver por que isso tanto a perturbava, já que tudo por aqui parecia ser amoroso e brilhante. Mas descobrimos que ela tinha alguns parentes que haviam vindo para cá antes dela, a quem ela não vira e cujo paradeiro não conseguia encontrar. Quando descobrimos o principal problema dela, discutimos entre nós e fomos ao topo da colina, colocando nosso desejo de ajudá-la e pedindo que nos fosse mostrada a melhor maneira. Uma coisa memorável aconteceu, tão inesperada quanto útil.

"Quando ficamos ajoelhados ali, todo o topo da colina pareceu tornar-se transparente e, enquanto estávamos ajoelhados, com as cabeças inclinadas, enxergamos diretamente através dela, e uma parte das regiões abaixo foi trazida a nós muito nitidamente. A cena que vimos – e todos nós a vimos, portanto não poderia ser ilusão – era numa planície obscura, árida e nua, e, encostado numa rocha, estava um homem de alta estatura. Diante dele, ajoelhada no chão, com as faces cobertas pelas mãos, havia uma outra pessoa. Era um homem, e parecia estar implorando algo ao outro, que continuava ali, com aparência de estar em dúvida. Então, finalmente, num impulso súbito, ele se abaixou e levantou em suas costas aquele que estava ajoelhado e o conduziu pela planície, em direção ao horizonte onde refulgia a luz pálida do crepúsculo.

"Ele andou uma longa jornada com aquela carga e então, quando chegaram a um lugar onde a luz era mais forte, ele o largou e apontou-lhe um caminho; então vimos que o outro agradeceu muito e muito, então voltou-se e correu rumo à luz. Nós o seguimos com nossos olhos, e então vimos que lhe havia sido apontado o caminho da ponte, da qual já lhe falei – na extremidade que está no outro lado do precipício. Ainda não entendíamos por que esta visão estava sendo mostrada a nós, e continuamos seguindo o homem até que ele alcançou o enorme prédio que está no começo da ponte – não para guardá-la, mas para auxiliar os que chegam até ali, necessitando de descanso e ajuda.

"Vimos que o homem havia sido observado pelo guardião, pois um facho de luz sinalizou-o aos que estavam embaixo, mostrando-o ao guardião seguinte, ao longo da ponte.

"E então a colina reassumiu seu aspecto normal de novo, e nada mais foi visto por nós.

"Estávamos perplexos, mais que antes, e estávamos descendo a colina quando nossa Senhora Diretora veio ao nosso encontro, e em sua companhia estava alguém que parecia um alto servidor de alguma parte de nossa esfera, mas que não havíamos conhecido ainda. Ela disse que ele veio para nos explicar a instrução que acabáramos de receber. Aquele homem menor era o marido da mulher a quem estávamos tentando ajudar, e deveríamos dizer a ela que fosse até a ponte pois lhe seria dado alojamento ali, onde então poderia esperar até que seu querido chegasse. O homem mais alto que vimos era o que a mulher chamou de anjo das trevas, já que ele era um dos mais poderosos espíritos nos planos trevosos. Mas, conforme observamos, ele era capaz de uma boa ação. Por que, então, pergunta-mos, ele ainda estava nas regiões de trevas?

"O servidor sorriu e respondeu, 'Meus queridos amigos, o Reino de Deus Nosso Pai é um lugar muito mais maravilhoso do que podem imaginar. Vocês jamais se defrontaram ainda com um reino ou esfera que fosse completo por si mesmo, independente e separado dos demais. Nem há nenhum assim. Aquele anjo trevoso mescla em si muitas esferas de conhecimento, bondade e maldade. Ele permanece onde está, primeiro por causa da maldade remanescente nele, que o incapacita para as regiões de luz. Permanece ali também porque poderia progredir se quisesse, mas mesmo assim ele não o deseja por enquanto, em parte por causa de sua obstinação, e parte porque ainda odeia a luz, e acha que os que partem para a horrível montanha são loucos, pois a dor e as agonias são mais intensas ali, em razão do contraste com o que vêem entre a luz e a escuridão. Então ele fica, e há multidões como ele, a quem uma espécie de desespero embrutecedor e estonteante impede de seguirem adiante. Também em suas horas de raiva e loucura, ele é cruel. Ele torturou e maltratou algumas vezes esse mesmo homem a quem vocês viram com ele, e o fez com a crueldade de um fanfarrão covarde. Mas, como viram, isto foi superado e quando o homem implorou nesta última vez, alguma corda sensível no coração do outro vibrou um pouquinho só, e, num impulso, temendo uma reversão em suas intenções, liberou sua vítima que desejou empreender a jornada, e apontou-lhe o caminho, sem dúvida pensando, em seu coração, no quanto ele era estúpido e contudo, talvez, um estúpido mais inteligente do que ele, afinal de contas.'

"Isso era novidade para nós. Não percebêramos antes que havia bondade naquelas regiões de trevas; mas agora vimos que era natural que assim fosse, ou, se todos ali fossem totalmente ruins, nenhum deles jamais desejaria estar conosco deste lado.

"Mas o que tem a ver tudo isso com o discernimento entre as coisas que importam e as que têm menor importância?

"Tudo que é do bem é de Deus, e a luz e a treva, quando aplicadas aos Seus filhos, não são, e não podem ser, absolutas. Elas devem ser entendidas como relativas. Há, como sabemos, muitos 'anjos das trevas' que estão na escuridão por causa de algum desvio em seu comportamento, algum traço de obstinação que os previne contra o que é bom dentro deles, fazendo esse efeito. E estes, um dia, podem nos ultrapassar na estrada das eras, e, no Reino dos Céus, tornarem-se maiores do que nós, que hoje somos mais abençoados do que eles.

"Boa noite, meu querido filho. Pense sobre o que escrevemos. Tem sido uma lição proveitosa a nós, e seria bom que muitos em sua vida atual pudessem aprendê-la."

A Vida Além do Véu
(The Life Beyond the Veil)
Livro 1 - Capítulo I
Os Planos Inferiores do Céu
Mensagens de Espíritos
recebidas e ordenadas por
Reverendo George Vale Owen
1926

sábado, 18 de junho de 2011

UBUNTU

A palavra ficou famosa por ser o nome escolhido para uma das versões do sistema operacional Linux. Mas na verdade, a Canonical, desenvolvedora do Ubuntu, escolheu esse nome justamente por refletir a essência do software livre: compartilhar.

O desafio deste novo século vai muito além de adaptar-se às novas tecnologias. Compartilhar não implica perda, mas sim multiplicação das soluções e promoção da justiça. Esta é a real fronteira a ser cruzada por quem pretende sair do século XX.

E só mesmo um povo historicamente oprimido poderia nos trazer essa lição.

Ramon de Andrade
Palmares-PE


 
UBUNTU

A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa (2006), nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.

Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...

UBUNTU PARA TODOS NÓS!

 
Ubuntu (como ideologia)

Ubuntu é uma ética ou ideologia de África (de toda a África, em particular a palavra é de origem Bantu. É uma filosofia Africana que existe em vários países de África) que foca nas alianças e relacionamento das pessoas umas com as outras. A palavra vem das línguas dos povos Banto; na África do Sul nas línguas Zulu e Xhosa. Ubuntu é tido como um conceito tradicional africano.
 
Uma tentativa de tradução para a Língua Portuguesa poderia ser "humanidade para com os outros". Uma outra tradução poderia ser "a crença no compartilhamento que conecta toda a humanidade".
 
Uma tentativa de definição mais longa foi feita pelo Arcebispo Desmond Tutu:

"Uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível aos outros, não-preocupada em julgar os outros como bons ou maus, e tem consciência de que faz parte de algo maior e que é tão diminuída quanto seus semelhantes que são diminuídos ou humilhados, torturados ou oprimidos."

Princípios fundamentais da nova república da África do Sul
 
Ubuntu é visto como um dos princípios fundamentais da nova república da África do Sul (no Zimbabue por exemplo, Ubuntu tem sido usado como forma de resistência à opressão existente no país), e está intimamente ligado à idéia de uma Renascença Africana. Na esfera política, o conceito do Ubuntu é utilizado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética humanitária envolvida nessas decisões.
 
Louw (1998) sugere que o conceito do Ubuntu define um indivíduo em termos de seus relacionamentos com os outros, e enfatiza a importância como um conceito religioso, assentando na máxima Zulu umuntu ngumuntu ngabantu (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas) que aparentemente parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental. No contexto africano, isso sugere que o indivíduo se caracteriza pela humanidade com seus semelhantes e através da veneração aos seus ancestrais. Assim, aqueles que compartilham do princípio do Ubuntu no decorrer de suas vidas continuarão em união com os vivos após a sua morte.

Fonte: Origem: Wikipédia

sábado, 4 de junho de 2011

Consumo Colaborativo

"Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes."
Jesus (Mateus, 5:42)


 
Quem compartilha, amplia seu alcance e multiplica suas possibilidades.

Eis o desdobramento natural do espírito colaborativo e comunitário da Internet.
 
Ramon de Andrade
Palmares-PE


Tecnologias verdes

Consumo colaborativo é o novo escambo 2.0

Por Monica Campi, de INFO Online  
Quinta-feira, 02 de junho de 2011 - 10h59 
 
Trocar e compartilhar bens de consumo e não comprá-los. Essa é a ideia sustentável por trás do consumo colaborativo, fenômeno que vem crescendo em todo o mundo e que aos poucos chega ao Brasil.
 
A tendência do consumo colaborativo cresce em torno da teoria dos 3Rs (três erres): redução do consumo de resíduos, reutilização dos produtos e reciclagem ao final da vida útil. A transformação do bem em serviço é o que faz a proposta ser tão atraente para a expansão do pensamento de que "o que é seu, também é nosso".

São serviços que através da internet adaptam a antiga prática do escambo à era digital com a criação de websites que oferecem a troca, aluguel, empréstimo e até doações de qualquer tipo de bem, sem equiparação de valor.

As ofertas são as mais inusitadas possíveis. Vão desde o aluguel de carros por períodos fracionados em horas, empréstimo de furadeira para uma reforma rápida ou a troca de um livro que estava encostado na estante.

Foi um movimento que ganhou força nos Estados Unidos e Europa após a crise econômica mundial de 2008 e que fez com que os consumidores desses países buscassem alternativas para economizar dinheiro e tirar alguma vantagem no reuso de produtos que já possuíam.

Nos Estados Unidos, sites como o Swap são febre entre os consumidores e suas ações costumam também ir além da rede mundial de computadores. O serviço realiza campanhas para troca de livros e uniformes em escolas infantis, incentivando desde o início as crianças a desenvolverem uma consciência de consumir menos e compartilhar mais.

Mas no Brasil isso ainda não ocorre com tanta força, pois a classe média ainda está em crescimento e, portanto, consegue comprar mais, diminuindo essa margem para o empréstimo ou troca de produtos.

Porém, a consciência ambiental dos brasileiros é considerada mais representativa do que em outras regiões e é justamente neste pensamento sustentável que sites de consumo colaborativo no Brasil apostam para um rápido crescimento desse novo mercado que poderá ajudar a reduzir o impacto da materialização desenfreada entre os cidadãos e do acúmulo de lixo e resíduos sobre o meio ambiente.

Por aqui alguns sites já começam a se destacar oferecendo diversas opções de serviços, como o aluguel fracionado de carros da Zazcar, o espaço de coworking da The Hub, o bazar virtual Enjoei e até de crowdfunding do Catarse onde é possível pedir apoio financeiro a projetos.

"É o momento de criar esse pensamento colaborativo. O consumo individual e desenfreado já é algo do século passado. Compartilhar produtos é a mais nova e melhor alternativa já criada", afirma Gabriel Schon, criador do INIO (I Need, I Offer), sistema de trocas e consumo colaborativo para Facebook.

O INIO surgiu há pouco mais de dois meses como parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) da faculdade de TI que Gabriel cursava. A ideia veio da vontade de adquirir uma câmera fotográfica para realizar um projeto. Mas ao perceber o alto preço que teria de pagar por ela, resolveu criar um espaço onde os conhecidos poderiam trocar qualquer tipo de objeto.

E este é um dos motivos pelo qual optou por utilizar a plataforma do Facebook para lançar seu serviço. Segundo Schon, a rede social permite criar uma maior confiança entre os usuários, pois seria possível avaliar o perfil da mesma e manter contato por meio de um canal em comum.

Atualmente já existem mais de 1.100 pessoas cadastradas no serviço, e que trocam ou emprestam os mais variados produtos como livros, jogos de videogame e mesmo CDs. Na opinião de Schon, essa cultura colaborativa pode diminuir até a pirataria de produtos.

"Aqui temos a cultura do descuido com coisas emprestadas - não é meu, não vou cuidar muito. Com esse tipo de serviço pretendo ajudar a desenvolver um respeito mútuo entre os usuários. A cada remessa de registro converso com cada novo integrante, recebo sugestões, e venho tendo um retorno bastante positivo", aposta Schon.

As diferenças culturais e a desconfiança natural do brasileiro podem explicar os motivos de tais serviços ainda não serem tão reconhecidos pelos consumidores. Mas há aqueles que acreditam numa rápida adaptação e que há algum tempo já tiram proveito, inclusive profissionalmente, do consumo compartilhado.

A artesã Elza Dupré teve seu primeiro contato com este tipo de serviço em 2008, ao procurar por comunidades brasileiras no site norte-americano FreeCycle. Conseguiu obter sem nenhum custo diversos materiais como retalhos de tecidos, espelhos usados, pedaços de vidro, tudo que poderia utilizar em seus trabalhos artísticos, que são voltados ao ecologicamente correto.

Até sua bancada de trabalho foi obtida e construída através da doação de uma porta usada e de um cavalete. Em contrapartida, Dupré afirma já ter doado um violão que estava encostado a uma criança que queria aprender a tocar.

Tecnologias limpas Internet Produtividade

"Só há vantagens em ser sustentável! O interesse me veio pelo fato de ser um site de doações, onde o objetivo principal é a reutilização e reciclagem de objetos e utensílios. É incrível como não temos idéia de que qualquer coisa que não nos sirva ou interessa mais, pode ser útil para outra pessoa", afirma Dupré.

Outro serviço que promete ajudar na expansão do consumo colaborativo no Brasil é o DescolaAí, que além da troca, também possibilita o aluguel de bens. O site possui um sistema que localiza o usuário mais próximo geograficamente daquele que procura o produto e os coloca em contato para acertarem os valores e prazos do aluguel.

Para aumentar a segurança, ao iniciar a negociação, o sistema gera um código para os usuários se identificarem. Quem for alugar o produto, também deverá informar os dados do cartão de crédito e somente após a devolução é que o valor será debitado da fatura. Os envolvidos também pontuam a ação um do outro, criando assim um ranking dos mais confiáveis.

"O DescolaAí nasceu quando, olhando a quantidade de lixo que estamos coletando via TerraCycle, começamos a nos perguntar como evitar a geração de resíduos. Fui atrás de projetos internacionais, mas nenhum atendia as necessidades do projeto para o Brasil. Isso porque o brasileiro é desconfiado, então o maior investimento do projeto até agora está no desenvolvimento da tecnologia aplicada, para darmos total segurança para os usuários", diz Guilherme Brammer, presidente do TerraCycle no Brasil e criador do site DescolaAí.

Atualmente o site está em fase de pré-cadastro e já possui mais de 1200 inscritos. Segundo Brammer, o serviço será lançado ainda neste mês de junho e a expectativa é que o DescolaAí alcance 100 mil usuários até o meio de 2012.

A internet e a significativa inserção das redes sociais na sociedade estão proporcionando poderosas ferramentas de colaboração que vão além do simples fato de conectar as pessoas e permitem modificar fisicamente o mundo real com ações mais conscientes e responsáveis.

"Dar às pessoas a oportunidade de tomarem atitudes sustentáveis com relação ao consumo é outro aspecto positivo. Atitudes que refletem no dinheiro que não será gasto com a compra, no espaço que não será necessário para guardar o objeto depois do uso e no aumento do aproveitamento do tempo de vida útil do produto. A ideia tende a ganhar cada vez mais espaço", aposta Brammer.

Fonte:
Info

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ideias Inatas

Encarnado, conserva o Espírito algum vestígio das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?
"Guarda vaga lembrança, que lhe dá o que se chama idéias inatas."

Não é, então, quimérica a teoria das idéias inatas?
"Não; os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente. Em cada nova existência, o ponto de partida, para o Espírito, é o em que, na existência precedente, ele ficou."

O Livro dos Espíritos
Questão 218
Paris, 1857




Conhecimento inato: Nós já nascemos sabendo
Redação do Diário da Saúde
31/05/2011

A morte do espírito
 
Nós já nascemos com algum conhecimento?
 
Desde que o chamado "espírito humano", discutido por milênios pelos filósofos, foi varrido para debaixo do tapete pela ciência moderna, os pesquisadores têm-se debatido com essa dúvida cruel.
 
Afinal, como explicar as diferenças de conhecimento e as habilidades inatas de cada pessoa?
 
Tabula rasa
 
A explicação clássica da ciência moderna é a chamada "tabula rasa": todos os humanos nasceríamos como uma folha em branco, na qual nossos conhecimentos, talentos e inclinações seriam escritas a partir das nossas experiências e vivências.
 
Essa ideia moveu mais de um sistema ditatorial, na tentativa de "educar" as crianças de um país segundo os devaneios dos próprios ditadores.
 
Sem contar o bom-senso, tanto esses "experimentos políticos" em larga escala, quanto os experimentos de laboratório, contradizem frontalmente o princípio da "folha em branco".
 
Tanto que os cientistas têm retornado para algo absolutamente metafísico: o chamado "conhecimento pré-experiência", um tipo de conhecimento que o ser humano adquiriria, de alguma forma não compreendida, antes mesmo de ter qualquer experiência.
 
Conhecimento inato
 
Agora, neurocientistas do Projeto Cérebro Azul, um gigantesco projeto de pesquisas europeu que está tentando reproduzir o cérebro humano em um computador, afirmam ter descoberto provas do chamado "conhecimento inato".
 
O grupo descobriu que os neurônios fazem conexões independentemente da experiência de uma pessoa.
 
Tem sido aceito há bastante tempo que os circuitos neuronais se formam e se reforçam por meio da experiência, um fenômeno conhecido como plasticidade sináptica.
 
Mas o Dr. Henry Markram e seus colegas agora anunciaram "evidências radicalmente novas", segundo eles, de que esta pode não ser a história toda.
 
O grupo demonstrou que pequenos conjuntos de neurônios piramidais no neocórtex se interconectam de acordo com regras relativamente simples e "imutáveis".
 
Blocos de conhecimento
 
Os aglomerados neuronais agora descobertos contêm, em média, 50 neurônios.
 
Os cientistas os veem como blocos básicos de conhecimento, que contêm em si mesmos um tipo de conhecimento fundamental e inato - por exemplo, representações de regras básicas de funcionamento do mundo físico.
 
O conhecimento adquirido - nossa memória - envolveria sempre a combinação desses blocos construtores fundamentais, reunidos para formar um nível mais alto do sistema.
 
"Isto pode explicar porque todos nós compartilhamos percepções similares da realidade física, enquanto nossas memórias refletem nossa experiência individual," diz Markram.
 
Segundo os pesquisadores, os princípios que governam a formação desses microcircuitos inatos é incrivelmente simples.
 
Basicamente, quando dois neurônios estão simultaneamente conectados a um terceiro neurônio vizinho, a probabilidade de que eles também estejam interconectados é maior do que a média.
 
Com base nessa observação, o grupo construiu um modelo estatístico de ocorrência dessas interconexões, que pode ser usado para estudar os fundamentos do cérebro.
 
Conhecimento pré-experiência
 
Quando os cientistas testaram os circuitos neuronais de diferentes ratos, todos apresentavam características similares.
 
Ora, se os circuitos tivessem sido formados unicamente das experiências vividas pelos diferentes animais - como sugere a ideia da folha em branco - esses circuitos deveriam divergir significativamente uns dos outros.
 
Desta forma, concluem, a conectividade neuronal deve de alguma forma ter sido programada anteriormente à experiência.
 
"Desde John Lock, há cerca de 400 anos, as pesquisas sobre como o cérebro aprende e se lembra têm sido guiadas pela crença de que nós começamos como uma folha em branco e então imprimimos nela memórias de cada nova experiência.
 
"A ideia de que a memória é como um lego formado por blocos fundamentais de conhecimento abre uma porta inteiramente nova de pesquisas," afirma Markram.
 
Ressurreição do espírito?
 
A simulação do cérebro, e as tentativas de construção de cérebros artificiais, estão agora, pela primeira vez, permitindo que os cientistas abordem diretamente a hipótese da "tabula rasa", passando da crença para os experimentos diretos.
 
E esses primeiros resultados discordam da ideia que tem permeado a ciência durante todos esses séculos: de que o homem é uma folha em branco na qual qualquer rabisco só é feito depois que ele tem consciência.
 
Não há dúvidas de que o conhecimento, no sentido mais usual do termo, o que inclui ler e escrever, reconhecer os amigos ou aprender um novo idioma, resultam de nossa experiência.
 
Mas a equipe do Cérebro Azul demonstrou que uma porção do nosso conhecimento básico, em suas representações mais fundamentais, pode vir escrito de fábrica.
 
Contudo, não será ainda a ressurreição do espírito, no sentido adotado pelos filósofos - os cientistas preferem dizer que o conhecimento está inscrito nos genes que dirigem a formação biológica do nosso corpo.
 
Mas a aceitação de um "conhecimento inato", pré-experiência, representa um avanço considerável para a desmistificação da crença na tábula rasa.

Do Bom e do Melhor

"Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa. Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada."
Jesus (Lucas, 10:38-42)
 

 
Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?
"Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais."

O Livro dos Espíritos
Pergunta 716
Paris, 1857

 
DO BOM E DO MELHOR
Por Leila Ferreira

Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".

Tem que TER o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta.

O ideal é TER o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".

Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante.

Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que TEMOS ou conquistamos, porque estamos de olho no que FALTA conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.

Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros ( ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.

Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.

Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?

Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?

E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?

O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chefe"?

Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?

O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe.

O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito.

O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos".

As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo.

O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.

O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?