sábado, 18 de dezembro de 2010

Fases da Vida

Sobre a mensagem "A Sabedoria de José de Alencar":
 
"Caro irmão, este mesmo que idolatras já fez também comentários infames, pois certa vez, ao saber que a filha de uma prostituta com quem teria tido um caso, poderia ser filha dele, desprezou e declarou que os filhos desse tipo não tinhão direitos, pois (...) é o risco da profissão."  Mateus Sobral
 

 
Pacheco, não é idolatria. Apenas reconhecimento pelas lições de coragem que ele tem dado ao país, no enfrentamento da doença, justamente pela visibilidade do cargo que ocupa.

Muita gente imagina que, como Vice-Presidente, sendo atendido em hospital de celebridades, fica bem mais fácil. Mas defecar pela barriga depois de passar por 15 cirurgias aos 77 anos de idade não é moleza, não!
 
Claro que tem muita gente passando por coisa pior nos hospitais do SUS, mas o drama vivido pelo Vice-Presidente da República atinge muito mais pessoas, dando a todos a oportunidade de refletir sobre as fragilidades e a capacidade de superação da mente humana.

Todos nós temos um lado obscuro a produzir resultados que tentamos esconder bem, como o gato faz na areia. Quem não tem nada do que se arrepender, simplesmente não viveu. Imagine aos 77 anos, quando houve muito mais tempo de errar.

A própria ideia de santo como "pessoa que nunca errou" é falsa. Todos os santos foram pessoas comuns que cometeram erros, mas encontraram uma saída surpreendente, geralmente pelos caminhos da fé. Seus biógrafos, a maioria devotos ou admiradores, tratam de "editar" bondosamente os fatos mais questionáveis, mas todos os tiveram, em maior ou menor número, como vemos nas biografias de São Francisco e Santo Agostinho.

Imagine os próprios apóstolos de Jesus: Pedro negou, Judas traiu, Tomé duvidou, Paulo perseguiu e Mateus (teu xará) era cobrador de impostos, tão admirado na época quanto um agiota hoje em dia. Mas todos tiveram seu momento de superação, quando a reflexão sobre suas fraquezas deu o impulso que faltava para a grande mudança.

A verdade é que por milhares de anos nossa mente foi condicionada para o reforço negativo, treinada para identificar problemas, o que faz com que os acertos sejam ignorados, mas nenhum erro passe despercebido. É apenas uma obrigação ser honesto, gentil, etc, mas "toda nudez será castigada", "olho por olho, dente por dente", e por aí vamos.

Talvez uma doença tão prolongada no final da vida tenha justamente a finalidade de chamá-lo a reflexão, como ele próprio declara na entrevista:
 
"A doença me ensinou a ser mais humilde. Especialmente, depois da colostomia. A todo momento, peço a Deus para me conceder a graça da humildade. E Ele tem sido generoso comigo. Eu precisava disso em minha vida. Sempre fui um atrevido. (...) a humildade se desenvolve naturalmente no sofrimento. Sou obrigado a me adaptar a uma realidade em que dependo de  outras pessoas para executar ta refas básicas. Pouco adianta eu ficar nervoso com determinadas limitações. Uma das lições da humildade foi perceber que existem pessoas muito mais elevadas do que eu, como os profissionais de saúde que cuidam de mim. Isso vale tanto para os médicos (...) quanto para os enfermeiros e auxiliares de enfermagem anônimos que me assistem. Cheguei à conclusão de que o que eu faço profissionalmente tem menos importância do que o que eles fazem. Isso porque meu trabalho quase não tem efeito direto sobre o próximo. Pensando bem, o sofrimento é enriquecedor."
 
Enfim, Deus (como todo bom pai) não deseja que a gente sofra, e sim que a gente entenda. Quando a gente precisa da dor para compreender, então ele permite que a dor nos alcance.

Aquele abraço e um ano novo sem muitas dores a todos nós!

Ramon de Andrade
Palmares-PE

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