quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

SERÁ?

Olá, amigo João!
 
Recebi  por e-mail esta mensagem atribuída a Emmanuel e pensei em colocá-la no blog. Mas, além de uma leve diferença de estilo, achei também algumas expressões um pouco borradas para a austeridade equilibrada que caracteriza as mensagens de espíritos esclarecidos como ele. Já estamos bem habituados ao seu modo firme, porém gentil de se referir aos problemas e limitações terrenas, consciente que é de que se trata de uma situação temporária em nosso desenvolvimento esperiritual. Nunca li em seus textos referências ácidas e excludentes como as que destaquei em seguida, comentando-as no final. Tudo isso além do fato de a mensagem não haver sido retirada de nenhum de seus livros.

Claro que a pessoa que repassou a mensagem teve a boa intenção de advertir para os perigos que se acercam nesta época conturbada do ano, em que de fato precisamos redobrar a vigilância. Por outro lado, também precisamos ficar atentos ao que recebemos como autêntico, pois na internet os limites são apenas os da imaginação. Já recebi até mensagens de Sócrates usando gírias :-D Esta vigilância também é necessária, além de um bom exercício de reflexão.

Acho que em matéria de comunicações apócrifas, Kardec ficaria impressionado se conhecesse a Internet :-D

Dê uma olhada e me diga o que acha.

Ramonde Andrade
raesa@ig.com.br
Palmares-PE


 
SOBRE O CARNAVAL

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada (1) que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização (2).

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas (3) consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas (4) compreendam semelhantes objetivos de nossas despretenciosas opiniões (5), colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral (6).

Emmanuel
Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier em Julho de 1939 (7).
(Encartado também na Revista Internacional de Espiritismo, exemplar de Janeiro de 2001 páginas 565 e 566 - Editora O Clarim).
 

 
(1) apologia da loucura generalizada: tom de protesto e indignação, nada usual em sua obra
(2) sociedades que se pavoneiam com o título de civilização: expressão excludente, também atípica
(3) empregar todas as verbas: generalização, radicaismo
(4) nossos irmãos espíritas: reducionismo. Ele preferia se dirigir a todos os cristãos.
(5) nossas despretenciosas opiniões: isca comum em mensagens apócrifas
(6) eloqüente atestado de sua miséria moral: generalização em tom ofensivo, que seria evitada até por nós, formiguinhas. Chico sempre evitava expressões extremas como esta.
(7) Julho de 1939: Essa é a pior de todas as derrapadas. Em 39 os bailes de carnaval mais pareciam matinês. Se aquilo já era miséria moral, nós hoje estamos definitivamente perdidos. :-O

Um comentário:

  1. Ramon. boa tarde.

    Estava estudando o Livro dos Médiuns agora há pouco e encontrei uma passagem que completa o sentido que queremos mostrar neste post. Segue abaixo:

    "264. A bondade e a afabilidade são atributos essenciais dos Espíritos depurados.
    Não têm ódio, nem aos homens, nem aos outros Espíritos. Lamentam as fraquezas,
    criticam os erros, mas sempre com moderação, sem fel e sem animosidade. Admita-se
    que os Espíritos verdadeiramente bons não podem querer senão o bem e dizer senão
    coisas boas e se concluirá que tudo o que denote, na linguagem dos Espíritos, falta de
    bondade e de benignidade não pode provir de um bom Espírito."

    Abraços

    João

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