segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Quem tem medo do Umbral?

Em conversa com uma amiga que reside na cidade de Maceió, este final de semana, veio à tona um dos temas mais controversos do Espiritismo: O umbral.

Contava ela que em uma das reuniões do centro que frequenta na cidade alagoana aconteceu um fato no mínimo curioso: Uma jovem, recém saída de uma Igreja Protestante, perguntou a um dos que orientava a reunião a respeito do Umbral, o que era? Qual sua função? Onde é? E coisas do gênero.

O esclarecedor, com certeza profundo conhecedor do assunto, teceu longos comentários a respeito desta temida região espiritual, porém, de acordo com minha amiga, exaltando o lado do sofrimento e da dor, da solidão e desespero e coisas assim.

Ela me disse que ficou por demais angustiada ao ver a expressão da jovem que havia feito apergunta pois, acredito eu, aquilo que estava sendo divulgado naquele momento era por demais parecido com o inferno que é pregado em todas as demais religiões.

Sentindo-se incomodada com aquela situação, minha amiga disse que parecia que a moça estava se afundando no umbral de verdade, até que, quando terminou o esclarecimento, ela pediu a palavra e tirou a moça de lá com um simples comentário: "sem dúvida a existencia do umbral é um fato e é para onde vamos por atração energética, é inegável isto. Porém, o que precisamos também deixar claro é que no momento em que mostramos o mínimo sinal de arrependimento e abrimos o espaço para sintonizarmos com frequencias mais altas de pensamento, somos socorridos e levados a locais de auxílio". E ela disse brincando: "pronto, em um minuto eu tirei ela do umbral".

Este fato, que com certeza acontece em muitas casas pelo brasil afora, vem, em meu entender, apenas demonstrar o quanto estamos ainda arraigados a antigos sistemas e preceitos que nos "prendem" e "assustam".

Ao meu ver, limitado e simples, o Espiritismo deve ser encarado como um princípio libertador frente aos ditames da religiosidade convencional. É a Doutrina do esclarecimento, devemos então levar as informações até as pessoas da forma mais completa que pudermos, porém sem desejar incutir nestas informações ameaças veladas tipo: "se você não agir bem vai sofrer terrivelmente". Isso vem sendo tentado há séculos e não fez o efeito desejado.

Prova disso é a queda vertiginosa nos números de fieis da entidade religiosa dominante da cristandade (média de 7% ao ano) e o crescimento de outros braços cristãos, como o protestantismo (8% ao ano) e o Espiritismo (4% ao ano).

Acredito que o esclarecimento embasado em observações sólidas, coerentes e lógicas, juntamente com um estudo sério em conjunto com outras pessoas vem formar uma nova consciência em cada um de nós, e esta consciência vai nos levar pelos caminhos que desejarmos ir. Sabedores que seremos das nossas limitações, dos nossos rumos e das consequências que teremos seguindo qualquer um dos caminhos que nos for apontado.

Em tempos que se fala de alteridade é ainda muito triste ver a figura dos religiosos, principalmente dos espíritas, utilizando as figuras que constituem elementos de estudo profundo como armas, em nome de uma "preocupação" com o melhor do próximo.

Analisando friamente o umbral, do qual tantos de nós temos muito medo, encontraremos Abdré Luiz esclarecendo que "o umbral se inicia na crosta terrestre", ou seja, querendo ou não nos já estamos no umbral.

Veremos mais tarde que ele se expande até vários quilômetros na atmosfera terrestre, então, e não se espante com o que vou dizer agora, a cidade de "nosso lar" e várias outras colônias espirituais estão localizadas no umbral. Em um local denominado "umbral leve", mas continua sendo umbral.

Somos informados pelas entidades espirituais que várias casas de socorro são colocadas em prelo "umbral denso" para o socorro mais imediato daqueles que estão preparados para tanto, e novamente recorro a André Luiz que classifica o umbral não como um lugar de sofrimento, mas como um lugar onde vamos eliminar as energias densas que trazemos em nós.

Infelizmente, e isso também é da lei, trazemos junto com estas energias densas a consciência pesada, os vícios, a culpa, o remorso, o egoismo, a ira e várias outras situações que nos tornam mais "pesados" internamente, impedindo que nós sintonizemos com os espíritos socorristas que desejam nos auxiliar constantemente.

O Livro "memórias de um suicida" nos traz um relato espetacular sobre o resgate de sofredores no umbral e sobre a nossa participação ATIVA neste processo.

Ao final deste pequeno texto desejo apenas nos lembrar que "céu" e "inferno" são estados de consciência. Quantas pessoas verificamos todos os dias que estão felizes com suas vidas (mesmo não tendo uma quantidade enorme de dinheiro como muitos de nós deseja) e vivem "em um pedacinho de céu; enquanto tantas outras vivem encarceradas em seus sentimentos negativos e formam para sí mesmo uma vida "infernal", aqui mesmo na terra dos encarnados?

Tenhamos, pois, a certeza que as afinidades que se fizerem presentes em nosso desencarne serão áquelas que fizermos durante nossa encarnação. Por isso sigamos ao exemplo maior e melhor que recebemos, tentando angariar valores melhores hoje que ontem. Lembrando as palavras de jesus "ajuntai tesouros no céu, pois onde estiver o teu tesouro alí estará teu coração."

Não tenhamos medo, porém nos esforcemos no melhor.

Um comentário:

  1. Olá, João!

    Ótimo artigo, muito esclarecedor. Demonstra bem que, para nós encarnados, temer o umbral seria o mesmo que um peixe temer a água. O que nos cabe escolher é se neste oceano seremos tubarões, golfinhos ou simples peixes ornamenatais.

    Como havia lhe dito, a alegria de participar do blog como colaborador é bem maior do que como editor. Ver o blog ganhando vida é muito gratificante.

    Sugiro apenas que assine seus artigos, para faciliar a referência.

    Aquele abraço!

    Ramon de Andrade
    raesa@ig.com.br
    Palmares-PE

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