quarta-feira, 17 de abril de 2013

Falsos Profetas

"Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios*, e aumentam as franjas dos seus mantos; gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: mestre. Vós, porém, não queirais ser chamados mestre; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo. Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo. Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado."
Mateus, capítulo 23
 

 
OS FALSOS PROFETAS

Um homem, indiano, buscava com determinação seu crescimento espiritual. No entanto, pela segunda vez havia caído nas garras dos falsos profetas. Ele acreditou cegamente nos falsos mentores e teve grandes decepções.

Mais uma vez, resolveu procurar um guru a quem diziam ser um mestre autêntico, e não um falso profeta. Procurou este homem, que vivia na beira do rio Ganges, na Índia. Apresentou-se e começou a conversar com ele. Disse que queria muito encontrar um mestre de verdade e não um oportunista ou aproveitador. Então perguntou:

- Mestre, muitos dizem que o senhor tem grande conhecimento a respeito dos homens santos e dos líderes espirituais. Seria possível o senhor me dizer como podemos identificar os chamados falsos profetas?

- Sim, respondeu o mestre. Na maioria das vezes é uma tarefa difícil conseguir identificar os falsos profetas, pois seu discurso pode ser muito semelhante aos mestres autênticos. Porém, existem algumas orientações gerais a esse respeito, que todos deveriam considerar.

- Que orientações são estas, senhor? Perguntou o homem.

- Em primeiro lugar, você jamais deve perder de vista que o único mestre a que devemos seguir com toda nossa dedicação é o nosso mestre interior. O mestre externo nada mais é do que um canal para a expressão do seu mestre interno. O mestre externo funciona tal como um espelho que visa refletir a sabedoria que já existe latente em teu próprio interior.

- Acho que entendi mestre, e o que mais?

- Além desta, existem sete orientações gerais que podem ajudar qualquer pessoa a reconhecer ou identificar um falso profeta.

- A primeira orientação, e talvez a mais importante, é procurar perceber se o mestre ou líder religioso coloca sua própria personalidade em destaque. Os falsos profetas sempre colocam seu ego acima da sabedoria da mensagem que propagam. O mestre autêntico expõe sempre o ensinamento em primeiro plano, e seu ego fica sempre em segundo plano, ou quase não aparece. Os falsos mestres sempre desejam o culto ao ego.

- Entendi mestre, respondeu o homem. E a segunda orientação?

- A segunda orientação diz respeito a imposição de dogmas e ao livre pensamento. Um falso mestre sempre dirá que você deve aceitar as verdades que ele ensina de forma cega e total. Seu livre pensamento não é respeitado, e você precisará adotar a fé cega, sem que possa refletir sobre o dogma imposto.

- Verdade mestre, e a terceira orientação?

- A terceira orientação diz respeito ao ensinamento e sua prática. Os falsos mestres sempre ensinam uma coisa, mas na praticam fazem outra coisa. Seus atos não correspondem aos seus ensinamentos. Eles pregam grandes verdades, mas quase não as praticam. Um mestre autêntico ensina mais pelo exemplo, pela sua história de vida, do que meramente por palavras. Uma vida de pureza e virtudes é o melhor tratado de sabedoria que uma pessoa pode "escrever" e deixar registrado para as gerações futuras.

- A quarta orientação aborda sobre o respeito ao livre arbítrio do fiel ou seguidor. Um falso profeta, sempre que puder, dirá ao fiel o que ele deve fazer em sua vida. Um mestre autêntico apenas orienta e deixa o seguidor refletir e ele mesmo escolher como agir. Os falsos profetas gostam muito de controlar os seguidores, e uma das melhores formas para isso é sempre dizer a eles o que fazer e como se comportar. Mas a escolha do seguidor deve sempre ser respeitada, pois o fiel é quem deverá colher os frutos das boas ou más ações que praticar. Embora possam receber orientações e recomendações, cabe apenas a própria pessoa decidir quais serão suas ações no mundo.

O homem ouvia atentamente as palavras do guru. Este continua:

- A quinta orientação diz respeito à dependência e a independência. Os falsos profetas desejam sempre que seus seguidores dependam dele. Nenhum mestre deve criar uma relação de dependência entre ele e seu seguidor. O mestre verdadeiro deseja que o fiel se torne independente do próprio mestre, e num futuro breve possa guiar sozinho a sua vida e seu caminho espiritual. Um motorista jamais aprenderia a dirigir se o professor sempre guiasse o veículo. O mestre ajuda o discípulo para que futuramente o discípulo não mais precise de ajuda. Apenas os falsos mestres querem manter seus discípulos dependentes dele, pois essa é uma excelente forma de dominação.

- A sexta orientação versa sobre a ilusão da exclusividade de um conhecimento. Os falsos profetas sempre dirão aos seguidores que eles (os supostos mestres) são os únicos detentores de uma verdade, e que apenas eles ou a doutrina que eles pregam podem conduzir os fiéis à verdade ou a Deus. Desconfie sempre dos falsos profetas que afirmam serem os únicos canais de um conhecimento, e que aquela sabedoria é exclusividade de uma pessoa ou um grupo.

- E finalmente a sétima e última orientação, que fala sobre a responsabilidade e a culpabilização. Os falsos profetas quase sempre colocam a culpa do sofrimento do fiel em algo externo a ele, sejam demônios, entidades, família, sociedade, etc. O mestre verdadeiro sempre coloca a responsabilidade de tudo o que ocorre com o seguidor nele mesmo. Em última instância, somos responsáveis pelo céu ou o inferno que vivemos, que nada mais é do que uma criação nossa. É verdade que existem milhares de influências neste mundo, mas a forma como nós encaramos ou enfrentamos as adversidades depende de nós mesmos. Portanto, tudo o que nos acontece tem a nossa participação ativa, mesmo que não tenhamos consciência das causas. Estas são as orientações gerais para não se deixar levar pelos falsos profetas. Quem medita nestes pontos, dificilmente será enganado.

Autor:
Hugo Lapa

Contribuição:
João Batista Sobrinho
www.bomespirito.com
 
(*) Filactérios: No judaísmo, par de pequenas caixas de couro usadas ritualmente, amarradas ao braço e à testa por correias, também de couro, e que contêm trechos das Escrituras.

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