domingo, 1 de maio de 2011

Corpo Mental

"Não temais os que matam o corpo (1), e não podem matar a alma (2); temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo (3)."
Jesus (Mateus, 10:28)
 

 
Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?
"Há o laço que liga a alma ao corpo."

De que natureza é esse laço?
"Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente."

O homem é, portanto, formado de três partes essenciais: 1) o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2) a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação; 3) o princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tal, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.
 
O Livro dos Espíritos
Questão 135
Paris, 1857




É possível deixar o próprio corpo e até assumir outro
Redação do Diário da Saúde
22/02/2011

Experiências fora do corpo
 
Deixe o seu corpo, aperte sua própria mão ou até mesmo mude para um corpo robótico por um tempo.
 
O neurocientista sueco Henrik Ehrsson chefia uma das equipes que está demonstrando que tudo isso é possível porque a imagem que o cérebro tem do corpo é, por assim, dizer, negociável.
 
Ele foi um dos apresentadores de uma seção sobre o assunto na reunião da Sociedade Americana para o Progresso da Ciência, que está acontecendo nos Estados Unidos nesta semana.
 
O desenvolvimento desse campo de pesquisas deverá permitir desde o desenvolvimento de novas próteses sensíveis ao toque e próteses comandadas pelo pensamento, até melhores robôs e mundos virtuais mais convincentes.
 
Percepção do próprio corpo
 
As descobertas vêm do estudo de questões aparentemente simples: Como o cérebro realmente identifica o corpo a que pertence? E por que nós sentimos o centro da nossa consciência como estando localizado dentro de um corpo físico?
 
Em uma série de experimentos realizados no Instituto Karolinska, Ehrsson e seus colegas demonstraram que a percepção que o cérebro tem do corpo no qual ele está embarcado pode alterar-se consideravelmente.
 
Manipulando os diferentes sentidos de forma coordenada, os pesquisadores fizeram com que os voluntários sentissem que seu corpo repentinamente incluía membros artificiais e até mesmo que haviam saído inteiramente do seu corpo e entrado em outro.
 
"Ao esclarecer como o cérebro normal produz um sentimento de posse do corpo, podemos aprender a projetar essa propriedade em organismos artificiais e organismos virtuais simulados, e até mesmo fazer duas pessoas experimentarem a troca de corpos entre si," disse Ehrsson em sua apresentação.
 
Relação entre corpo e mente
 
A pesquisa aborda questões fundamentais sobre a relação entre mente e corpo, que têm sido tema de discussões teológicas, filosóficas e psicológicas ao longo de séculos, mas que só recentemente começaram a ser objeto de estudos experimentais acadêmicos.
 
A chave para resolver o problema, segundo os pesquisadores, é identificar os mecanismos multissensoriais através dos quais o sistema nervoso central distingue entre os sinais sensoriais do próprio corpo e os sinais do meio ambiente.
 
A pesquisa pode ter implicações importantes em múltiplas áreas, como o desenvolvimento de próteses de mão com sensações mais próximas das mãos reais e uma nova geração de aplicações de realidade virtual, onde o sentido do self é projetado sobre "corpos virtuais" gerados por computador.
 
Teletransporte do self
 
Os cientistas estão agora estudando que tipo de corpo o cérebro pode ser levado a perceber como sendo o seu próprio.
 
O self pode, por exemplo, ser transferido para um corpo de outro sexo, idade e tamanho, mas não para objetos como blocos ou cadeiras.
 
Um projeto atualmente em curso, com potenciais aplicações em robótica, está analisando se o corpo percebido pode ser reduzido ao tamanho de uma boneca Barbie. Outro está estudando se o cérebro pode aceitar um corpo com membros adicionais.
 
"Isso poderia dar a pessoas paralisadas um terceiro braço protético, que eles perceberiam como sendo real", concluiu Ehrsson.

Fonte: DiarioDaSaude



Cérebro é mais do que uma máquina e se "liberta do corpo", diz cientista
Alex Sander Alcântara - Agência Fapesp
24/08/2009

O cérebro vai aos poucos se libertando do corpo, o "cérebro define a nossa percepção do que é o corpo que o abriga".
 
Nova era nas pesquisas sobre o cérebro
 
"Para entender o cérebro é preciso entender como funciona uma orquestra neural". Com essa imagem, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, abriu a conferência Just follow the music (Simplesmente siga a música) na 24ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), realizada em Águas de Lindoia, em São Paulo.
 
O neurocientista apresentou ao público as ideias que nortearam suas pesquisas sobre o cérebro, destacando que "não existe a ditadura do neurônio único. O que existe são circuitos". Essa ideia, conta, vem do psicólogo canadense Donald Hebb que, em 1949, publicou Organização do Comportamento, um dos livros "mais citados e menos lidos da neurociência".
 
"Como Hebb não tinha provas experimentais de suas teorias, a publicação não teve impacto imediato. Mas sua contribuição foi imensamente maior. Ele criou uma nova era sem que ninguém percebesse", apontou.
 
O cérebro não é simplesmente uma máquina
 
Segundo Nicolelis, durante mais de 100 anos o ponto de vista da neurociência foi o de mandar uma informação para o cérebro e tentar decodificar o que o cérebro fazia com aquela informação. Ou seja, a idéia era entender o funcionamento do cérebro de fora dele. Mandava-se um sinal (visual ou tático) e tentava-se decodificar o que ocorreu. "Mas esse ponto de vista está incompleto. É preciso entrar na perspectiva do cérebro para entendê-lo".
 
"Sob essa abordagem, o sinal que eu mandei e que para mim não tem significado, para você tem um significado já adquirido antes mesmo de olhar pra ele. Ou seja, o fato de que você sabe que vai olhar ou tocar alguma coisa, como a sua história pregressa dominou ou influenciou a definição da dinâmica do seu cérebro durante toda a sua vida, faz com que esse evento já tenha um significado para você antes mesmo que ele ocorra", explicou.
 
Em outras palavras, "o cérebro não é um agente passivo, não é um decodificador de informação, ele é um modelador de realidade".
 
O cérebro que se liberta do corpo
 
"O que eu estou tentando fazer na minha pesquisa é mudar o ponto de vista da neurofisiologia para dentro do cérebro e ver o mundo de lá para fora, em vez de fora para dentro. E quando fazemos isso, tudo muda, porque quando racionalizamos o cérebro em casinhas, mostramos nossa maneira cartesiana de ver o mundo. Mas o cérebro não evoluiu sobre esses preceitos, ele não evoluiu sobre a lógica das ciências humanas", disse o neurocientista, que se denomina um "relativista do cérebro".
 
Seu trabalho atesta a ideia de que o cérebro vai aos poucos se libertando do corpo, ou seja, a ideia segundo a qual o "cérebro define a nossa percepção do que é o corpo que o abriga".
 
O pesquisador brasileiro exemplifica com estudos feitos em seu laboratório com animais, como a macaca rhesus Aurora, que, posicionada diante de um videogame sem joystick, demonstrou destreza em um jogo mesmo sem usar as mãos, apenas com os impulsos emitidos pelo cérebro que controlaram um braço robótico.
 
"O cérebro tem o potencial de se libertar do corpo e é capaz de condicionar padrões corticais sem contração muscular. Aurora incorporou o braço robótico como uma parte do corpo, o que leva a crer que o cérebro pode simular o desejo motor em uma dinâmica espaço-temporal", afirmou.
 
Interface cérebro-máquina
 
Uma das hipóteses de trabalho considera que as funções do cérebro não são definidas por áreas corticais específicas, mas por interações distribuídas por múltiplas áreas corticais e subcorticais, que definem os comportamentos e as funções.
 
Nicolelis em seu trabalho de pesquisa pretende, além de explicar comportamentos motores e princípios de funcionamento dos circuitos neurais, que em breve essa interface cérebro-máquina possa ser "a base, o coração de algo chamado neuroprótese cortical que sirva para a restauração das funções motoras que sofreram algum tipo de lesão".
 
"Essa é uma possibilidade: restaurar um comportamento motor pela leitura da música cerebral", disse o cientista, que atualmente elabora um livro sobre o assunto para o público em geral.

Fonte: DiarioDaSaude

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