quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A responsabilidade do "irmão"

 


Acredito que a maioria das pessoas que acessam o blog ou que escutam minhas palestras já perceberam que quase nunca (99,99% das vezes) utilizo a expressão "meu irmão" ou "minha irmã".

Não que isso seja obrigatório dentro do espiritismo, nem que se faça regra de bem viver para as participações em palestras e seminários; tanto que normalmente utilizo a expressões "amigos" e "queridos amigos" com o mesmo sentido e sem prejuízo algum ao bom andamento dos trabalhos e da mensagem.

É de se lembrar ainda que na codificação espírita Allan Kardec também não utiliza estas expressões para com os espíritos, chamando-os de amigos ou pelo nome; e que estas expressões apenas foram incorporadas ao espiritismo mais tarde, pela adesão de pessoas das religiões tradicionais, notadamente aqui no Brasil.

Também não estou dizendo que nunca utilizo esta expressão, ou que nunca utilizarei; pelo contrário - existem determinadas pessoas a quem me refiro com muito carinho como "meu irmão" ou "minha irmã". Até porque o Espiritismo Cristão é a expressão viva da vivência do Cristo, que nos chamava a todos de irmãos e irmãs, nos demonstrando pelo exemplo a fraternidade universal que deve nortear os nossos passos.

Quando declaro que raramente utilizo estas expressões é simplesmente porque: não me sinto ainda(porque ainda sou cheio de defeitos)a altura de assumir o compromisso de chamar o próximo de irmão, sem realmente estar pronto para agir como se assim o fosse.


Porque, na minha opinião, é isso que significa chamar ao próximo de "meu irmão" - estar preparado para amar o próximo (qualquer próximo) incondicionalmente; e assim compreender, perdoar, dividir, respeitar, não mentir ou omitir, não denegrir sua imagem com maus comentários, etc.

Para mim esta palavra irmão está repleta de uma responsabilidade tão grande - e representa um compromisso tão intenso - que não me sinto preparado para utilizá-la.

Há algum tempo eu vinha querendo fazer um post sobre isso, mas somente me decidí em uma palestra recente de um grande e querido amigo; eu o abracei quando nos encontramos e disse "meu amigo..." e ele me retornou "meu irmão..." - na hora veio na minha cabeça este pensamento e a certeza que ele realmente estava sentindo aquela palavra, tenho segurança absoluta disso. E ví que, naquele caso, eu também poderia utilizar esta expressão sem medo. Foi muito bom constatar isso.

Eu sempre busco ser muito coerente no que falo; e procuro demonstrar nos meus atos as minhas palavras e pensamentos. Vejo a todos os momentos no nosso dia a dia, no nosso trabalho, na nossa família, na nossa religião - em diversos aspectos - as pessoas utilizando esta palavra tão pequena e simples "irmão"; mas que na maioria das vezes não atentam para o que ela realmente significa.

Ser irmão na carne já é um laço forte; ser irmão em Cristo é milhares de vezes mais forte; já imaginaram?

E mesmo assim vemos exemplos de pessoas de diversas religiões que falam "meu irmão" mas não agem ou pensam desta forma.

É isso que eu desejo evitar - esta hipocrisia de falar uma coisa, pensar outra, sentir nenhum das duas e seguir sem sinceridade no coração.

Seja nosso falar "sim, sim. Não, não" nos ensinou Jesus; para que não tivéssemos que nos preocupar com as considerações sobre nossa seriedade e nossa coerência.

Quando eu estiver pronto para chamar a todos de meus irmãos eu chamarei; por enquando vou utilizando apenas para os que eu já consigo e todos os outros serão meus amigos nos estudos e ensinamentos do Cristo.

Muita paz a todos.

João Batista Sobrinho
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