Nostradamus, 2012 e a febre do fim dos tempos
por Bruno Fiuza
02 de março de 2009
Conforme o ano de 2012 se aproxima, místicos do mundo inteiro correm atrás de pistas deixadas por civilizações e profetas do passado explicando como será o fim dos tempos. Embalado por essa febre, o History Channel decidiu preparar uma programação especial dedicada ao Juízo Final. A "Semana do Armageddon", que começa hoje e vai até o próximo sábado, dia 7, é um prato cheio para todos aqueles que já são fascinados pelo tema ou para os que querem entender por que, para alguns, a humanidade parece estar correndo rumo à linha de chegada.
Ao longo de toda a semana diversas teorias sobre o fim da vida no planeta serão apresentadas e analisadas, como o dos supostos códigos secretos contidos na Bíblia que revelariam detalhes sobre o apocalipse. A maratona, no entanto começa com a exibição, nessa segunda-feira, de um documentário que consegue reunir já no título duas das maiores vedetes do fim dos tempos: Nostradamus 2012. O programa de uma hora e meia de duração se propõe a mostrar como várias tradições proféticas de diversas culturas convergem para apontar o dia 21 de dezembro de 2012 como o último dia de nossas vidas. E mais: segundo o documentário, todos os sinais das civilizações antigas estariam respaldados pelo maior profeta de todos os tempos... o próprio Nostradamus!
Segundo os estudiosos ouvidos pelo History Channel, no dia 21 de dezembro de 2012 o sol nascerá alinhado com o centro da Via Láctea, um acontecimento astronômico único que só se repete a cada 26 mil anos. Tal evento seria acompanhado por uma onda de violentas transformações no planeta, que poderia levar à extinção da vida na Terra ou ao início de uma nova era para a humanidade, dependendo da interpretação.
Na verdade, a tese do alinhamento galáctico não é nenhuma novidade para os fãs do apocalipse. Ele estaria previsto no calendário maia, que se encerra justamente no dia 21 de dezembro de 2012. A grande novidade apresentada pelo documentário é a suposta sincronia entre as previsões dessa civilização pré-colombiana e as profecias de Nostradamus.
O suposto documento que prova a convergência entre as previsões dos maias e do profeta francês é uma série de sete desenhos que ilustram aquele que é apresentado como o "Livro perdido de Nostradamus". Segundo alguns pesquisadores ouvidos pelo History Channel, tais ilustrações fariam claras referências ao alinhamento galáctico previsto pelos maias.
O problema é que, como explicou a História Viva um dos entrevistados do documentário, esses desenhos provavelmente não foram feitos por Nostradamus. John Hogue, pesquisador independente das profecias do médico francês afirma que na época em que teria supostamente feito tais desenhos, Nostradamus já sofria de uma artrite aguda que o impedia até mesmo de escrever. Além disso, Hogue afirma que não há registros de que Nostradamus tenha desenhado durante sua vida. Diante de tais evidências, Hogue acredita que tais imagens sejam obra do filho de Nostradamus, César, que foi um bem-sucedido pintor de retratos.
A revelação feita por Hogue pode ser uma ducha de água fria para os amantes das profecias do fim do mundo, mas ele mesmo faz questão de esclarecer que o fato de não haver referências ao ano de 2012 na obra original de Nostradamus não diminui a importância do momento histórico em que vivemos.
Segundo ele, 2012 é uma data estritamente relacionada ao calendário maia, mas as profecias de Nostradamus mostram claramente que o planeta passa hoje por um período crucial de transformações. A única divergência de Hogue em relação aos outros pesquisadores ouvidos pelo programa é que, para ele, as grandes mudanças que já estamos vivendo fazem parte de um processo muito mais amplo que não se resume a uma data específica.
Hogue explica que, quando o sol passa de uma constelação para outra, inicia-se um novo ano cósmico de dois mil anos de duração. Segundo o pesquisador, nós acabamos de entrar em um novo ano cósmico, já que 2009 marca o início da era de aquário. Tal fato provaria que já estamos vivendo esse período de grandes transformações, marcado pelo fim de um ciclo e o início de outro.
Segundo Hogue, ao contrário do que muitos acreditam, 2012 não será o fim dos tempos, mas sim um novo passo decisivo em um amplo processo de mudanças que deverá se estender pelo menos ao longo dos próximos 36 anos. Apesar de discordar dos demais estudiosos do apocalipse em relação ao significado de 2012, Hogue está plenamente de acordo com os que vêem no atual momento histórico uma época de provação para a humanidade.
Assim como os demais entrevistados do documentário, Hogue acredita que a série de turbulências pelas quais o planeta está passando atualmente está longe de ser uma coincidência. E, aí sim, ele encontra amplo respaldo nas profecias de Nostradamus para mostrar que a convergência de aquecimento global, crise financeira mundial, multiplicação de guerras e tragédias naturais, instabilidade no abastecimento de alimentos e escassez de recursos naturais não é uma mera coincidência.
Segundo ele, o que as profecias de Nostradamus e de diversas outras culturas mostram é que a humanidade está diante de uma encruzilhada, que vai obrigar cada um de nós a fazer uma opção: seguir no mesmo caminho e caminhar de fato para a extinção da raça humana, ou começar a estabelecer desde já uma outra relação com a natureza, com nossos semelhantes e com o planeta em geral, capaz de inaugurar uma nova era de harmonia entre os povos. No fundo, toda a inquietação em torno do fim do mundo tem a ver com isso. E, por mais fantasioso que o documentário Nostradamus 2012 possa parecer em determinados momentos, ele possui a grande virtude de chacoalhar o telespectador com esse alerta incontornável.
Fonte: História Viva
REVOLUÇÕES DO GLOBO
Cataclismos futuros

14. Fisicamente, a Terra teve as convulsões da sua infância; entrou agora num período de relativa estabilidade: na do progresso pacífico, que se efetua pelo regular retorno dos mesmos fenômenos físicos e pelo concurso inteligente do homem. Está, porém, ainda, em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirá a causa das suas maiores comoções. Até que a Humanidade se haja avantajado suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela observância das leis divinas,
as maiores perturbações ainda serão causadas pelos homens, mais do que pela Natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas.
Allan Kardec
A Gênese
Capítulo IX
SINAIS PRECURSORES
57. Quando sucederão tais coisas? «Ninguém o sabe, diz Jesus, nem mesmo o Filho». Mas, quando chegar o momento, os homens serão advertidos por meio de sinais precursores. Esses indícios, porém, não estarão nem no Sol, nem nas estrelas; mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos mais de ordem moral do que físicos e que, em parte, se podem deduzir das suas alusões.
(...)
58. Será que, predizendo a sua segunda vinda, era o fim do mundo o que Jesus anunciava, dizendo: «Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim»?
Não é racional se suponha que Deus destrua o mundo precisamente quando ele entre no caminho do progresso moral, pela prática dos ensinos evangélicos. Nada, aliás, nas palavras do Cristo, indica uma destruição universal que, em tais condições, não se justificaria.
Devendo a prática geral do Evangelho determinar grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado do bem e acarretará a queda do mal. É, pois, o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo aludia, ao dizer: «Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim.» Esse fim, porém, para chegar, ocasionaria uma luta e é dessa luta que advirão os males por ele previstos.
(...)
60. Se considerarmos o estado atual do mundo físico e do mundo moral, as tendências, aspirações e pressentimentos das massas, a decadência das idéias antigas que em vão se debatem há um século contra as idéias novas, não poderemos duvidar de que uma nova ordem de coisas se prepara e que o mundo velho chega a seu termo.
Se, agora, levando em conta a forma alegórica de alguns quadros e perscrutando o sentido profundo das palavras de Jesus, compararmos a situação atual com os tempos por ele descritos, como assinaladores da era da renovação, não poderemos deixar de convir em que muitas das suas predições se estão presentemente realizando; donde a conclusão de que atingimos os tempos anunciados, o que confirmam, em todos os pontos do globo, os Espíritos que se manifestam.
(...)
63. Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por estas palavras sobre o juízo final: «Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda.» (Cap. XI, n 31 e os seguintes.)
(...)
JUÍZO FINAL
67. O juízo, pelo processo da emigração, conforme ficou explicado acima (nº 63), é racional; funda-se na mais rigorosa justiça, visto que conserva para o Espírito, eternamente, o seu livre-arbítrio; não constitui privilégio para ninguém; a todas as suas criaturas, sem exceção alguma, concede Deus igual liberdade de ação para progredirem; o próprio aniquilamento de um mundo, acarretando a destruição do corpo, nenhuma interrupção ocasionará à marcha progressiva do Espírito. Tais as conseqüências da pluralidade dos mundos e da pluralidade das existências.
Segundo essa interpretação, não é exata a qualificação de juízo final, pois que os Espíritos passam por análogas fieiras a cada renovação dos mundos por eles habitados, até que atinjam certo grau de perfeição. Não há, portanto, juízo final propriamente dito, mas juízos gerais em todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos, por efeito das quais se operam as grandes emigrações e imigrações de Espíritos.
(...)
Allan Kardec
A Gênese
Capítulo XVII
A NOVA GERAÇÃO
27. (...) A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.
Allan Kardec
A Gênese
Capítulo XVIII