sábado, 9 de dezembro de 2017

Novo Fim


"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

Francisco do Espírito Santo

Nota: Trecho de uma mensagem, ditada por Hammed, que terá sido recebida pelo médium Francisco do Espírito Santo. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Chico Xavier e Bob Marley.



SOBRE AS EXISTÊNCIAS PASSADAS E VINDOURAS


- Podem os Espíritos dar-nos a conhecer as nossas existências passadas?


"Deus algumas vezes permite que elas vos sejam reveladas, conforme o objetivo. Se for para vossa edificação e instrução, as revelações serão verdadeiras e, nesse caso, feitas quase sempre espontaneamente e de modo inteiramente imprevisto. Ele, porém, não o permite nunca para satisfação de vã curiosidade."

- Por que é que alguns Espíritos nunca se recusam a fazer esta espécie de revelações?


"São Espíritos brincalhões, que se divertem à vossa custa. Em geral, deveis considerar falsas, ou, pelo menos, suspeitas, todas as revelações desta natureza que não tenham um fim eminentemente sério e útil. Aos Espíritos zombeteiros apraz lisonjear o amor-próprio, por meio de pretendidas origens. Há médiuns e crentes que aceitam como boa moeda o que lhes é dito a esse respeito e que não veem que o estado atual de seus Espíritos em nada justifica a categoria que pretendem ter ocupado. Vaidadezinha que serve de divertimento aos Espíritos brincalhões, tanto quanto para os homens. Fora mais lógico e mais consentâneo com a marcha progressiva dos seres que tais pessoas houvessem subido, em vez de terem descido, o que, sem dúvida, lhes seria mais honroso. Para que se pudesse dar crédito a essa espécie de revelações, necessário seria que fossem feitas espontaneamente, por diversos médiuns estranhos uns aos outros e ao que anteriormente já fora revelado. Então, sim, razão evidente haveria para crer-se." 

- Assim como não podemos conhecer a nossa individualidade anterior, segue-se que também nada podemos saber do gênero de existência que tivemos, da posição social que ocupamos, das virtudes e dos defeitos que em nós predominaram?


"Não, isso pode ser revelado, porque dessas revelações podeis tirar proveito para vos melhorardes. Aliás, estudando o vosso presente, podeis vós mesmos deduzir o vosso passado."

- Alguma coisa nos pode ser revelada sobre as nossas existências futuras?


"Não; tudo o que a tal respeito vos disserem alguns Espíritos não passará de gracejo e isso se compreende: a vossa existência futura não pode ser de antemão determinada, pois que será conforme a preparardes pelo vosso proceder na Terra e pelas resoluções que tomardes quando fordes Espíritos. Quanto menos tiverdes que expiar tanto mais ditosa será ela. Saber, porém, onde e como transcorrerá essa existência, repetimo-lo, é impossível, salvo o caso especial e raro dos Espíritos que só estão na Terra para desempenhar uma missão importante, porque então o caminho se lhes acha, de certo modo, traçado previamente."

O Livro dos Médiuns
Segunda parte - Das manifestações espíritas
Capítulo XXVI – Das perguntas que se podem fazer aos Espíritos.
Item 290

Fonte: Kardecpedia



Regressão da memória

Se fomos trazidos à Terra para esquecer o nosso passado, valorizar o presente e preparar em nosso benefício o futuro melhor, por que provocar a regressão da memória de que fomos ou fizemos, simplesmente por questões de curiosidade vazia, ou buscar aqueles que foram nossos companheiros, a fim de regressar aos desequilíbrios que hoje resgatamos?

A nossa própria existência atual nos apresentará as tarefas e provas que, em si, são recapitulação de nosso passado em nossas diversas vidas, ou mesmo, somente de nossa passagem última na Terra fixada no mundo físico, curso de regeneração em que estamos integrados nas chamadas provações de cada dia.

Por que efetuar a regressão da memória, unicamente para chorar a lembrança dos pretéritos episódios infelizes, ou exibirmos grandeza ilusória em situações que, por simples desejo de leviana retomada de acontecimentos, fomos protagonistas, se já sabemos, especialmente com Allan Kardec, que estamos eliminando gradativamente as nossas imperfeições naturais ou apagando o brilho falso de tantos descaminhos que apenas nos induzirão a erros que não mais desejamos repetir?

Sejamos sinceros e lancemos um olhar para nossas tendências.

Emmanuel

Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em sua casa, em Uberaba, Minas Gerais, no dia 30 de julho de 1991.
Fonte: "O Espírita Mineiro", número 219, setembro/outubro de 1991.
Esta mensagem foi publicada originalmente em 19-03-1993 pela editora CEU e é a 18ª lição do livro "Esperança e luz"

Chico Xavier, Mandato de amor
Autores diversos
3ª Parte, Capítulo 10


domingo, 22 de outubro de 2017

Vaidade Estratosférica

"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma."
Eclesiastes 9:10

"E  outro  de  seus  discípulos  lhe  disse: Senhor,  permite-me  ir  primeiro  sepultar  meu pai.  Jesus,  porém,  respondeu-lhe:  Segue-me,  e deixa  os  mortos  sepultar  os  seus  próprios mortos."
Mateus, 8:21-22

COMEMORAÇÃO  DOS  MORTOS. FUNERAIS.

A alma que volta à vida espiritual é sensível às honras que tributam aos seus despojos mortais?

Quando o Espírito já chegou a um certo grau de perfeição, não tem mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Sabei, porém, que freqüentemente há Espíritos que, no primeiro momento da morte, gozam de grande satisfação com as honras que lhes tributam, ou se desgostam com o abandono a que lançam o seu envoltório, pois conservam ainda alguns preconceitos deste mundo.

IGUALDADE  PERANTE  O  TÚMULO

Donde nasce o desejo que o homem sente de perpetuar sua memória por meio de monumentos fúnebres?

Último ato de orgulho.

Mas a suntuosidade dos monumentos fúnebres não é  antes devida, as mais das vezes, aos parentes do defunto, que lhe querem honrar a memória, do que ao próprio defunto?

Orgulho dos parentes, desejosos de se glorificarem a si mesmos. Oh! sim, nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações. Elas são feitas por amor-próprio e para o mundo, bem como por ostentação de riqueza. Supões, porventura, que a lembrança de um ser querido dure menos no  coração do pobre, que não lhe pode colocar sobre o túmulo senão uma singela flor? Supões que o mármore salva do esquecimento aquele que na Terra foi inútil?

Reprovais então, de modo absoluto, a pompa dos funerais?

"Não; quando se tenha em vista honrar a memória de um homem de bem, é justo e de bom exemplo."

O túmulo é o ponto de reunião de todos os homens. Aí terminam inelutavelmente todas as distinções humanas. Em vão tenta o rico perpetuar a sua memória, mandando erigir faustosos monumentos. O tempo os destruirá, como lhe consumirá o corpo. Assim o quer a Natureza. Menos perecível do que o seu túmulo será a lembrança de suas ações boas e más. A pompa dos funerais não o limpará das suas torpezas, nem o fará subir um degrau que seja na hierarquia espiritual.

O Livro dos Espíritos
Questões 326, 823 e 824
Paris, 1857
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Companhia promete espalhar cinzas de entes queridos no espaço

Leticia Fuentes
12/10/2017

As cinzas não serão lançadas exatamente no espaço, pois ainda estariam dentro da atmosfera terrestre — mas estariam em uma região de fronteira

Que tal ter suas cinzas ou de seus entes queridos espalhadas no espaço? Agora isso pode ser possível. Por apenas 795 libras esterlinas (3.339 reais), a companhia britânica Ascension promete realizar um funeral espacial memorável. Na verdade, a proposta não é exatamente levar as cinzas ao espaço propriamente dito – os restos seriam colocados em um balão estratosférico e espalhados a uma altitude pouco maior do que 30 quilômetros, ou seja, ainda dentro da atmosfera terrestre. Mas o objetivo prometido pela empresa, de oferecer um último presente para celebrar a vida do homenageado, ainda é mantido.

"Neste lugar de paz e serenidade", descreve a companhia em seu site, "as cinzas são espalhadas e levadas a uma jornada final ao redor do mundo nos ventos da estratosfera". Espalhar as cinzas no limite entre a atmosfera e o espaço, e não um pouco mais para cima, pode parecer propaganda enganosa, mas é a escolha mais sensata. Se as partículas das cinzas fossem lançadas além da estratosfera, poderiam danificar os satélites que estão na órbita da Terra. Além disso, por estarem ainda dentro da atmosfera terrestre, os restos devem retornar à superfície do planeta, podendo precipitar na forma de chuva, flocos de neve, ou simplesmente cair na forma de partículas.

A empresa diz que a urna em que as cinzas serão levadas ao espaço também deve retornar à Terra, trazendo uma parte dos restos para que os familiares guardem de recordação. Interessados também podem obter um vídeo da cerimônia.

https://www.msn.com/pt-br/noticias/ciencia-e-tecnologia/companhia-promete-espalhar-cinzas-de-entes-queridos-no-espaço/ar-AAtjj66?ocid=NL_PTBR_A2_OM2-PID88008

sábado, 30 de setembro de 2017

Poder Eficaz

"(...) até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. (...) Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;  assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos."
Jesus (Mateus, 11:12, 20:25-28)
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Poses de poder não funcionam, concluem psicólogos

Parece que nenhuma pose especialmente pensada vai fazer você parecer o que não é.

Postura que aparenta poder

Cientistas norte-americanos ficaram famosos há algum tempo ao publicar um estudo no qual eles concluíram que fazer uma "pose de poder" pode melhorar a vida das pessoas e trazer-lhes resultados reais.

Liderado por Dana Carney (Universidade da Califórnia em Berkeley) e Amy Cuddy (Universidade de Harvard), o estudo original sugeria que essas poses aumentariam a chance de se alcançar sucesso na vida, especialmente se você é "cronicamente impotente por falta de recursos, de baixo nível hierárquico ou membro de um grupo de baixo poder social."

A apresentação do trabalho tornou-se a segunda palestra TED mais assistida de todos os tempos.

Outros pesquisadores, porém, lançaram dúvidas sobre a ciência por trás da afirmação da equipe.

Resultados não apareceram

Uma revista científica chamada Comprehensive Results in Social Psychology (Resultados Amplos em Psicologia Social), acaba de publicar um conjunto de sete estudos, todos os quais tentaram - sem sucesso - replicar os efeitos que a equipe de Berkeley havia dito ter obtido sem seus experimentos com a pose do poder.

Em outras palavras, nenhum dos estudos mostrou efeitos positivos de se fazer uma pose que dê a aparência de poder sobre qualquer medida cognitiva ou comportamental - por exemplo, o quão bem a pessoa se sai em uma entrevista de emprego mostrando-se "posudo".

"Esta nova evidência junta-se a um corpo de pesquisa já existente questionando a alegação dos defensores da pose de poder sugerindo que tornar seu corpo mais fisicamente expansivo - como ficar com as pernas espalhadas e suas mãos em seus quadris - poderia lhe dar mais chances de ter sucesso na vida," resumiu o professor Joseph Cesario, da Universidade Estadual de Michigan (EUA).

"Atualmente, há poucas razões para continuar a acreditar fortemente que manter essas poses expansivas afetará significativamente a vida das pessoas, especialmente a vida das pessoas de baixo status ou sem poder," acrescentou ele.

Todos os estudos agora publicados foram revisados pela professora Dana Carney, uma das autoras da pesquisa da pose de poder original, não tendo sido encontrados vieses que questionassem a validade dos resultados.

Autoilusão

A alegação do estudo original é que assumir uma postura que demonstre autoconfiança, mesmo quando não nos sentimos confiantes, aumentaria esses sentimentos de confiança e teria um impacto sobre a própria chance de sucesso - como em uma entrevista de emprego.

As novas pesquisas não conseguiram chegar a essa mesma conclusão, embora tenham verificado que assumir uma postura corporal expansiva de fato faz com que as pessoas se sintam mais poderosas - mas o efeito acaba bem aí, não se traduzindo em nenhum ganho real.

"Sentir-se poderoso pode ser uma sensação boa, mas só isso não se traduz em comportamentos poderosos ou comportamentos efetivos," disse Cesario. "Estes novos estudos, com mais participantes totais do que quase todos os outros estudos sobre o tema, mostram - inequivocamente - que poses de poder não têm efeitos em nenhuma medida comportamental ou cognitiva".

Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=poses-de-poder-nao-funcionam

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O Líder Servidor

"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração;
e achareis descanso para as vossas almas."
Jesus (Mateus, 11:29)


"Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse:
Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;
assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir,
e para dar a sua vida em resgate de muitos."
Mateus, 19:25-28




A humildade ainda é uma chave que abre muitas portas
Marc Tawil

Publicado em 11 de setembro de 2017




Líderes que "não se misturam", que se trancam em aquários ou descem em elevadores separados (sim, há isso também) ainda existem, mas estão com os dias contados. Em minhas muitas andanças por aí, entre grande e pequenos escritórios, indústrias e startups, venho notando entre os cabeças do novo mundo – ou os novos cabeças do mundo velho – uma característica semelhante e bem-vinda: a humildade.

Colocada de lado por décadas no mercado de trabalho por soar como uma virtude menor ou "pouco afeita aos vencedores", a humildade é um dos poucos valores – ou talvez o único valor – capaz de colocar todos os atores desse imenso teatro que é a vida na mesma página.

E estar na mesma página, aqui, não significam salários equiparados, graus de escolaridade e oportunidades iguais. Significa apenas despirmo-nos de nossas armaduras para lidarmos de "humanos para humanos".

É desejável que a humildade esteja presente em todos os níveis. Na liderança, entretanto, ela contribui mais.

Dirigentes genuinamente humildes são modestos ao reconhecer seus erros e têm uma visão holística dos problemas. Envolvem mais as equipes, defendem o coletivo e não precisam se esconder atrás de estereótipos como "super educado/simpático/modesto".

Outra característica comum aos humildes é um raro senso de pertencimento, difícil de encontrar entre os orgulhosos.

Líderes vaidosos e autocentrados afugentam a confiança e a empatia de talentos preciosos, fazendo, portanto, suas empresas perderem no médio e no longo prazo.

A humildade é inata, mas pode ser desenvolvida. Reconhecer as próprias falhas, compartilhar seus obstáculos e falar abertamente sobre erros e acertos gera um sentimento de identificação poderoso.

Conversar, em vez de rebater, analisar em vez de criticar, e saber escutar ativamente colaboram para esse processo.

Nem sempre a nossa visão é a mais cristalina.

Admitir que não possuímos todas as respostas, acredite, soa mais transparente, verdadeiro e bonito.

Fonte: LikedIn


Marc Tawil
Jornalista, radialista e escritor. Nº1 Top Voices LikedIn. Dirijo a Tawil Comunicação, agência de comunicação corporativa que fundei em 2010, em São Paulo. Sou vice-coordenador da Comissão de Comunicação & Marketing da Câmara de Comércio França-Brasil, conselheiro deliberativo do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, conselheiro consultivo do Grupo Comunique-se e conselheiro consultivo do Adus | Instituto de Reintegração do Refugiado. Sou colunista dos portais Transformação Digital e Comunique-se e editor-chefe do Plikko. Desde agosto, respondo como o 1º Embaixador Corporativo do Cabify Empresas no Brasil.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O Evangelho nos dias de hoje...

O Evangelho nos dias de hoje...

"E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre a Samaria e a Galiléia. Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe, e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano. Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão?  Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou."

Troca de Plantão

Jesus Cristo resolveu voltar a Terra e decidiu vir vestido de médico!

Procurou um lugar para descer e escolheu, no Brasil, um Posto de Saúde do SUS.

Viu um médico trabalhando há muitas horas e morrendo de cansaço.

Jesus entrou, de jaleco, passando pela fila de pacientes no corredor, até atingir o consultório médico.

Os pacientes viram e falaram:

- "Olha aí, vai trocar o plantão"!

Jesus Cristo entrou na sala e falou para o colega que ele poderia ir embora, pois ele iria continuar o seu trabalho.

E, Jesus todo resoluto, gritou:

- "O PRÓXIMO!!!"

Entrou no consultório, um homem paraplégico em sua cadeira de rodas.

Jesus Cristo levantou- se, olhou para o aleijado e, com a palma da mão direita sobre sua cabeça disse:

- "LEVANTA-TE E ANDA!"

O homem levantou-se, andou e saiu do consultório empurrando a própria cadeira de rodas.

Quando chegou ao corredor, o próximo da fila perguntou:

- "E aí, como é esse doutor novo?"

Ele respondeu:

"Igualzinho aos outros... Nem examina a gente!"

domingo, 23 de abril de 2017

Charco Divino


Na primeira leitura que fiz de o Livro dos Médiuns, impressionou-me o modo indelicado como o espírito de Santo Afonso de Liguori, ao descrever o fenômeno da bicorporeidade, referiu-se ao corpo físico, que definiu como matéria imunda.

Mesmo sabendo tratar-se de prisão temporária para o Espírito, como bem nos esclarece o Espiritismo, pareceu-me naquele momento um gesto de ingratidão com este singelo uniforme de uso obrigatório aos que se matriculam na escola da Terra.   

Mais recentemente, porém, ao me deparar com relato em que Chico Xavier registra impressão semelhante de seu próprio corpo, compreendi que a repulsa não se deve a menosprezo do espírito em relação a este valioso instrumento, mas sim ao impacto que sua baixa densidade vibratória necessariamente causa em certos espíritos, já bem adiantados na estrada do progresso moral.

Para nós, por exemplo, seria o equivalente a mergulhar na lama, após um banho revigorante nos deixar asseados, bem vestidos e perfumados.

E assim como na Terra a lama tem propriedades cosméticas, depurativas, a analogia parece se estender a nós, espíritos, que necessitamos deste hidratante natural para cicatrizar as feridas da alma.

Seguem as passagens mencionadas, para nossa reflexão.

Ramon de Andrade
Palmares, PE
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O Livro dos Médiuns
Capítulo VII
Da bicorporeidade e da transfiguração

Santo Afonso de Liguori foi canonizado antes do tempo prescrito, por se haver mostrado simultaneamente em dois sítios diversos, o que passou por milagre.

Por nós evocado e interrogado, acerca do fato acima, Santo Afonso respondeu do seguinte modo:

Poderias explicar-nos esse fenômeno?

"Perfeitamente. Quando o homem, por suas virtudes, chegou a desmaterializar-se completamente; quando conseguiu elevar sua alma para Deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o Espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, pode pedir a Deus lhe seja permitido transportar-se a um lugar qualquer. Seu Espírito, ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, acompanhado de uma parte do seu perispírito, e deixa a matéria imunda num estado próximo do da morte. Digo próximo do da morte, porque no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, laço este que não pode ser definido. O corpo aparece, então, no lugar desejado. Creio ser isto o que queres saber."
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Chico Xavier - Mandato de amor
Autores diversos
1ª Parte
Os livros do Dr. Inácio Ferreira

Depoimento do médium Francisco Cândido Xavier, em 12.01.1990.

Recentemente, ocorreu-me um fato muito interessante.

Eu estava em meu quarto de dormir, ressonando, quando alguém se aproximou rapidamente. A princípio, assustei-me, mas qual não foi minha agradável surpresa ao reconhecer a figura inconfundível de Dr. Inácio Ferreira! Assim, fui logo exclamando:

Dr. Inácio, é o senhor mesmo, meu bom Deus! Que alegria revê-lo! — quase chegando às lágrimas por reconhecer o estimado confrade. Ele encontrava-se tal qual acostumamo-nos a vê-lo aqui, em Uberaba. O mesmo traje branco, o mesmo jeito. — Dr. Inácio, conte-me algo sobre sua passagem. Estou curioso por ouvir do senhor o relato sobre o reencontro com os nossos amigos da outra vida! Quantos dos nossos o senhor já reviu? Quero saber tim tim por tim tim!

Ao que ele retrucou:

— "Ah, Chico, meu caro, não há tempo para isso. Vim aqui para pedir-lhe o favor de uma providência que não deve fazer-se esperar. Ademais, tenho visto tanta gente que, se fôssemos conversar sobre isto, passaríamos dias na prosa. E você sabe como é, Chico, eu poderia esquecer de mencionar alguém, tantos são os amigos! De forma que, ao menos por enquanto, não nos aventuraremos por este terreno. Mas vamos logo ao assunto que me trouxe aqui. Chico,… nós dois vamos até minha casa. Você precisa me acompanhar até lá para podermos conversar com Maria Aparecida".

Mas, Dr. Inácio, o senhor deve estar doido! Eu não posso sair a estas horas da noite! O meu corpo está exausto, o senhor deve estar a par de minha peleja e os médicos me recomendaram repouso! Como é que eu sairia na rua tarde da noite? Além disso, sua casa é por demais distante, do outro lado da cidade!!! — disse-lhe.

— "Chico, não se preocupe com isso, porque você estará sob os nossos cuidados. O fato é que nós devemos ir andando até lá. No trajeto, eu lhe digo o porquê. Vamos, Chico, dê-me o braço".

Ao apoiar-me em Dr. Inácio, senti-me leve como pluma. O corpo já não mais me pesava. Uma força levemente eletrizante animou-me, a ponto de sentir-me plenamente disposto para a caminhada. Foi aí que reparei na beleza de Dr. Inácio. Por todo o seu corpo, vi pequenas irradiações brilhantes, que fizeram-me compreender que ele já havia alcançado o estágio de auto-luminosidade. Ante meu espanto natural, retrucou:

— "Chico, não temos tempo para conversas! O trabalho nos espera. Vamos andando!"

Súbito, começamos a andar celeremente, tomando a calçada. À medida que caminhávamos, mais rápido íamos, de maneira que deslizávamos a meio palmo do chão. Vocês não imaginam o quanto dista a residência de Dr. Inácio de minha casa e, em questão de poucos minutos, havíamos atravessado toda Uberaba e já nos aproximávamos do lugar.

E se alguém me vir andando assim, na rua, Dr. Inácio, altas horas da madrugada! — exclamei.

— "Não se preocupe, Chico. Ninguém nos verá".

Mas, meu Deus! O que é que D. Maria Aparecida vai pensar de mim? Isto não é hora para visitas, Dr. Inácio!

— "Você precisa conversar com ela, Chico. Ela já deve estar desperta pelos amigos espirituais".

A esta altura, já estávamos diante da porta de entrada da casa de Dr. Inácio. O silêncio dominava a madrugada. Eu estava aflito pela possibilidade de importunar D. Maria Aparecida, àquela hora. Dr. Inácio parou em frente à porta e disse-me:

— "Chico, você fique aqui e aperte a campainha".

Mas o que é isso, Dr. Inácio? D. Maria Aparecida vai achar que estou ficando doido, parado aqui, tocando a campainha tão tarde da noite!

— "Chico, não se preocupe que ela já deve estar de pé. Infelizmente, minha condição perispiritual ainda não me permite atuar diretamente sobre os metais, de forma que não posso abrir a fechadura para você. Por favor, me espere aqui fora, enquanto tentarei forçar a parte de madeira da porta, a fim de ajudar a abri-la. Toque a campainha, que Maria Aparecida atenderá ao chamado".

Assim foi feito. E segundos mais tarde, D. Maria Aparecida abriu a porta, um pouco espantada com o inusitado da visita, pois, afinal, era a primeira vez que eu ia até lá.

Gentilmente, convidou-me a entrar. Sentamo-nos na sala, falamos sobre a recente partida de Dr. Inácio, cuja presença ela não percebia. As lágrimas nos tomaram muitos minutos de saudade e ouvi, com muita atenção e carinho, os lamentos de profundo pesar da estimada irmã.

Passados alguns instantes, disse-lhe, pausadamente, de acordo com as instruções recebidas de Dr. Inácio:

O que eu tenho a lhe informar, D. Maria Aparecida, é que Dr. Inácio está presente, a pedir-lhe paciência. Pede-me para dizer-lhe que a vida continua e que ele está firme nos propósitos de servir, junto ao Sanatório. Dr. Inácio continua à frente dos trabalhos, com planos para o futuro. A senhora me perdoe se lhe disser algo menos cortês, mas é que ele está me pedindo para dizer-lhe que, por amor a Deus, não doe os livros de sua biblioteca.

Um tanto quanto espantada, D. Maria Aparecida respondeu:

Mas, Chico, eu não dispus de livro algum! Não tenho doado livro nenhum de Inácio.

— "Chico — insistiu ele — ela tem dado meus livros e provavelmente está encobrindo o fato porque o fez com grande carinho. Diga a ela que ainda preciso muito de minha biblioteca e quero conservá-la aqui em casa até o dia em que o Sanatório estiver preparado para recebê-la, numa nova e arejada sala. Conte a ela, Chico, que após a desencarnação, continuei trabalhando muito pelo Sanatório. Não tenho tido tempo ainda para conhecer outras esferas de trabalho. Diga a ela que, em meus momentos de descanso, este é o pouso bendito que busco para rever os velhos assuntos, a meditar na bondade divina. Eu preciso de meus livros, Chico!"

Aos poucos, D. Maria Aparecida foi percebendo a presença do antigo companheiro. Entre um e outro esclarecimento, que Dr. Inácio fazia-me dar, ela finalmente considerou, surpresa:

Mas, Chico, somente eu poderia saber disto! Como é que você pode estar me contando isso???

É o Dr. Inácio, D. Maria Aparecida, que está aqui, pedindo-me para falar em seu nome. A senhora me perdoe!

Decorridos alguns instantes de recordações silenciosas, repletas de saudade, D. Maria Aparecida, influenciada por amigos espirituais, convidou-me a repousar por algum tempo. Dr. Inácio esclareceu-me que o repouso se fazia necessário, tendo em vista a recomposição de nossas forças. Descansamos, então, por três horas. E somente após as cinco horas da manhã, despedimo-nos emocionados da amiga.

No caminho de volta, Dr. Inácio pediu-me o obséquio de, logo pela manhã, às 7:30 horas, telefonar à D. Maria Aparecida, a fim de relatar-lhe o ocorrido. Disse-me, também, que o Dr. Bezerra de Menezes havia considerado a necessidade de que o encontro espiritual não fosse registrado pela memória corporal de D. Maria Aparecida. Segundo Dr. Inácio, ela havia recebido dos amigos espirituais forte carga magnética de esquecimento. Não obstante, guardaria no coração e na memória espiritual aqueles instantes, daí a importância do telefonema. Chegamos em casa rápido. Entrando em meu quarto, assustei-me, sobremaneira. A princípio, pareceu-me que alguém dormia em minha cama. Sem deixar transparecer o desagrado que invadiu-me naquele momento, exclamei:

Que é isso, Dr. Inácio??? Como alguém pode estar deitado em minha cama???

— "Não há ninguém deitado lá, Chico!" — retrucou.

Como não? O senhor não está vendo esta coisa de desagradável aparência, esparramada em minha cama? Como pode ser isso, meu Deus? Dê-me paciência para tolerar esta situação, porque esta coisa horrível mais me parece uma massa gelatinosa, escura, debaixo dos lençóis!

— "Acalme-se, Chico. Confie em minha palavra. Não há ninguém em sua cama!"

Mas como é que vou deitar-me em cima disto??? — perguntei alarmado.

— "Pode confiar em mim, Chico. Está tudo certo. Vamos, deite-se".

Vagarosamente, deitei-me, então, recostando por cima daquela massa de desagradável aparência. Senti-me entrando dentro daquilo como que uma mão entrando numa luva. Um frio percorreu-me todo durante o encaixe e somente assim percebi que se tratava de meu corpo físico. Com o susto que a inesperada descoberta causou, despertei. Já não via Dr. Inácio e os primeiros raios da manhã invadiam o ambiente. Olhei em volta para ver se ainda registrava a presença do estimado confrade, mas a visão terrena nada me mostrou. Apenas pude perceber, pela mediunidade audiente, sua voz.

— "Até a próxima, Chico. Não posso ficar mais. Não se esqueça de telefonar para Maria Aparecida, às 7:30 horas, está bem?"

Disse isso e partiu. O relógio marcava 6:30 horas da manhã e não pude mais dormir, dada a emoção que me invadiu o coração. As lágrimas vieram-me espontaneamente ao rosto ao lembrar-me de Dr. Inácio Ferreira. Levantei-me, chorando, tomado de sentimentos, dirigindo-me à cozinha, a fim de fazer a primeira refeição e alimentar os gatinhos. A colaboradora de nossa casa já estava de pé e, surpresa, disse-me:

Ainda é muito cedo, seu Chico! O que é que o senhor está fazendo de pé, assim, chorando, meu Deus?!?

Minha nega, estou vindo da casa de Dr. Inácio. Estive com ele a noite toda, numa visita à D. Maria Aparecida, respondi-lhe, banhado em lágrimas, não contendo a emoção que o encontro me causara.

Pude perceber que a estimada servidora pensava silenciosamente na distância da casa de Dr. Inácio e que, com certeza, eu estava ficando doido mesmo. Passada a emoção das lembranças, esperei a chegada das 7:30 horas para desincumbir-me da tarefa. Na hora certa, liguei e D. Maria Aparecida atendeu muito surpresa. Expliquei que tinha algo a lhe relatar. Então, ficamos a conversar longamente sobre o acontecido!…

[1] Dr. Inácio Ferreira de Oliveira desencarnou em 27 de setembro de 1988. O fato ocorreu por volta de 11 de janeiro de 1989. Sua esposa: Maria Aparecida V. Ferreira.