sábado, 23 de julho de 2011

Mandato Mediúnico

"Médiuns naturais  ou  inconscientes:  os que produzem espontaneamente os fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia. (...) Os  médiuns involuntários  ou  naturais  são aqueles cuja influência se exerce a seu mau grado. Nenhuma consciência têm do poder que possuem e, muitas vezes, o que de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de modo algum extraordinário. (...)."
 
Com que fim a Providência outorgou de maneira especial, a certos indivíduos, o dom da mediunidade?
 
"É uma missão de que se incumbiram e cujo desempenho os faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens."
 
Entretanto, médiuns há que manifestam repugnância ao uso de suas faculdades.
 
"São médiuns imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é concedida."
 
Se é uma missão, como se explica que não constitua privilégio dos homens de bem e que semelhante faculdade seja concedida a pessoas que nenhuma estima merecem e que dela podem abusar?
 
"A faculdade lhes é concedida, porque precisam dela para se melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as conseqüências. Jesus não pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele que não tem?"
 
O Livro dos Médiuns
Itens 161, 188 e 220
 

 
José Euricledes Ferreira, nome literário Euricledes Formiga, nasceu em São João do Rio do Peixe, Paraíba, a 19 de junho de 1.924, filho de José Ferreira de Sá e Ana Formiga Ferreira.
 
Viveu sua infância enfrentando a penúria e o abandono do sertão nordestino, saindo de lá ainda jovem adolescente.
 
Jornalista profissional, ingressou na "Gazeta de Notícias", durante oito anos, em Fortaleza no ano de 1.946. Redator da "Folha de São Paulo", colaborou em outros jornais paulistas, como "A Gazeta", e Rádio "Gazeta", no programa "Enciclopédia no Ar", de Fernandes Soares e na extinta TV Excelsior de São Paulo.
 
Em 1.961, em Brasília, exerceu as funções de Oficial do Gabinete do Prefeito, na época Paulo de Tarso Santos, chefe do serviço de imprensa do Presidente da Novacap, e redator da Agência Nacional.
 
Criou e dirigiu durante dois anos o Grupo de Pesquisas e Estudos Folclóricos do Instituto Central de Letras da Universidade de Brasília.
 
Exerceu cargos na Justiça Federal de São Paulo, até aposentar-se como Diretor Administrativo, em São Paulo.
 
Poeta repentista e declamador, realizou excursões por todos os Estados do Brasil. Foi considerado uma das primeiras memórias do País, citado entre as quatro maiores memórias do Mundo em matéria na "Revista Realidade", em 1.972.
 
Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Guarulhos, em 1.973.
Na seara espírita, Eurícledes Formiga, exercia suas atividades junto ao "Centro Espírita Perseverança", do qual era Diretor.
 
Casou-se com Annabel Maria Almeida Ferreira, sua companheira e sua musa amada. Teve três filhos: Miguel Vinícius Guarnieri de Almeida Ferreira (Miguel Formiga), Marcus Vinícius de Almeida Ferreira ( Quito Formiga ) e Maria de Fátima Almeida Ferreira ( Fafá ). Sua família até hoje trabalha no "C. E. Perseverança".
Eurícledes Formiga desencarnou às 12:10 hs do dia 09 de Maio de 1.983, em São Paulo, vítima de choque cardiogênico.
 

 
Um médium ao encontro dos espíritos
 
A mediunidade, muito embora ignorada, sempre esteve presente na vida de Eurícledes Formiga.
 
Em 1958 procurou a Federação Espírita do Estado de São Paulo para tentar conhecer os fenômenos que se apresentavam consigo, mas malgrado às advertências, não seria ainda desta vez que o chamamento lhe tocaria o coração. Na década de 60, residindo em Brasília, Formiga passou a freqüentar esporadicamente a Comunhão Espírita Cristã, notadamente quando os fenômenos mediúnicos se acentuavam, lá recebendo orientação do dirigente, Viana Ataualpa Barbosa.
 
Em 1968, em São Paulo, pela primeira vez, Formiga caiu em transe mediúnico inconsciente e transmitiu a bela mensagem psicofônica falando sobre o Evangelho, o qual nunca houvera lido. Sua esposa Annabel, que também desconhecia os processos mediúnicos, impressionou-se, mas sentia intuitivamente tratar-se de uma personalidade que não seu marido e que deveria ser um espírito elevado pelo teor da comunicação. O episódio voltou a repetir-se com assiduidade, agora com outros tipos de Espíritos, inclusive obsessores, mas por último sempre comparecia o Espírito que se incorporou pela primeira vez e que soube-se, posteriormente, tratar-se de Frei Martinho, um frade franciscano que viveu no Nordeste em sua última encarnação. Seu reconhecimento era fácil, pois sempre apresentava-se com o lema : "- A treva nunca foi barreira para a luz que vem do Senhor !".
 
Formiga quando voltava a si não acreditava nos relatos da esposa e tinha a impressão apenas que adormecera. Estava relutante quanto à aceitação do fenômeno, mas mesmo assim concordou em frequentar a Escola de Médiuns da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
 
Já um pouco mais orientada, Annabel passou a conversar e pedir orientação aos Espíritos que incorporavam em Formiga, como ocorria com o pai do médium, José Ferreira de Sá, e ao Frei Martinho. Este último, um dia lhe disse enfático, quando ela lhe perguntou o que poderia fazer para que Formiga acreditasse nos fenômenos que ocorria com ele : "- Esta mão pode escrever. Dê-me papel e lápis." Em seguida escreveu :
 
"O fruto bom é da árvore plantada em chão de fé. Orai por ele e por esta mão pesada, pá cavadora em Terra de paz. Orai em função de uma alma boa, mas que deu muito pouco do que foi confiado".
 
Voltando a si, Formiga ainda não acreditou e interpretou o fato como sendo alucinação de sua parte.
 
Nesta fase, sua esposa nunca esqueceu dos relatos comoventes de seu pai que, incorporado no próprio Formiga, contava que no Plano Espiritual, desdobrado, durante o sono, o Espírito do filho se recordava dos compromissos assumidos com a mediunidade antes de reencarnar-se e suplicava para que os mentores o auxiliassem a encarar a tarefa e, caso não o fizesse, que eles o levassem deste Plano para que a queda não fosse maior.
 
Quando voltava a si, Formiga permanecia incrédulo quanto às comunicações de que ele próprio era intermediário, mas cada vez mais estas chamavam-lhe à reflexão. Um dia telefonou de São Paulo para Salvador e marcou uma entrevista com Divaldo Pereira Franco. Tomou o primeiro avião, instalou-se no Hotel, e foi à "Mansão do Caminho" avistar-se com o médium baiano. Lá chegando, Divaldo, que estava abrindo a porta do Centro, antes de saudá-lo, lhe disse : "- Você veio saber se o frade existe ? Então, Formiga, pode acreditar, ele existe sim. É Frei Martinho, um franciscano que viveu e ficou famoso no Nordeste por sua obra apostolar !".
 
Naquela noite ao, ao tomar parte da reunião evangélica, recebeu, ainda, bela mensagem psicografada do Espírito Joanna de Angelis, exortando-o à tarefa mediúnica.
 
E foi nesta mesma época que os Espíritos sensibilizavam a mediunidade de seu filho mais jovem, Marcus Vinícius, o Quito, quando este passou a demonstrar os mesmos fenômenos, ora incorporado com terrível agressividade, em que cinco adultos não tinham controle sobre ele, ora qual criança sensível em sua vidência, detalhando quadros e aparições das mais diversas. E a sempre esposa e companheira Annabel, na esperança da aceitação de Formiga, tentava sensibilizá-lo ainda mais : "- Veja só, agora com seu filho !"
 
Seu próximo passo foi visitar a Chico Xavier, alguém a quem sempre admirou e sentia profundo respeito, mesmo antes de conhecer a Doutrina Espírita. Não conhecendo a ninguém no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Formiga estava na fila para aquele que seria seu primeiro contato com o Chico, quando este, para tanto espanto, abraça-o afetuosamente e lhe diz, como se já fosse íntimo seu : "- Formiguinha de luz, há dez anos te esperava !"
 
Mais do que as lágrimas que rolavam pela face, este episódio foi o que faltava para que Formiga se engajasse definitivamente às tarefas espíritas.
 
De 1969 a 1972 o casal freqüentou a Federação e neste ano foi encaminhado para o "Centro Espírita Perseverança", localizado na Vila Santa Clara, e sob a orientação de Guiomar Albanesi, Presidente, Formiga deixou manifestar-se belíssima mediunidade que proporcionou à bibliografia espírita ótimas obras, e que ainda continua proporcionando, apesar de seu desencarne a 09 de Maio do ano de 1983.
 
Em 1973 foi a primeira vez que Formiga sentou-se à mesa no "Perseverança" para psicografia e, em 1975, como ele próprio dizia, os poetas e cantadores já começavam a fazer fila para transmitir seus versos através de seu lápis mediúnico. Aliás, sobre este fato, Formiga, consagrado poeta e literato, sempre confidenciava a seu círculo íntimo que, muito embora sua própria carreira literária havia sido relegada a segundo Plano, sentia-se tão contente em poder ser o instrumento dos poetas que viviam no Plano Espiritual e de compartilhar da felicidade destes, que por si só esta recompensa era maior do que outra láurea que pudesse receber com suas criações.
 

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