segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Idade dos Anjos

"Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de corpo vêm? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. (...). Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. (...) Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder. Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. (...) O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial. Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?"


Paulo (Primeira Carta aos Corintios, Capítulo 15)

 


"No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo: Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu: e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão; da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo. depois de todos, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram? Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus; pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu. E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina."

 

Mateus, Capítulo 22

 

 
"Retomamos a viagem e meu guia disse que gostaria de me levar a visitar o proprietário de uma casa, da qual nos aproximávamos. Caminhamos por um artístico jardim de gramados esmeradamente cuidados e chegamos até um homem sentado nas proximidades de um pomar. À nossa chegada ergueu-se e recebeu meu amigo da maneira mais cordial; fui então apresentado como um recém-chegado. Soube que este senhor se orgulhava das frutas de seu pomar; a seguir, convidou-me a prová-las. Parecia ele um homem de meia-idade, embora pudesse ser na realidade mais velho do que aparentava à primeira vista. Aprendi então que tentar predizer as idades das pessoas deste mundo seria tarefa difícil e até mesmo perigosa. É necessário saber — e permitam-me divagar um pouco — que a lei aqui é no sentido de que, à medida que progredimos espiritualmente, vamos nos desfazendo daquela aparência idosa conhecida na terra. Perdemos as rugas que o tempo e as preocupações imprimem nos nossos semblantes, assim como outras indicações do avanço da idade, e tornamo-nos mais jovens à medida que adquirimos mais experiência em sabedoria, conhecimento e espiritualidade. Mas não direi que possamos assumir um aspecto de completa juventude, nem perder as características externas da personalidade. Isto seria nos transformar num todo uniforme. O certo é que retrocedemos ou adiantamo-nos — de acordo com a nossa idade quando passamos a espíritos — em relação àquilo que em geral se conhece como a flor da idade.

(...)

"Nas esferas superiores a beleza da mente rejuvenesce os traços, varre os sinais de cuidados terrenos, preocupações e penas, e apresenta aos olhos esse estado de desenvolvimento físico que se costuma designar como flor da idade.

(...)

"Há uma fase em nossas vidas na terra que se chama a flor da idade. É nessa direção que todos nós nos encaminhamos. Aqueles que são idosos, ao passarem a espírito, voltarão a esse período. Outros que são jovens se adiantam até essa fase, e todos nós preservamos as nossas naturais características que nunca nos abandonarão. Mas descobrimos que muitos traços menores, que podemos muito bem dispensar, são eliminados juntamente com nossos corpos físicos — certas irregularidades do corpo com que tenhamos nascido, ou que nos advieram com o correr dos anos. Quantos de nós, gostaria eu de saber, não terão alguma sugestão a fazer no sentido de melhorar nosso corpo, se fosse possível.

(...)

"Há um período de nossa vida terrena a que estamos acostumados a chamar flor da idade. Há uma também aqui, e é na direção desse período que todas as almas ou voltam ou se adiantam, conforme a idade em que tem lugar seu passamento. Quanto tempo leva, depende inteiramente delas, visto que é apenas uma questão de progresso espiritual e desenvolvimento, apesar, de que para os jovens este período seja geralmente mais curto. Aqueles que passam a espírito depois da flor da idade, sejam eles idosos ou de meia-idade, tornar-se-ão mais jovens na aparência apesar de amadurecerem espiritualmente. Não se deve concluir com isso que nós todos chegamos a um nível estático de vulgar uniformidade. Externamente parecemos jovens: perdemos aqueles sinais que a passagem dos anos causa e que tanto nos perturbam quando mortais. Mas nossas mentes tornam-se mais velhas ao ganharmos conhecimento e sabedoria e maior espiritualidade, e essas qualidades da mente são manifestas a todos com quem entramos em contato.

"(...) Se, portanto, verificamos este rejuvenescimento de pessoas adultas, o que se dará com as almas dos que morreram crianças ou dos que morreram ao nascer? A resposta é que crescem como o fariam na terra. Mas às crianças daqui — de todas as idades — é dado um tratamento e cuidado que nunca seria possível na terra.

"O crescimento mental e físico da criança no mundo espiritual é mais rápido do que no mundo terrestre. Vós vos lembrais da retenção da memória de que já vos falei? Ela começa assim que a mente seja capaz de aprender algo, e isso acontece bem cedo. A aparente precocidade é perfeitamente natural, porque a mente jovem absorve conhecimentos facilmente. O temperamento é cuidadosamente estudado pelas linhas espirituais e as crianças são treinadas primeiro a respeito de assuntos espirituais e depois é que são instruídas acerca do mundo.

(...)

"Surge sempre esta pergunta na mente de pessoas da terra, com referência a crianças que já morreram: "Poderemos nós reconhecer nossos filhos quando chegarmos ao mundo espiritual?', A resposta é um enfático sim, fora de qualquer dúvida. — "Mas como? se eles cresceram no mundo espiritual e longe de nossas vistas?"
Para responder, é necessário conhecer um pouco mais a respeito de nós mesmos.

"Deveis saber que, quando dormimos, o espírito se retira temporariamente do corpo físico, se bem que permaneça ligado a ele por um fio magnético. Esta ligação é o fio da vida entre o espírito e o corpo. O espírito, assim liberto, ou permanece nas vizinhanças do corpo ou gravitará para a esfera que seus atos terrenos lhe terão dado direito de freqüentar. O espírito passa, portanto, parte da sua existência em terras espirituais. E é nestas visitas que encontramos parentes e amigos que morreram antes de nós; é também nessas visitas que os pais podem encontrar seus filhos, e assim observar seu crescimento. Na maioria dos casos os pais não podem penetrar na esfera dos próprios filhos, mas há inúmeros lugares onde tais encontros podem ocorrer. Lembrando o que eu disse sobre a retenção da memória subconsciente, vereis que, em tais casos não pode haver problema para reconhecer um filho, porque o pai viu o filho e observou seu crescimento da mesma maneira que o teria feito se a criança permanecesse na terra.

"Deve haver, é claro, suficientes laços afetivos entre os dois, do contrário esta lei não funciona. Onde eles não existem, a conclusão é óbvia. O laço de afeição e interesse deve também existir entre todas as relações humanas no mundo espiritual, seja entre marido e mulher, pai e filho ou entre amigos. Sem ele é problemático que as pessoas se encontrem, a não ser ocasional e fortuitamente.

"Crianças que deixam o mundo nos seus primeiros anos continuarão seus estudos onde os largaram, eliminando todos os que não lhes serão de utilidade futura, e acrescentando os espiritualmente necessários. Assim que alcançam idade adequada podem escolher seu futuro e estudar de acordo com suas preferências. E elas têm, como era de esperar, as mesmas oportunidades, os mesmos direitos à herança espiritual, como os temos todos, velhos ou novos.

"E todos fixamos o mesmo alvo: a felicidade perfeita e perpétua."

A VIDA NOS MUNDOS INVISÍVEIS
Monsenhor Robert Hugh Benson
Por Anthony Borgia
Editora Pensamento

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