segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ocupações dos Espíritos

Já não tendo o que adquirir, os Espíritos da ordem mais elevada se acham em repouso absoluto, ou também lhes tocam ocupações?
"Que quererias que fizessem na eternidade? A ociosidade eterna seria um eterno suplício."

De que natureza são as suas ocupações? 
"Receber diretamente as ordens de Deus, transmiti-las ao Universo inteiro e velar por que sejam cumpridas."

Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe entoar louvores?
"É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus, porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo. Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo."

O Livro dos Espíritos
Questões 562 e 969
1857
 

 
"Mas muita gente na terra acredita sinceramente que nós no espírito vivemos em contínuo estado de fervorosa emoção religiosa, e que cada forma e grau de atividade pessoal, cada átomo de que é composto o grande mundo espiritual, deve ter algum significado devocional e piedoso. Tal idéia é tola e muito aquém da verdade. Procure através do mundo terreno: é capaz de encontrar idéias assim tão absurdas ligadas à multiplicidade da vida que jaz dentro dele? Não há significado religioso num maravilhoso pôr do sol. Por que haveriam nossas flores espirituais de ter qualquer outra razão de existir senão a que eu já dei, isto é, um magnífico dom do nosso Pai, para nosso maior gozo e felicidade?

Há ainda muitos outros na terra que solenemente afirmam, como uma cláusula de fé, que o paraíso, como o chamam, será um contínuo cantar de hinos e cânticos espirituais. Nada seria mais fantástico. O mundo espiritual é um mundo de atividade, não de indolência, um mundo de utilidade e não um mundo inútil. Há sempre uma razão sã e um fim para tudo. Nem a razão nem o fim podem ser visíveis a todos desde o começo, mas isso não altera a verdade.

O tédio não tem lugar aqui. Miríades de tarefas a serem executadas — e miríades de almas para executá-las — mas há sempre lugar para mais uma, e será sempre assim. Não vivemos nós num mundo ilimitado?

Não vivemos num país que tem aparência de um Eterno Domingo! Na verdade, Domingo não tem lugar nem razão de ser neste plano de coisas. Não temos necessidade de sermos forçados a nos lembrar do Grande Pai do Universo, dedicando-lhe um dia especial e esquecendo-o o resto da semana. Não temos semana. Entre nós é dia eterno, e nossas mentes estão sempre inteiramente cônscias d'ele, e podemos ver Sua mão e Sua mente em tudo que nos rodeia."

Anthony Borgia
A Vida nos Mundos Invisíveis
1960

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