"Existe um período considerado necessário para a pessoa enlutada passar pela experiência da perda. Esse período não pode ser artificialmente prolongado ou reduzido, uma vez que o luto demanda tempo e energia para ser elaborado. Costuma-se considerar - sem no entanto tomar isto como uma regra fixa - que o primeiro ano é importantíssimo para que a pessoa enlutada possa passar, pela primeira vez, por experiências e datas significativas, sem a pessoa que morreu. (...) Para cada enlutado, sua perda é a pior, a mais difícil, pois cada pessoa é aquela que sabe dimensionar sua dor e seus recursos para enfrentá-la. (...) O luto pela perda de uma pessoa amada é a experiência mais universal e, ao mesmo tempo, mais desorganizadora e assustadora que vive o ser humano. O sentido dado à vida é repensado, as relações são refeitas a partir de uma avaliação de seu significado, a identidade pessoal se transforma. Nada mais é como costumava ser. E ainda assim há vida no luto, há esperança de transformação, de recomeço. Porque há um tempo de chegar e um tempo de partir, a vida é feita de pequenos e grandes lutos, através dos quais, o ser humano se dá conta de sua condição de ser mortal." em Estudo Teórico da Morte.
"Olá Ramon, Estou te escrevendo para te contar que abri um blog (www.asperdaseoluto.blogspot.com) a fim de desabafar esse inferno que estou vivendo e ver se consigo fazer uma espécie de espaço para terapia em grupo para pessoas que tiveram perdas..."
Oi, Luciana!
Fiquei muito feliz em receber este seu e-mail. Li seu blog inteirinho e gostei demais. Você escreve bem e expressa o que sente de maneira muito interessante.
Vivemos num mundo de pequenas e grandes perdas. Não podemos mudar isso. O que podemos mudar é nossa atitude diante delas, como você está fazendo: não se isolando, mas abrindo o coranção para discutir seus sentimentos com outras pessoas, que certamente se sentirão melhor ao perceber que não estão sozinhas em experiências difíceis como esta.
Transformar pedras em joias é um dos maiores milagres desta vida. É o que acontece com o carvão, que sob alta pressão se tranforma em diamante. E com corações como o seu, que sabem transformar um sentimento solitário como a saudade num gesto de comunhão. Parabéns!
"não sei se vai funcionar, muita gente lê mas poucos desabafam, poucos deixam palavras de consolo."
Como colaborador de alguns blogs, posso garantir: muita gente lê, boa parte gosta, mas quase ninguém retorna :-( Porém, os poucos que comentam os textos justificam o investimento. :-) O importante é comunicar, dar as mãos. O simples gesto de expressar nossos sentimentos nos leva a refletir melhor sobre eles, nos colocando em contato com um pedaço de nós que a rotina oculta. Tenho certeza de que você está experimentando isso de alguma forma.
Apesar de estar descrente, revi o filme Ghost e agora estou lendo A Cabana, mas está muito difícil voltar a ter a fé que eu tinha. Muito ruim isso, me ajudaria mais ter fé.
Olha, honestamente, você jamais terá novamente a mesma fé que tinha. Porque ela está sendo profundamente transformada por esta experiência, para renascer maior, mais forte e mais madura. Luciana nunca mais será a mesma. Sua fé também não. Que maravilha! :-)
Seria mais fácil se meu marido pudesse entrar em contato comigo, que nem no filme. Bem, é isso. Abraços, Luciana."
Você não imagina como ele gostaria de poder fazer isso também.
A cena final do filme Ghost sacrificou um pouco a realidade para dar mais romantismo à história. Um contato visual recíproco, semelhante ao mostrado no filme, não seria completamente impossível, mas exigiria condições específicas muito raras, que não dependem apenas da vontade de ambas as partes para acontecer.
A partir de Ghost, os filmes do gênero tem melhorado muito a exatidão das informações que transmitem, o que revela que estes fenômenos não pertencem ao patrimônio cultural de nenhuma religião, mas sim à própria natureza.
A penúltima cena do filme O Sexto Sentido descreve de modo bem realista como costuma se dar mais frequentemente este contato. Nela, o pesonagem interpretado por Bruce Willis, após várias tentativas fracassadas, finalmente consegue entrar em contato com sua esposa do modo mais natural possível, diretamente, sem necessidade de intermediários. Se ainda não viu o filme, não deixe de ver. Se já viu, reveja com atenção para perceber como os meios mais simples costumam ser os mais belos e eficientes.
Um contato direto e ininterrupto ainda não é possível por motivos indispensáveis à continuidade natural de nossas vidas, dos dois lados do véu. Quando a humanidade for madura o suficiente para lidar com as duas faces desta mesma realidade, o véu cairá naturalmente, por falta de utilidade.
Por enquanto, esteja certa de que você está elaborando o luto de modo muito saudável e natural, como revela a citação incial desta mensagem.
Mantenha contato, ok! Conversar distrai a tristeza e renova as ideias. ;-)
Um forte abraço!
Ramon de Andrade
Palmares-PE
Ramon,
ResponderExcluirnão tenho palavras para te agradecer!
Vou acompanhando o blog, me inteirando aos poucos dos posts, embora não seja religiosa, o assunto me interessa.
Abçs,
Olá, Luciana!
ResponderExcluirVi sua comentário no blog. Obrigado.
A ciência avança na investigação da realidade da alma humana e em breve não será mais uma questão de fé, e sim um fato científico.
Desde a Grécia Antiga a humanidade suspeitava da existência do átomo, mas só recentemente conseguiu fotografá-lo usando o microscópio.
Será assim também com o Espírito. A ciência está bem perto de detectá-lo e o fará quando desenvolver os instrumentos adequados para isso.
Portanto, não se preocupe em ser ou não religiosa. Apenas reflita e esteja atenta.
Abraços!