segunda-feira, 29 de novembro de 2010

São chegados os tempos

Por que, no mundo, é tão comum a influência dos maus sobrepujar a dos bons?
"Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão."
 
O Livro dos Espíritos
Questão 932
Paris, 1857
 

São chegados os tempos
 
 
7. Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de idéias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio.
 
26. Grande, por certo, é ainda o número dos retardatários; mas, que podem eles contra a onda que se alteia, senão atirar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que surge, ao passo que eles se somem com a geração que vai desaparecendo todos os dias a passos largos. Até lá, porém, eles defenderão palmo a palmo o terreno. Haverá, portanto, uma luta inevitável, mas luta desigual, porque é a do passado decrépito, a cair em frangalhos, contra o futuro juvenil. Será a luta da estagnação contra o progresso, da criatura contra a vontade do Criador, uma vez que chegados são os tempos por ele determinados.
 
28. (...) Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores.
 
30. (...) O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar.
 
31. Uma comparação vulgar ainda melhor dará a compreender o que se passa nessa circunstância. Imaginemos um regimento composto na sua maioria de homens turbulentos e indisciplinados, os quais ocasionarão nele constantes desordens que a lei penal terá por vezes dificuldades em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais numerosos do que os outros. Eles se amparam, animam e estimulam pelo exemplo. Os poucos bons nenhuma influência exercem; seus conselhos são desprezados; sofrem coma companhia dos outros, que os achincalham e maltratam. Não é essa uma imagem da sociedade atual?
 
Suponhamos que esses homens são retirados um a um, dez a dez, cem a cem, do regimento e substituídos gradativamente por iguais números de bons soldados, mesmo por alguns dos que, já tendo sido expulsos, se corrigiram. Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo regimento, mas transformado. A boa ordem terá sucedido à desordem.

63. Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber.
 
Allan Kardec
A Gênese
CAPÍTULO XVIII
Paris, 1868

A guerra do Rio
A paz social, agora, é possível

Enviado por Milton Corrêa da Costa* - 29.11.2010 | 18h18m
 
 
O Rio está de alma lavada como bem citou a manchete do EXTRA de segunda-feira, 29 de novembro. A histórica ocupação, pelas forças legais, do Complexo do Alemão, no bairro da Penha, no Rio, na manhã do domingo, 28 de novembro, mostrada ao vivo e a cores para o mundo, no cenário de uma nova modalidade de guerra, mais difícil e complexa do que a guerra convencional, um guerra urbana com características muito peculiares, deixou demonstrado que quando há cooperação entre as forças de segurança, sem vaidades e melindres e sobretudo vontade política, é possível vencer grandes batalhas e depois a guerra.
 
O Rio amanheceu, na segunda-feira, 29 novembro, com esperança de dias melhores na área de segurança, abandonada durante anos por políticas equivocadas e romanceadas que acabaram fortalecendo sobremodo o poder paralelo e enfraquecendo o poder das forças de segurança onde alguns policiais, sem respaldo político para combater permanentemente o crime, optaram, ante a fraqueza moral, pela conivência com o mal. Duas políticas de segurança, a do 'bandido-cidadão', no enfoque dos "direitos humanos" e a do bandido-social' , que justificava o crime pela exclusão social, fracassaram e acabaram por tornar o Rio uma das mais violentas cidades do mundo.
 
Ficou evidenciado também que o duro e contundente golpe desferido ontem contra o narcoterrorismo o enfraqueceu fortemente em suas base: a moral, a econômica e, principalmente, em sua cadeia de comando. Um grupo sem comando tende ao desmantelamento e fracasso. Se persistir o trabalho obstinado das forças de segurança em todos os níveis do poder, com o avanço progressivo da UPPs, numa integração permanente entre as forças legais, dificilmente o poder paralelo no Rio será como antes.
 
Registre-se que o somatório, com efeito sinérgico (1+1=3) proveniente da vontade política, da cooperação entre as forças de segurança, do apoio da população e da mídia, foi decisivo para vencer a primeira grande batalha. Não há mais no Rio áreas de exclusão à ação legal de polícia. Mais que ocupação de um importante território, no resgate da autoridade do poder público, renovou-se a esperaça de que nossos filhos e netos e todo cidadão tenham assegurado, num futuro não muito longínquo, o direito constitucional de ir e vir. Chega de morrer com tiro de fuzil na cabeça num sinal de trânsito. Lugar de "feras humanas", valentes com um fuzil na mão e covardes quando presos - um dos assassinos de Tim Lopes se urinou ao ser preso ontem -  é em presídio de segurança máxima, isolado e confinado em regime disciplinar diferenciado.
 
A caçada implacável aos narcoterroristas está só começando. Ao governador Sérgio Cabral e à sociedade que almeja a paz, todos os aplausos. Aos derrotistas, o nosso repúdio. O governo e as forças de segurança fizeram a sua parte. Cabe agora aos outros atores, os usuários, abandonarem as drogas. O narcoterrismo perdeu a primeira contenda. A sociedade venceu. O Rio virou, no domingo 28 de novembro de 2010, a página de sua história policial. A paz social agora é possível.
 
* Milton Corrêa da Costa é coronel da PM na reserva
 
Fonte: OGlobo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

NOSSO LAR S/A

O que o filme "Nosso Lar" tem a ver com Administração?

Publicado 01/10/2010.10:27

Por Fábio Bandeira de Mello
 
As produções de temática espírita parecem despertar o interesse dos brasileiros. A expectativa gigantesca na estreia de "Nosso Lar" foi correspondida. O filme baseado no best-seller homônimo do médium Chico Xavier obteve mais de três milhões de espectadores nas salas de cinema de todo o Brasil.
 
Com isso, a obra conquistou a primeira posição no ranking dos filmes nacionais mais vistos desde que entrou em cartaz. O investimento robusto (ultrapassou a 20 milhões de reais) fez com que os recursos cenográficos recebessem especial atenção, acarretando num dos mais elaborados trabalhos do gênero no Brasil.
 
Ok, mas o que isso tem a ver com Administração?
 
Quando assisti o filme no cinema, refleti não apenas sobre questões intrínsecas ao espiritismo (como a reencarnação, questões morais e etc), mas como a Administração pode estar mais presente do que nós mesmos podemos imaginar.
 
Desde quando foi lançado o livro, nos auges da década de 40, ou com a recente produção do filme, "Nosso Lar" vem criando certa polêmica por determinados fatos decorrentes na sua história.
 
Caro leitor, quero deixar claro que não farei aqui um juízo de valores, de que é verdade ou mentira, ou se você acredita ou não em assuntos relacionados ao espiritismo. A proposta não é defender determinada doutrina religiosa, mas refletir sobre a presença de mecanismos relacionadas à Administração apresentados durante o filme.
 
Tese
 
A tese levantada em "Nosso Lar", assim como na doutrina espírita, de que a vida na terra ("plano material") busca refletir o que acontece no chamado "mundo espiritual", traz a tona a importância da Administração em todos os níveis existenciais.
 
Geralmente, os livros de "Introdução à Teoria Geral da Administração" definem a Administração como a tomada de decisão e gerenciamento de uma organização. Os princípios para administrar são planejamento, organização, direção e coordenação. Justamente, esses contextos são abordados claramente em diversos momentos de "Nosso Lar".
 
O didatismo do livro e do filme, que esmiúça cada detalhe dessa outra realidade, indica semelhanças entre os conceitos da Administração do mundo material e espiritual. A própria estrutura  da colônia Nosso Lar atua como um verdadeiro centro organizacional. Há também, uma hierarquia de funções e cargos entre os espíritos, onde é preciso trabalhar para poder "evoluir". Veja alguns exemplos:
 
Centro Administrativo: Dentro da "colônia espiritual" (a cidade onde reúnem os espíritos), existe a Governadoria que é o local onde partem as coordenadas para a administração pública, representadas pelos Ministérios da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina.
 
Juntos, elas configuram um verdadeiro e atuante centro administrativo.
 
Missões da empresa: Agregar valor, melhorar a qualidade, aumentar a produtividade, resolver problemas e conflitos, alcançar objetivos e, sobretudo, oferecer resultados ampliados. Essas são algumas das diretrizes empregadas tanto nas empresas aos seus funcionários, quanto às utilizadas pelos moradores espirituais em sua rotina.
 
Direitos e deveres: Temos obrigações a serem cumpridas nesta outra dimensão, na qual, devemos aprender, trabalhar e realizar tarefas, sempre obedecendo uma hierarquia bem dividida e organizada.
 
Premiação: Os funcionários mais graduados por tempo de serviço, dedicação e espiritualidade, moram mais próximo da Praça Central. Já nas casas mais afastadas estão as residências de uso diversos.
 
Trabalho em equipe: A vida de cada ser é empregada para servir ao próximo e buscar o auto desenvolvimento, principalmente participando de trabalhos coletivos e aprendendo a escutar os mais evoluídos.
 
Quase um estágio: Todos são acompanhados e respeitados em seu processo de aprendizado.
 
A cultura organizacional: Os recém-chegados à cidade espiritual passam por uma adaptação. O mesmo acontence com os profissionais novatos em uma empresa.
 
Diante do ponto de vista abordado em "Nosso Lar", as premissas da Administração são primordiais para o estabelecimento da almejada harmonia da organização e avanço individual, independente do lugar e "plano" em que a pessoa se encontra.
 
Parece que aqueles que gostam de usar o jargão "Administração está presente em tudo na vida", deverão rever ou ampliar seus conceitos.

Fonte: CNJ

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nova Aliança

"Amigo, minha maior vontade é provar alguma relação entre a composição do Espírito e a Matéria Escura. Espírita convicto, espero alguns anos para estabilizar-me pessoalmente e iniciar estudos em astrofísica, integrado a psicografias em centros espiritas. Isto deve me ocorrer dentro de 20 anos, quando terei por volta de 44 anos. Nao posso me dedicar exclusivamente ao espiritismo neste período. Mas, estou coletando o máximo de psicografias a respeito da Materia e energia escuras. Abraços. Felipe"



Olá, Felipe!

Gostamos de repetir que o Espititismo também é Ciência. Mas sem pesquisa não existe Ciência. E após Allan Kardec, Ernesto Bozzano, Camile Flamarion e outros pesquisadores clássicos, as pesquisas sobre a realidade espiritual pemaneceu parada por muitos anos.

No Brasil o aspecto religioso preponderou, pela religiosidade natural do povo brasileiro e pela contribuição marcante de Chico Xavier. Acho isso muito bom , pois sem este sentimento que nos religa a Deus, tanto a Ciência quanto a Filosofia se tornam vazias e sem objetivo.

Por outro lado, é certo que sem o trabalho de cientistas e pesquisadores na busca de uma reconciliação, a Ciência e a Religião jamais poderão restaurar sua aliança, rompida com o processo de Galileu.

Portanto, parabéns pelo belo projeto de pesquisa, que poderá trazer nova compreensão sobre a questão, confirmando talvez que estamos tratando das mesmas coisas com palavras diferentes (matéria escura x fuido universal), como várias vezes afirmou Kardec.

Esteja certo de que darei minha contribuição, enviando a você tudo que identificar em minhas leituras.

Forte abraço e até breve!

Ramon de Andrade
Palmares-PE

domingo, 21 de novembro de 2010

Fé brasileira sobe às telas

"a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
(...) Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face."
Paulo (1Coríntios 13:12, Hebreus 11:1).

"a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
(...) a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem." Jesus (João, 4:21-24) 
 
O materialismo e o capitalismo esvaziaram a alma humana de esperança, e a vida de sentido. Arrancaram a fé dos corações e das mentes, sem nada oferecer em troca para aliviar o sofrimento inerente à condição humana, ou para preencher o vazio decorrente de suas frustrações. O resultado tem sido a exploração predatória dos recursos naturais, a degeneração social, a depressão e o suicídio.

Se o fundamentalismo é a ditadura da fé,  o ecumenismo é a sua democracia. É primeiro movimento em direção à sintese de todas as crenças, que o futuro nos reserva pelas descobertas da ciência, quando a visão das partes dará lugar à do conjunto; quando veremos face a face, e não mais em enigma.

Nosso país, como grande celeiro da diversidade, reúne as condições ideais para essa convergência.
 
Ramon de Andrade
Palmares-PE



Em meio à febre espírita nas telas, 'Aparecida - o milagre', inaugura o filão católico nos cinemas
 
Plantão | Publicada em 12/11/2010 às 08h58m

Rodrigo Fonseca

Diante do levante espírita nas telas, agora fortalecido também nas fronteiras do documentário por "As cartas psicografadas por Chico Xavier", de Cristiana Grumbach, que estreia hoje no Rio e em outras 14 cidades do país, a chegada da superprodução "Aparecida - O milagre", agendada para 17 de dezembro, pode soar como o prenúncio de uma "guerra santa" no cinema brasileiro. Uma guerra pela atenção de outro nicho de público para além daquele que, em 2010, contribuiu para elevar "Nosso Lar" e "Chico Xavier" - respectivamente com 4.020.099 e 3.414.900 pagantes - ao céu dos blockbusters. É a hora e a vez de um arrasa-quarteirão vir atender à demanda da potencial plateia capaz de ser arrebanhada entre os 125.518.774 brasileiros que assumiram o catolicismo como religião oficial para o censo do IBGE. Daí a importância da campanha de mídia já iniciada por Gláucia Camargos, produtora de "Aparecida" ao lado do marido, o cineasta Paulo Thiago, voltada para atrair integrantes de diferentes organizações católicas do país.
 
- Bem que eu estava achando estranho a Igreja Católica deixar o espiritismo dominar as telas sem reagir. Desde "Maria, mãe do filho de Deus", com o padre Marcelo Rossi, lançado há sete anos, não se tem um filme católico forte . Agora, um trabalho bem feito pode criar uma jihad (guerra santa) nos cinemas, capaz de aquecer as bilheterias - diz Paulo Sérgio Almeida, do site Filme B, especializado na análise do mercado, citando o longa de Moacyr Góes, visto por 2.342.494 espectadores. - Mesmo estreando numa data difícil, a semana de véspera do Natal, "Aparecida - O milagre" pode levar o cinema brasileiro de 2010 a superar a histórica marca, registrada em 2003, de ocupação de 22% do mercado por filmes nacionais. Para isso, precisa vender 700 mil ingressos até o fim de dezembro. Com o fenômeno "Tropa de elite 2" (hoje com nove milhões de pagantes), nossa ocupação de tela está em 20%. Falta pouco. "Aparecida" pode ajudar.
 
Orçado em R$ 6 milhões, "Aparecida - O milagre" vem com 300 cópias narrar os esforços de um empresário (Murilo Rosa) para salvar seu filho, sob as graças de Nossa Senhora, a quem, por conta de uma tragédia de infância, ele repudiou por anos a fio. Quem assina a direção é Tizuka Yamasaki, realizadora que, entre 1983 (com "Parahyba mulher macho") e 2010 (com "Xuxa em O Mistério de Feiurinha"), viu cinco de seus dez filmes ultrapassaram a barreira do milhão na venda de ingressos.
 
- Precisei tratar Nossa Senhora numa abordagem que não frustrasse os católicos. Mas não quis fazer um filme de cunho religioso só para eles. Fiz um filme para entender essa entidade que causa tamanha devoção - diz Tizuka, endossada por Paulo Thiago.
 
- Este filme não é uma resposta católica ao sucesso espírita. É um projeto que existe há três anos, antes mesmo de aparecer "Bezerra de Menezes" (longa cearense que iniciou a febre espírita, em 2008). Ele é fruto de um momento de grande religiosidade, que vem em resposta a uma depressão coletiva, ligada até às crises econômicas - explica Paulo Thiago, lembrando que o longa terá uma exibição na 16 edição do Búzios Cine Festival, no dia 26. - "Aparecida - O milagre" não quer provocar briga, ele quer complementar o desejo de espiritualidade do público, e incentivar o ecumenismo sem fazer pregação.
 
Ímã de fiéis, o santuário de Nossa Senhora na cidade de Aparecida, locação das sequências de maior impacto emotivo do filme, é um dos eixos de promoção do longa.
 
- Lá passam nove milhões de fiéis por ano - lembra Gláucia. - Mas Nossa Senhora causa um fenômeno curioso: ela atrai devotos de outras religiões. Ela quebra barreiras da fé. E o filme abre esse debate.
 
A bênção da Igreja, "Aparecida - O milagre" já tem.
 
- O cinema ainda é pouco utilizado como mídia de promoção da fé católica. Eu me entusiasmei por "Aparecida" quando ele ainda estava na fase de projeto, por crer que pode revelar um lado desconhecido da fé católica - diz Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). - Dos filmes de temática espírita, só vi "Ghost". Mas não é por falta de interesse, e sim de tempo. Uma das motivações ecumênicas é o conhecimento do outro. Existe uma demonização generalizada daquilo que não se conhece. E o cinema pode transformar isso. Se as outras religiões começarem a fazer filmes ligados a suas doutrinas, elas farão o espírito do diálogo crescer.
 
No quesito integração, Dom Dimas pensa bem parecido com as cabeças responsáveis pela cifras astronômicas do filão espírita, como Iafa Britz, produtora de "Nosso Lar", cuja sequência já está sendo arquitetada pelo diretor Wagner de Assis.
 
- Existe uma ânsia do público por falar em questões existenciais como a morte e o que vem depois dela. Não por acaso até Clint Eastwood fez um filme sobre a comunicação com os espíritos ("Além da vida", com Matt Damon, que estreia em 7 de janeiro). Só acho que essa onda espírita não vai gerar uma contrarreforma religiosa. Não estamos fazendo filmes uns contra os outros. Só estamos contando histórias de fontes diferentes - diz Iafa.
 
Refletindo sobre a finitude e a acomodação de perdas em "As cartas psicografadas por Chico Xavier", uma produção de R$ 500 mil, Cristiana Grumbach começou a desenvolver seu documentário em 2004, quando o mundo dos espíritos descansava em paz longe das telas.
 
- Tudo é uma questão de palavras: onde falam em oportunismo, eu falaria em oportunidade. Se cobram tanto que o cinema brasileiro se torne uma indústria, é justo que se lancem filmes sobre a obra de Chico Xavier no ano de comemoração de seu centenário - diz Cristiana. - Esse momento me ajuda a mostrar às pessoas a repercussão que o trabalho de Chico teve sobre muitas vidas.
 
Próximo longa da frente espírita, "As mães de Chico Xavier", agendado para abril de 2011, é assinado pelo mesmo Glauber Filho que dirigiu "Bezerra de Menezes", em parceria com Joe Pimentel. Seu primeiro longa, gestado e lançado na surdina, surpreendeu exibidores ao somar meio milhão de pagantes. Espera-se mais de seu novo trabalho.
 
- A temática transcendental sempre fez parte da indústria cinematográfica mundial. Tenho a impressão de que ela será também permanente no cinema nacional - diz Glauber. - Encontramos um caminho possível para isso. E ele pode fortalecer a nossa indústria.

Fonte: OGlobo

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tive fome...

"Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. (...) sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes." Jesus (Matues, 25:35-40)



O menino não agüentou o cheiro bom do pão e falou:

- Pai, tô com fome!!!

O pai sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência....

- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente...

Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:

- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!!!

Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...

Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...

Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua...

Para Agenor , uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá....

Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada...

A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades...

Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:

- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?!

Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer...

Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho...

Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas...

Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório...

Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos 'biscates aqui e acolá', mas que há 2 meses não recebia nada...

Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias...

Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho...

Ao chegar em casa com toda aquela 'fartura', Agenor é um novo homem sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso...

Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores...

No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho...

Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando...

Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa...

E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres...

Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar...

Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...

Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula...

Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro...

Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o 'antigo funcionário' tão elegante em seu primeiro terno...

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço...

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho , o agora nutricionista Ricardo Baptista...

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido...

Ricardinho , o filho mandou gravar na frente da 'Casa do Caminho', que seu pai fundou com tanto carinho:

'Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço.. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma.. E, que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!!!'

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sopro Renovador

"Existe um período considerado necessário para a pessoa enlutada passar pela experiência da perda. Esse período não pode ser artificialmente prolongado ou reduzido, uma vez que o luto demanda tempo e energia para ser elaborado. Costuma-se considerar - sem no entanto tomar isto como uma regra fixa - que o primeiro ano é importantíssimo para que a pessoa enlutada possa passar, pela primeira vez, por experiências e datas significativas, sem a pessoa que morreu. (...) Para cada enlutado, sua perda é a pior, a mais difícil, pois cada pessoa é aquela que sabe dimensionar sua dor e seus recursos para enfrentá-la. (...) O luto pela perda de uma pessoa amada é a experiência mais universal e, ao mesmo tempo, mais desorganizadora e assustadora que vive o ser humano. O sentido dado à vida é repensado, as relações são refeitas a partir de uma avaliação de seu significado, a identidade pessoal se transforma. Nada mais é como costumava ser. E ainda assim há vida no luto, há esperança de transformação, de recomeço. Porque há um tempo de chegar e um tempo de partir, a vida é feita de pequenos e grandes lutos, através dos quais, o ser humano se dá conta de sua condição de ser mortal."  em Estudo Teórico da Morte.



"Olá Ramon, Estou te escrevendo para te contar que abri um blog (www.asperdaseoluto.blogspot.com) a fim de desabafar esse inferno que estou vivendo e ver se consigo fazer uma espécie de espaço para terapia em grupo para pessoas que tiveram perdas..."

Oi, Luciana!

Fiquei muito feliz em receber este seu e-mail. Li seu blog inteirinho e gostei demais. Você escreve bem e expressa o que sente de maneira muito interessante.

Vivemos num mundo de pequenas e grandes perdas. Não podemos mudar isso. O que podemos mudar é nossa atitude diante delas, como você está fazendo: não se isolando, mas abrindo o coranção para discutir seus sentimentos com outras pessoas, que certamente se sentirão melhor ao perceber que não estão sozinhas em experiências difíceis como esta.

Transformar pedras em joias é um dos maiores milagres desta vida. É o que acontece com o carvão, que sob alta pressão se tranforma em diamante. E com corações como o seu, que sabem transformar um sentimento solitário como a saudade num gesto de comunhão. Parabéns!

"não sei se vai funcionar, muita gente lê mas poucos desabafam, poucos deixam palavras de consolo."

Como colaborador de alguns blogs, posso garantir: muita gente lê, boa parte gosta, mas quase ninguém retorna :-( Porém, os poucos que comentam os textos justificam o investimento. :-) O importante é comunicar, dar as mãos. O simples gesto de expressar nossos sentimentos nos leva a refletir melhor sobre eles, nos colocando em contato com um pedaço de nós que a rotina oculta. Tenho certeza de que você está experimentando isso de alguma forma.

Apesar de estar descrente, revi o filme Ghost e agora estou lendo A Cabana, mas está muito difícil voltar a ter a fé que eu tinha. Muito ruim isso, me ajudaria mais ter fé.

Olha, honestamente, você jamais terá novamente a mesma fé que tinha. Porque ela está sendo profundamente transformada por esta experiência, para renascer maior, mais forte e mais madura. Luciana nunca mais será a mesma. Sua fé também não. Que maravilha! :-)

Seria mais fácil se meu marido pudesse entrar em contato comigo, que nem no filme. Bem, é isso. Abraços, Luciana."


Você não imagina como ele gostaria de poder fazer isso também.

A cena final do filme Ghost sacrificou um pouco a realidade para dar mais romantismo à história. Um contato visual recíproco, semelhante ao mostrado no filme, não seria completamente impossível, mas exigiria condições específicas muito raras, que não dependem apenas da vontade de ambas as partes para acontecer.

A partir de Ghost, os filmes do gênero tem melhorado muito a exatidão das informações que transmitem, o que revela que estes fenômenos não pertencem ao patrimônio cultural de nenhuma religião, mas sim à própria natureza.

A penúltima cena do filme O Sexto Sentido descreve de modo bem realista como costuma se dar mais frequentemente este contato. Nela, o pesonagem interpretado por Bruce Willis, após várias tentativas fracassadas, finalmente consegue entrar em contato com sua esposa do modo mais natural possível, diretamente, sem necessidade de intermediários. Se ainda não viu o filme, não deixe de ver. Se já viu, reveja com atenção para perceber como os meios mais simples costumam ser os mais belos e eficientes.

Um contato direto e ininterrupto ainda não é possível por motivos indispensáveis à continuidade natural de nossas vidas, dos dois lados do véu. Quando a humanidade for madura o suficiente para lidar com as duas faces desta mesma realidade, o véu cairá naturalmente, por falta de utilidade.

Por enquanto, esteja certa de que você está elaborando o luto de modo muito saudável e natural, como revela a citação incial desta mensagem.

Mantenha contato, ok! Conversar distrai a tristeza e renova as ideias. ;-)

Um forte abraço!

Ramon de Andrade
Palmares-PE

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Médium Católica

Movimento de devoção a anjos vence luta contra demônios e rebeldes

Papa aprova movimento que promove devoção a anjos e tem representações no Brasil. Mas alerta contra rebeldes.

Carina Martins, iG São Paulo | 12/11/2010 17:58

A Obra dos Santos Anjos é uma associação católica que nasceu da experiência mística da dona de casa austríaca Gabrielle Bitterlich. Ela escreveu mais de 80 mil páginas baseadas nas revelações que diz ter recebido de um anjo. Seus escritos abordam muitos temas do catolicismo, mas, principalmente, aqueles relacionados à devoção aos anjos. Aí começou a controvérsia. Alguns dos ensinamentos da "Mãe Gabrielle", como é conhecida entre os devotos, falam de um mundo que é palco de batalhas espirituais entre anjos e demônios, cada um com funções específicas e nomes próprios que muitas vezes se aproximam dos usados por práticas consideradas supersticiosas para a Igreja Católica. "Essas revelações são revelações pessoais que de fato não são conforme os ensinamentos da Igreja", diz o bispo de Petrópolis Dom Filippo Santoro e membro da Comissão para Doutrina da Fé da CNBB.

A partir de seu nascimento, em 1949, a Obra dos Santos Anjos passou por exames e ajustes do Vaticano. Para que seguissem católicos, deveriam banir o uso dos escritos de Gabrielle, as referências aos nomes de anjos usados por ela e o apego a práticas antigas de missa – "temos uma certa tendência a usar latim demais", explica padre Basílio, prior do outro mosteiro brasileiro, localizado em Anápolis (GO). O último exame terminou em 1992, e determinou o início da verificação da adequação do movimento às normas estabelecidas. Enfim, no início deste mês, o veredicto: "graças à obediência demonstrada pelos seus membros", o Vaticano considera que a Obra dos Santos Anjos está "serenamente" em conformidade com a Igreja.

Rebeldes

"O Vaticano reconhece que, no geral, esta orientação é positiva", diz Dom Filippo. Mas a carta de aprovação traz também uma ressalva. O papa alerta contra membros do movimento, "inclusive sacerdotes", que não aceitam abrir mão da fé na luta entre anjos e demônios e cuja atuação "é feita de forma muito discreta e se apresenta como se estivesse em plena comunhão com a Igreja Católica". O bispo explica: "Do ponto de vista disciplinar, alguns membros continuam não seguindo as normas indicadas. É uma aprovação final que convida os bispos a serem vigilantes em relação a estes membros estranhos que não obedecem, porque podem ser fatores de divisão dentro da Igreja".

Discreta é mesmo a palavra. Se existem membros "rebeldes" no Brasil, eles passam despercebidos. O arcebispo de Aparecida, Dom Damasceno, diz que não há nenhum problema com a casa de Guaratinguetá. "É um fenômeno bem limitado no Brasil", reforça Dom Filippo. O prior do mosteiro de Anápolis faz eco: "É uma realidade que não existe aqui, acontece mais na Áustria, Alemanha e Colômbia". A julgar pela repercussão em Guaratinguetá, os membros regulares também passam despercebidos.

Fonte: IG

Matéria Primitiva

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?
 
(...) ao  elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. (...). Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá."
 
36. O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço universal?
 
"Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos."

Allan Kardec
O Livro dos Espíritos
Paris, 1857


Nasa cria mapa da matéria escura no universo

Paula Rothman, de INFO Online
Sexta-feira, 12 de novembro de 2010 - 12h49

O aglomerado de galáxias Abel, com trilhões de estrelas
 
Usando o telescópio Espacial Hubble, e se aproveitando de um curioso fenômeno de "lentes de aumento" espaciais, astrônomos criaram os mais precisos e detalhados mapas da Matéria Escura no Universo.

Essas novas observações podem fornecer dados importantes sobre a formação dos aglomerados galácticos no início do universo – e indicam que eles podem ter surgido antes do que o esperado. Ou, segundo os astrônomos, antes que a energia escura tivesse impedido seu crescimento.
 
Ninguém sabe ao certo o que é a matéria ou energia escura. A matéria escura explica coisas que não podemos ver, mas sabemos que estão lá. As galáxias em espiral, por exemplo, geram tanta força centrípeta que seriam arrebentadas não fosse a gravidade existente nelas. No entanto, elas não possuem matéria visível o suficiente para produzir a gravidade necessária – levando à conclusão de que há algo invisível, sem luz, mas com massa.

Esse tipo de partícula constitui mais de 20% de todo o universo – o que pode parecer pouco, mas pense que a matéria visível (aquilo de que somos feitos, elétrons, prótons, nêutrons) representa apenas 4% de tudo o que existe no cosmos. O restante, cerca de 76%, é algo ainda mais complicado, conhecido como energia escura.

Sabe-se que a energia escura está em constante briga contra a "puxada" gravitacional da matéria escura. A energia escura empurra as galáxias para longe umas das outras, esticando o espaço entre elas. Esse movimento impede, portanto, que hoje se formem grandes aglomerados galácticos – os chamados clusters galácticos. As estruturas que existem hoje teriam se formado há muito tempo - antes que a energia escura tivesse impedido seu crescimento.
 
Uma maneira de provar que essa guerra existe é mapeando a distribuição da própria matéria escura nos clusters. Para fazer isso, a equipe liderada por Dan Coe, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, usou uma das câmeras do Hubble para localizar esse material invisível no cluster de galáxias Abell 1689, localizado a 2.2 bilhões de anos-luz, que  possui mais de mil galáxias e trilhões de estrelas.
 
A maior parte da gravidade do cluster vem da matéria escura, e essa gravidade funciona como uma lente de aumento cósmica, torcendo e ampliando a luz de diferentes galáxias atrás dela. Esse efeito, chamado de "lentes gravitacionais" produz imagens múltiplas, deformadas e ampliadas dessas galáxias. Analisando mais de 135 imagens múltiplas de 42 galáxias ao fundo, os astrônomos puderam estimar a quantidade de matéria escura no aglomerado. Se a gravidade do cluster viesse só das galáxias visíveis, a distorção da luz das galáxias de fundo seria muito mais fraca.

O mapa criado com a ajuda do matemático Edward Fuselier confirmou resultados anteriores que mostravam que o centro do aglomerado Abell 1689 é muito mais denso em matéria escura do seria de se esperar para um cluster desse tamanho. A descoberta é surpreendente já que, em tese, a força da energia escura no início do universo deveria ter barrado o crescimento de qualquer cluster. A conclusão é a de que o Abel teria que ter começado a se formar bilhões de anos antes do que se pensava.

A ideia, agora, é observar mais clusters e mapear a distribuição da matéria escura, buscando por mais pistas da formação dessas estruturas no universo primitivo.
 
Fonte: Info

Ilusão de Ótica

85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?

"O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo."
 
86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?

"Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem."

Allan Kardec
O Livro dos Espíritos
Paris, 1857


Ciência

O universo 3D pode ser uma ilusão

Paula Rothman, de INFO Online
Quinta-feira, 11 de novembro de 2010 - 13h02
 
Cientistas do Fermilab, nos Estados Unidos, começam a construção de um aparelho que pretende provar (ou não) que o universo possui apenas duas dimensões – e que vivemos em um holograma.

O laboratório, ligado ao departamento de defesa americano e considerado uma das principais instituições mundiais em física de partículas (ele possui o segundo maior acelerador de partículas do mundo, o Tevatron), começou a construção do primeiro Holographic Interferometer (Holometer) do mundo.
 
A máquina extremamente precisa irá testar uma ideia específica de como o espaço, o tempo, a matéria e a energia se comportam nas menores escalas: a de que a terceira dimensão é uma ilusão.

"A maioria das pessoas sabe o que é um holograma", explica Craig Hogan, co-lider do projeto e Diretor do Centro de Astrofísica de Partículas do Fermilab. "Você vê imagens em 2D e elas parecem ser 3D. Isso é obviamente uma ilusão – e pode ser que o mundo real seja assim também. Ao olhar para a imagem no seu cartão de crédito, você sabe que é um holograma porque ela não é perfeita: o holograma sempre envolve alguma perda de informação. A diferença é que, no mundo real, se essas imperfeições existirem, elas não podem ser percebidas a olho nu", diz. E é justamente atrás dessas "imperfeições" no nosso Universo que o Holometer vai atrás.

Falha na Matrix

O experimento poderia perceber alterações em escalas que, para nós, são invisíveis. "Podemos fazer uma analogia para que isso fique claro. Imagine a realidade como um download da internet, sendo baixado pelo servidor a uma velocidade X", explica Hogan.

"Se você vive dentro desse download, o único jeito de descobrir isso é explorar o limite X da banda dele e, assim, encontrar as falhas e imperfeições. É um pouco como no filme Matrix, mas sem a entidade maligna que controla tudo", brinca o cientista.

Por mais absurdo que tudo isso possa parecer, a ideia é baseada em modelos da física teórica e, na matemática, seria sim possível que a terceira dimensão fosse uma ilusão. Mas, para entendê-la, é preciso analisar tudo em outra escala.

Prazer, Planck.

Na física teórica, os pesquisadores usam a chamada escala de Planck para realizar suas medições. Essa escala foi elaborada pelo alemão Max Planck, que as derivou de constantes fundamentais e chegou à conclusão de que a luz percorre um comprimento de Planck (1.6 × 10^-35 metros) em um tempo de Planck (5.4 × 10^-44 segundos). "Para se ter uma ideia de quão extremas são essas medidas, se uma partícula estiver em um cubo cuja medida do lado seja um Planck, a energia se torna tão alta que a partícula entra em colapso no espaço-tempo e se torna um buraco-negro", diz Hogan.

Recentemente, estudos dos buracos negros e da teoria das cordas sugerem que essa física na escala de Planck é holográfica – ela teria duas dimensões. Normalmente, para localizar um objeto no espaço, os astrônomos usam quatro dimensões: altura, largura, profundidade e tempo – o que os cientistas chamam de 3+1.
 
O uso dessas quatro dimensões permite posicionar um objeto em qualquer lugar do espaço e em qualquer momento. É uma forma de localizar eventos tanto geográfica como cronologicamente.  "No Princípio Holográfico, é como se pensássemos agora em um  2+1, havendo apenas duas dimensões mais o tempo. Pode-se dizer que a terceira dimensão seria uma ilusão, produzida pelo entrelaçamento de tempo e profundidade", diz Hogan.

Essa falsa terceira dimensão não pode ser percebida por nós porque nada viaja mais rápido do que a luz. Ou seja: instrumentos não conseguem encontrar os limites desse holograma, o ponto em que, nessas escalas menores, o universo tende a se tornar "borrado", ou, voltando à analogia com a realidade download, tornar-se "pixelado".

Os estudos revelam, no entanto, que existiria uma maneira de testar essa teoria das duas dimensões e descobrir as imperfeições do holograma (se ele existir): medindo a propagação da luz em diferentes direções.

O Holometer

"O Princípio Holográfico é baseado no estudo de buracos negros, na Física Teórica. Matematicamente, ele funciona. Mas isso não quer dizer que temos uma teoria, que queremos provar que o universo é 2D. O Holometer é um experimento exploratório e está além de toda física que tentamos prever", diz Hogan.

A máquina de custo estimado de cerca de um milhão de dólares teve sua construção iniciada este ano. O projeto inédito deve levar um ano para ficar pronto e o mesmo período de tempo para ser calibrado. Quando a estrutura de cerca de 40 metros de comprimento pela mesma medida de largura finalmente começara funcionar, os resultados devem aparecer rapidamente.

Basicamente, o aparelho funciona unindo duas máquinas chamadas interferômetro Michelson. Em um interferômetro, um feixe de luz é dividido em duas partes que viajam em direções diferentes e então são unidas de volta. As vibrações da luz nas duas direções tendem a afastá-las cerca de uma distância Planck para cada unidade de tempo Planck quando viajam em direções diferentes. Quando são recombinadas, a diferença na fase da luz pode ser medida. No Holometer, sinais de dois interferômetros diferentes (dois sistemas separados, cada um com seu par de feixes) são comparados.  Se a luz dos dois sistemas estiver viajando na mesma direção, no mesmo tempo, os sinais devem mostrar o mesmo "ruído holográfico". Medir esse ruído seria o primeiro experimento direto a acessar a escala Planck e fornecer informações sobre a natureza do espaço e tempo.

"Independente do resultado, esse experimento nos ajudará a unificar uma teoria fundamental da física, e compreender melhor nosso Universo", explica o diretor. "Não estamos trabalhando 'contra' a ideia de um universo 3D. Não vimos nenhuma prova de que o 3D está completamente errado – mas alguns cálculos indicam que ele pode estar levemente errado. Certamente o espaço que aparece para nós é em três dimensões, nós percebemos a existência delas. E isso é obvio. A questão é o que está por trás disso já que, ao estudar a física de buracos negros, por exemplo, os teóricos acreditam que existam na verdade duas dimensões que criam a ilusão de uma terceira", resume ele.

E se nosso universo for mesmo em duas dimensões? Isso não seria um conceito muito estranho para as pessoas? A resposta de um físico teórico de partículas é, na verdade, muito simples: "Já tem muita coisa estranhas na física – e esse não é um conceito mais estranho do que o resto. A única diferença é que ele é novo".
 
Fonte: Info