Por que, no mundo, é tão comum a influência dos maus sobrepujar a dos bons?
"Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão."
"Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão."
O Livro dos Espíritos
Questão 932
Questão 932
Paris, 1857
São chegados os tempos
7. Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de idéias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio.
26. Grande, por certo, é ainda o número dos retardatários; mas, que podem eles contra a onda que se alteia, senão atirar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que surge, ao passo que eles se somem com a geração que vai desaparecendo todos os dias a passos largos. Até lá, porém, eles defenderão palmo a palmo o terreno. Haverá, portanto, uma luta inevitável, mas luta desigual, porque é a do passado decrépito, a cair em frangalhos, contra o futuro juvenil. Será a luta da estagnação contra o progresso, da criatura contra a vontade do Criador, uma vez que chegados são os tempos por ele determinados.
28. (...) Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores.
30. (...) O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar.
31. Uma comparação vulgar ainda melhor dará a compreender o que se passa nessa circunstância. Imaginemos um regimento composto na sua maioria de homens turbulentos e indisciplinados, os quais ocasionarão nele constantes desordens que a lei penal terá por vezes dificuldades em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais numerosos do que os outros. Eles se amparam, animam e estimulam pelo exemplo. Os poucos bons nenhuma influência exercem; seus conselhos são desprezados; sofrem coma companhia dos outros, que os achincalham e maltratam. Não é essa uma imagem da sociedade atual?
Suponhamos que esses homens são retirados um a um, dez a dez, cem a cem, do regimento e substituídos gradativamente por iguais números de bons soldados, mesmo por alguns dos que, já tendo sido expulsos, se corrigiram. Ao cabo de algum tempo, existirá o mesmo regimento, mas transformado. A boa ordem terá sucedido à desordem.
63. Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber.
Allan Kardec
A Gênese
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XVIII
Paris, 1868
A guerra do Rio
A paz social, agora, é possível
A paz social, agora, é possível
Enviado por Milton Corrêa da Costa* - 29.11.2010 | 18h18m
O Rio está de alma lavada como bem citou a manchete do EXTRA de segunda-feira, 29 de novembro. A histórica ocupação, pelas forças legais, do Complexo do Alemão, no bairro da Penha, no Rio, na manhã do domingo, 28 de novembro, mostrada ao vivo e a cores para o mundo, no cenário de uma nova modalidade de guerra, mais difícil e complexa do que a guerra convencional, um guerra urbana com características muito peculiares, deixou demonstrado que quando há cooperação entre as forças de segurança, sem vaidades e melindres e sobretudo vontade política, é possível vencer grandes batalhas e depois a guerra.
O Rio amanheceu, na segunda-feira, 29 novembro, com esperança de dias melhores na área de segurança, abandonada durante anos por políticas equivocadas e romanceadas que acabaram fortalecendo sobremodo o poder paralelo e enfraquecendo o poder das forças de segurança onde alguns policiais, sem respaldo político para combater permanentemente o crime, optaram, ante a fraqueza moral, pela conivência com o mal. Duas políticas de segurança, a do 'bandido-cidadão', no enfoque dos "direitos humanos" e a do bandido-social' , que justificava o crime pela exclusão social, fracassaram e acabaram por tornar o Rio uma das mais violentas cidades do mundo.
Ficou evidenciado também que o duro e contundente golpe desferido ontem contra o narcoterrorismo o enfraqueceu fortemente em suas base: a moral, a econômica e, principalmente, em sua cadeia de comando. Um grupo sem comando tende ao desmantelamento e fracasso. Se persistir o trabalho obstinado das forças de segurança em todos os níveis do poder, com o avanço progressivo da UPPs, numa integração permanente entre as forças legais, dificilmente o poder paralelo no Rio será como antes.
Registre-se que o somatório, com efeito sinérgico (1+1=3) proveniente da vontade política, da cooperação entre as forças de segurança, do apoio da população e da mídia, foi decisivo para vencer a primeira grande batalha. Não há mais no Rio áreas de exclusão à ação legal de polícia. Mais que ocupação de um importante território, no resgate da autoridade do poder público, renovou-se a esperaça de que nossos filhos e netos e todo cidadão tenham assegurado, num futuro não muito longínquo, o direito constitucional de ir e vir. Chega de morrer com tiro de fuzil na cabeça num sinal de trânsito. Lugar de "feras humanas", valentes com um fuzil na mão e covardes quando presos - um dos assassinos de Tim Lopes se urinou ao ser preso ontem - é em presídio de segurança máxima, isolado e confinado em regime disciplinar diferenciado.
A caçada implacável aos narcoterroristas está só começando. Ao governador Sérgio Cabral e à sociedade que almeja a paz, todos os aplausos. Aos derrotistas, o nosso repúdio. O governo e as forças de segurança fizeram a sua parte. Cabe agora aos outros atores, os usuários, abandonarem as drogas. O narcoterrismo perdeu a primeira contenda. A sociedade venceu. O Rio virou, no domingo 28 de novembro de 2010, a página de sua história policial. A paz social agora é possível.
* Milton Corrêa da Costa é coronel da PM na reserva
Fonte: OGlobo