segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

TRANSIÇÃO

Ascendente espiritual na Terra

Weimar Muniz de Oliveira
Presidente do Lar de Jesus, vice-presidente da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas e diretor da Feego

Os tempos são chegados Não é difícil de perceber a ascendência do princípio espiritual sobre o princípio material. A Filosofia e a Religião, ao lado da pesquisa científica, demonstram que o mundo espiritual prevalece sobre o mundo material. E mais: o primeiro governa o segundo, ditando-lhe as normas, os fenômenos e os fatos históricos mais evidentes, que nem sempre são registrados com fidelidade pelos anais terrenos.

O homem, filho de Deus, é espírito, em essência. Enverga e tem envergado, ao longo se sua trajetória, um corpo carnal, com vistas à sua evolução espiritual e à sua integração com as leis da natureza: leis divinas.

Na sua caminhada infinita, rumo à perfeição, tem necessidade da luta ingente na matéria densa, a fim de aprender e experimentar, adquirindo, com o tempo, maior sensibilidade e saber, na continuidade de sua jornada, em demanda a planos cada vez mais sutis da vida, até atingir o estágio que o habilite a conhecer-se a si mesmo e impor-se sobre a matéria.

Para isso atingir, com o passar das eras, a partir do princípio de sua razão e livre-arbítrio bruxuleantes, tem ele que se submeter à dor e aos embates persistentes das formas mais grosseiras.

Filho de Deus que é, caminhará cada vez mais resoluto em busca do abstrato, através do intelecto e do sentimento, eis que nada é mais abstrato, nada é mais intelecto e amor do que Deus, o seu Criador e Pai, Causa das Causas. O homem, diamante ainda bruto, de tríplice aspecto, átimo de luz da Gema Central, errará por vales e montes, até que, um dia, brilhe em toda a sua capacidade e vigor, depois que o tempo, lapidário insubstituível, o devolver, garboso e ofuscante, ao seu "habitat", ao convívio do seu Divino Autor.

Enquanto persistir o seu transladar pelos ambientes densos da crosta, guiar-se-á com as forças intrínsecas de si mesmo, sem embargo da presença constante de seu guardião, que o acompanhará sempre, à conta do Altíssimo. Mas, em essência, é a luz, vacilante ainda, destacada do foco Central, com amor. Por isso mesmo, essa luz, ou ele próprio, o homem é o que pensa, ordena comanda, acionando a vontade. A luz, o EU, ordena, o perispírito transmite a ordem ao corpo e este a executa.

Nessa tríade – espírito, perispírito e corpo físico – consubstancia-se o homem, enquanto em experiência no corpo denso, até que, um dia, na sua plenitude espiritual, não mais terá de se sujeitar à roda trepidante e repetitiva das experiências planetárias.

Há, pois, uma ascendência natural do espírito sobre a matéria, submetendo-a e governando-a. Do mesmo modo, o mundo espiritual exerce irresistível influência e governo sobre os mundos físicos. Frise-se, aliás, que os mundos físicos existem em função do espírito, em razão da necessidade que tem o espírito de experimentar e evolver. O físico pressupõe a existência do espiritual, assim como a sombra reconfortante pressupõe a existência da árvore frondosa.

O governo do planeta Terra Não constitui novidade para os espiritistas que Jesus é o Governador de nosso planeta, um dos nove da família solar.

Conta-se, nos Anais da Espiritualidade Superior, segundo informações de Emmanuel ("A caminho da luz", psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, FEB, 18ª edição, Cap. I, Pág. 17) que a Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, da qual Jesus é um dos membros divinos, reuniu-se por duas vezes já, nas vizinhanças da Terra, para deliberar a respeito dos problemas relacionados com o planeta. A primeira dessas reuniões deu-se quando se decidiu da criação da Terra como mais um dos membros do sistema solar, o qual, na forma de nebulosa ignescente, destacou-se do foco central, há bilhões de anos, chegando ao que é atualmente, conforme deduções da própria ciência oficial.

Nessa augusta assembléia, Jesus fora escolhido o Governador do planeta nascente. Conta-se mais, que a segunda reunião da Colenda Comunidade acontecera quando se decidiu sobre a vinda do próprio Cordeiro Divino à Terra, pra trazer-nos, em pessoa, o seu Evangelho de Amor e Redenção, aqui vivendo a mais brilhante de todas as epopéias.

Foi assim que, sob a supervisão divina e amorável do Grande Mestre, lançaram-se os pródromos das sementes da Terra e sua futura humanidade.

Eis o que nos diz Emmanuel (obra citada, Cap. I, Pág, 21): "Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte do universo galáxico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária, e edificou as usinas de ozone a 40 e a 60 quilômetros de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida organizada no orbe. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias."

Época de transição "Uma nuvem de fumo vem-se formando, há muito tempo, nos horizontes da Terra cheia de indústrias de morte e destruição (...)" expressa-se o mentor espiritual de Francisco Cândido Xavier (obra cit., Pág. 110).

É chegado o momento do acerto de contas.

Não resta dúvida de que o momento é de transição e nenhuma transição se opera sem muita dor e sofrimento. É o que tem ensinado a história de todas as civilizações que transitaram na face da Terra. Sobre o momentoso assunto, a profecia é fértil e repetitiva, desde João, no Apocalipse, a não se falar no Velho Testamento. Os vaticínios do que está para acontecer e que desde há algum tempo já vem acontecendo e que se intensificará dia a dia, até o ápice, constam de inúmeros relatos em diversas obras literárias.

Além do Apocalipse (Cap. I a XXII), de Mateus (Cap. 24 e 25), de Nostradamus ("As Centúrias"), de Allan Kardec ("A Gênese" – Cap. XVII e XVIII – "O Evangelho segundo o Espiritismo"), de André Luiz ("No mundo maior" – F. C. Xavier –Cap. 2 –A preleção de Eusébio), tais advertências e predições constam dos seguintes livros do respeitável Emmanuel (psicografia de Chico Xavier), pelo que nos foi dado apurar: 1- "Há dois mil anos"- Alvoradas do Reino do Senhor; 2- "A caminho da luz"- Introdução e contexto; 3- "Emmanuel"- Fim de um ciclo planetário; 4- "Justiça Divina"- Ante os Mundos Superiores; 5- "Servidores no além"- Onde o remédio; 6- "Sentinela da luz"- Nas convulsões do século XX. Em todas essas obras, os relatos proféticos são concordantes nos pontos fundamentais.

No entanto, dada a necessidade de síntese, cingimo-nos apenas às observações de Emmanuel na obra aqui tomada por base de nossas divagações ("A caminho da luz"), com subsídios de duas outras do mesmo autor. Falando sobre o Evangelho e o Futuro (Cap. XXV – Pág. 213, 214 e 215), escreve: "(...)

Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos "ais" do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a Humanidade.

O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História. (...)

São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu império perecível.

Ditadores, exércitos, hegemonias econômicas, massa versáteis e inconscientes, guerras inglórias, organizações seculares, passarão com a vertigem de um pesadelo. A vitória da força é uma claridade de fogos de artifício. Toda a realidade é do Espírito e toda a paz é a do entendimento do Reino de Deus e de sua Justiça. O século que passa efetuará a divisão das ovelhas do imenso rebanho. O cajado do pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da escolha e a dor se incumbirá do trabalho – que os homens não aceitaram por amor. Uma tempestade de amarguras varrerá toda a Terra.

Os filhos da Jerusalém de todos os séculos devem chorar, contemplando essas chuvas de lágrimas e de sangue que rebentarão das nuvens pesadas de suas consciências enegrecidas.

Condenada pelas sentenças irrevogáveis de seus erros sociais e políticos, a superioridade européia desaparecerá para sempre, como a do Império Romano, entregando à América o fruto das suas experiências, com vistas à civilização do porvir.

Vive-se agora, na Terra, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite; e ao século XX compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos." (Destacamos)

E ainda agora, em recente advertência, através do livro "Sentinelas da luz", que veio a lume em 1990 (Ed. Cultura do Espírito União – 1ª edição –Pag. 46/55), sob o título Nas convulsões do século XX, Emmanuel perora (vide alguns fragmentos):

"(...) Amontoam-se pesadas nuvens nos céus do Oriente e do Ocidente (...) Quem impedirá a tempestade de suor e lágrimas?

Épocas de profundas aflições, dir-se-ia encontrarmos no século XX o fruto de sangue de dezesseis séculos de menosprezo à luz espiritual. (...)

Arraiga-se a injustiça, com a máscara da legalidade, nas organizações dos países mais nobres. (...)

A desconfiança e a discórdia regem as relações internacionais. Racismo tirânico perturba povos avançados. O domicílio dos homens sofrerá terríveis brechas, até que a razão se equilibre nas diretrizes do mundo. A inteligência bestial combaterá ainda a sabedoria divina por longo tempo. Não somos, pois, estranhos à tormenta de lágrimas que cobrirá a fronte dos continentes em dolorosos quadros apocalípticos.

(...) Buscando o Cristo nos templos exteriores e expulsando-O dos corações, fora temeridade espera-lo por salvador gratuito à última hora. (...)

A consciência identificada com o Mestre é o refúgio indispensável." (Destaque nosso)

E para os companheiros do Evangelho assevera: "Irmãos, entrelaçai os braços e uni corações, em torno do Caminho, da Verdade e da Vida!

Tormentas de dor rondam os castelos da vaidade humana e gênios escuros do morticínio acercam-se das moradias sem alicerces.

Os monstros que devoraram as civilizações dos persas e dos assírios, dos egípcios e dos gregos, dos romanos e dos fenícios espreitam a grandeza fantasiosa dos vossos palácios de ilusão! ...
Os oráculos que prognosticaram queda e ruína em Persépolis e Babilônia, Tebas e Atenas, Roma e Cartago prenunciam angustiados vaticínios em vossas cidades poderosas...

Polvos mortíferos do ódio e da ambição desregrada multiplicam-se no oxigênio terrestre, predizendo misérias e desolação. Trazem a fome e a peste em novos aspectos, desorganizando-vos a vida e desintegrando-vos os celeiros...

Todos vivemos tempos dramáticos de prece, espectação e vigília..."

Terceira reunião da Comunidade das Potências Angélicas do Sistema Solar Informa-nos, ainda, o amoroso mentor espiritual (obra cit.-Pag 189) que "Espíritos abnegados e esclarecidos falam-nos de uma nova reunião da Comunidade das Potências Angélicas do Sistema Solar, da qual Jesus é um dos membros divinos", a terceira que se realiza desde a formação do planeta, a fim de deliberar, mais uma vez, sobre os destinos da Terra, neste ocaso do segundo milênio.

 Aproxima-se o instante em que se pode repetir, neste recanto do Universo, o que acontecera alhures, em Capela, ou Cabra, na longínqua constelação do Cocheiro, quando uma leva imensa de capelinos fora degredada para o orbe terráqueo, então quase primitivo, vindo a formar a base de toda a evolução planetária humana, impulsionando-a de alguns séculos ou milênios sob o olhar e proteção amorosos do Nazareno, formando as principais raças-mãe: a civilização egípcia, a Índia védica, a raça hebréia e a Indo-Européia, donde adviram os latinos, os celtas, os gregos, os germanos e os eslavos.

"Que resultará desse conclave de Anjos do Infinito?", pergunta Emmanuel; e responde: "Deus o sabe." "A dor há de vir realizar a obra que não foi possível ao amor edificar por si mesmo" ("Servidores do além"- IDE, 1ª edição, 1989-Pag 20)

O Cristo, porém, é o nosso consolo e o seu grande amor o nosso asilo; suas palavras, que ainda repercutem nos refolhos de nossa alma, a nossa esperança: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos, porque virão dias em que se dirá:- Bem-aventurados os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram! Clamareis, então, para os montes:- Caí sobre nós! E rogareis aos outeiros:- Cobri-nos! Porque se ao madeiro verde fazem isso, que não se fará ao lenho seco?"

("Sentinelas da luz", obra cit., Pág 55). Fonte: Vide texto do subtítulo Época de Transição.



NAS  CONVULSÕES DO SÉCULO XX
Emmanuel

Não bastaram as torrentes do infortúnio que as grandes guerras do século lançaram sobre os vales do mundo.

Acordando, estremunhada, de horrível pesadelo, que perdurou por mais de dois mil dias, e embora os lares desertos, os campos talados, as arcas empobrecidas e as prisões repletas, arregimenta-se a coletividade planetária para novos embates de cegueira e destruição.

Amontoam-se pesadas nuvens nos céus do Oriente e do Ocidente...

Quem impedirá a tempestade de suor e lágrimas?!...

Época de profundas aflições, dir-se-ia encontrarmos no século XX o fruto de sangue de dezesseis séculos de menosprezo à luz espiritual.
Desde Constantino, o Cristianismo puro sofre a intromissão egoística de humanos interesses. Sempre a ofensiva das trevas contra a luz, as arremetidas do mal contra o bem.

É inegável que as instituições terrenas, não obstante constrangidas, revelam apreciáveis características de progresso.  Regressando ao cenário atual, Aristóteles, o oráculo de filósofos e teólogos, não mais aplaudiria o cativeiro, declarando o escravo "propriedade viva"; Ignácio de Loiola, o santo, a pretexto de preservar a fé, não mobilizaria os tribunais da Inquisição.

A influência do Cristianismo determinou enormes transformações na cultura  administrativa. Entretanto, a dignificação da personalidade permanece apenas esboçada.

Os aviltamentos do ódio campeiam em todos os climas. Arraiga-se a injustiça, com a máscara da legalidade, nas organizações dos países mais nobres.

Há desvarios do poder em toda parte.
Baraço e cutelo, metamorfoseados nos mais estranhos aparelhos de tortura e de morte, são ainda recursos da toga.

A desconfiança e a discórdia regem as relações internacionais.

Racismo tirânico perturba povos avançados. Conflitos ideológicos tremendos aguçam o raciocínio a soldo da ciência perversa.
E, coroando o sombrio edifício, instalou-se a guerra entre os homens, à maneira de sorvedouro infernal.

O conceito de civilização flutua ao sabor dos grupos dominantes.  Para alguns, repousa na economia ou na força; para outros, no direito exclusivista ou na liberdade de praticar o mal. E, do que podemos presumir, não está próxima a equação do inquietante problema.

Há sempre volumosos contingentes para ganhar a demanda, mas raros homens se preocupam em ganhar a harmonia.

O domicílio dos homens sofrerá terríveis brechas, até que a razão se equilibre nas diretrizes do mundo.

A inteligência bestial combaterá ainda a sabedoria divina por longo tempo.

Não somos, pois, estranhos à tormenta de lágrimas, que cobrirá a fronte dos continentes em dolorosos quadros apocalípticos.  Constituímos o fruto do que fomos, colhemos na pauta da semeadura.

Nisto não vai estima às predições de Cassandra, nem barateamento às profecias.

Buscando o Cristo nos templos exteriores e expulsando-O dos corações, fora temeridade esperá-lo por salvador gratuito à última hora.

Eis porque, à frente dos atritos formidandos dos dias que passam, apelamos para os seguidores do Evangelho, a fim de que se unam no culto à religião interior.

A consciência identificada com o Mestre é refúgio indispensável.

Se as doutrinas da força somente representam a decadência das nações, por libertarem o vandalismo, restituindo o homem à animalidade primária, é justo reconhecer que a democracia sem orientação cristã não pode conduzir-nos à concórdia desejada.  Realmente, a Revolução Francesa, que inaugurou grandes movimentos libertários do Planeta, filiava-se, no fundo, às plataformas elevadas. 

Objetivava o término das administrações inconscientes, o fim da ociosidade consagrada, a extinção de prerrogativas delituosas, o reajustamento do governo e do sacerdócio, em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

 Muitos dos patrocinadores da renovação acreditaram-se movidos pelo messianismo evangélico; no entanto, esqueceram-se de que Jesus advogara a liberdade de obedecer a Deus contra o mal, a igualdade dos deveres para que o mérito marcasse a responsabilidade, e a fraternidade verdadeira, dentro da qual há mais alegria em dar que em receber.

 Conspurcada nos fundamentos, a Revolução, desbordando nos instintos sanguinários, em breve degenerou-se nas lutas napoleônicas, estabelecendo, no mundo, as guerras odiosas de povo a povo.

 Desde então, a Terra, em sua geografia política, é uma colméia desesperada, que só a cristianização da democracia poderá reajustar.

O angustioso enigma prende-se à ordem espiritual. Impraticável o erguimento do edifício sem bases. Impossível a organização de instituições respeitáveis sem sentimentos humanos dignificados.

O homem elevar-se-á com o Cristo para levantar a política até o plano do equilíbrio divino ou a política sem Cristo, seja qual for a bandeira a que se acolhe, precipitará o homem no caos.

Este - o dilema da atualidade, em que a ventania da destruição assopra de novo...

E, não obstante edificados na certeza de que tudo coopera em benefício dos que amam a Deus, das claridade de além-túmulo, repetimos para os companheiros do Evangelho:

- Irmãos, entrelaçai os braços e uni corações, em torno do Caminho, da Verdade e da Vida! Tormentas de dor rondam os castelos da vaidade humana e gênios escuros do morticínio acercam-se das moradias sem alicerces. 

Os monstros que devoraram as civilizações dos persas e dos assírios, dos egípcios e dos gregos, dos romanos e dos fenícios espreitam a grandeza fantasiosa dos vossos palácios de ilusão!... Os oráculos que prognosticaram queda e ruína em Persépolis e Babilônia, Tebas e Atenas, Roma e Cartago pronunciam angustiados vaticínios em vossas cidades poderosas...

Polvos mortíferos do ódio e da ambição desregrada multiplicam-se no oxigênio terrestre, predizendo misérias e desolação.  Trazem a fome e a peste em novos aspectos, desorganizando-vos a vida e desintegrando-vos os celeiros...

Todos vivemos tempos dramáticos de prece, expectação e vigília...

E, enquanto o aquilão da impiedade ruge destruidor, reunamo-nos na Jerusalém do íntimo santuário!...

Sigamos o Senhor na via dolorosa, como quem sabe que Ele prossegue à nossa frente, desvelando-nos o caminho da ressurreição eterna. 

Vejamo-Lo, heróico e divino, em seu apostolado de sublime renúncia, vergado à cruz de nossas fraquezas milenárias...

É natural que nossos olhos espreside aos destinos, ouçamo-Lo a dirigir-se às mulheres piedosas que se lhe ajoelhavam aos pés, na cidade santa: "Filhas de Jerusalém, não chorais por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos, porque virão dias em se dirá:

- Bem aventurados os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram!  Clamareis então para os montes: -Caí sobre nós!  E rogareis aos outeiros:

- Cobri-nos!  Porque se ao madeiro verde fazem isto, que se não fará ao lenho seco?"

(De "Sentinelas da Luz", de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos)



Ante os mundos superiores

Reunião pública de 21-8-61
1ª Parte, cap. III, item 11

Quando nos referirmos aos mundos superiores, recordemos que a Terra, um dia, formará entre eles, por estância divina. Atualmente, no entanto, apesar das magnificências que laureiam a civilização em todos os continentes, não podemos alhear-nos do preço que pagará pela promoção.

Sem dúvida, os campos ideológicos da vida internacional entrarão em conflitos encarniçados pelo domínio. As nuvens de ódio que se avolumam, na psicosfera do Planeta, rebentarão em tormentas arrasadoras sobre as comunidades terrestres. Contudo, as vibrações do sofrimento coletivo funcionarão por radioterapia na esfera da alma, sanando a alienação mental dos povos que sustentam as chagas da miséria, em nome da idéia de Deus, e daqueles outros que pretendem extirpá-las, banindo a idéia de Deus das próprias cogitações. Engenhos de extermínio desintegrarão os quistos raciais e as cadeias que amordaçam o pensamento, remediando as agonias econômicas da Humanidade e dissipando as correntes envenenadas do materialismo, a estender-se por afrodisíaco da irresponsabilidade moral.

*

Enunciando, porém, semelhantes verdades, é forçoso dizer que não somos profetas do belicismo, nem Cassandras do terror.

Examinamos simplesmente o quadro escuro que as nações poderosas organizaram e que lhes atormenta, hoje, os gabinetes de governança, ainda mesmo quando se esforçam por disfarçá-lo nos banquetes políticos e nos votos de paz.

E, ao fazê-lo, desejamos apenas asseverar a nossa fé positiva no grande futuro, quando o homem, superior a todas as contingências, respirar, enfim, livre dos polvos da guerra que lhe sugam as energias e lhe entornam inutilmente o sangue em esgotos de lágrimas.

*

Abrindo as estradas do espírito para essa era de luz, abracemos a charrua do suor, pela vitória do bem, seja qual seja o nosso setor de ação.

Obreiros da imortalidade, contemplaremos os habitantes da Terra a emergirem de todos os escombros com que pretendam sepultar-lhes as esperanças, elevando-se em direitura de outras plagas do Universo! E enquanto nos empenhamos, cada vez mais, em largas dívidas para com a Ciência que nos rasga horizontes e traça caminhos novos, vivamos na retidão de consciência, fiéis ao Cristo, no serviço incessante de burilamento da alma, na certeza de que, se a glorificação chega por fora, a verdadeira felicidade é obra de dentro.



ONDE  O  REMÉDIO?

Emmanuel

Meus amigos, muita paz.

Se a noite é das crianças, eu também quero fazer-me pequenino, dentro da humildade da minha posição espiritual e, de coração genuflexo com o vosso, elevo o pensamento sincero ao Senhor do Trabalho e da Seara, suplicando-Lhe Bênçãos Divinas para o vosso esforço, Bênçãos essas que muito particularmente desejo aos nossos irmãos que vieram de longe, trazendo aos companheiros da causa da Verdade e da Luz, a palavra da fraternidade e do amor.

Enquanto as ruinarias vão povoando o planeta, vítima dos mais sérios desequilíbrios, dentro da crise ideológica e moral que há muito tempo, lhe trabalha o imenso organismo social e político, estais aqui no labor educativo, o caminho primário do reerguimento humano, a estrada primordial da regeneração da vida terrestre, ansiosa de atingir as elevadas finalidades do seu alto destino.
*
Os vossos tempos refletem amargamente a angústia coletiva de todos os povos, em face dessa aluvião de escombros que prenuncia terrível para os anos próximos, como corolário de desvios e de antagonismo irreconciliáveis, tão somente criados pela mentalidade humana, dentro de seu abuso de liberdade.
*
Dores amargas se anunciam nesse paiol de abundância e de super-produção, que a inteligência da humanidade criou para a sua vida. E a verdade é que as facilidades da civilização deveriam constituir um índice soberbo de aproveitamento espiritual, por parte das criaturas, detentoras dos mais notáveis progressos científicos nos tempos modernos.

*

Entretanto, os penosos acontecimentos que se verificam nestes dias de confusão, de angustiosa expectativa, bem demonstram o contrário.
O homem da estratosfera e das profundidades submarinas; o homem da mecânica e da eletricidade, da genética e da biologia, da física e da química, da filosofia e das religiões, em voltando para dentro de si, vem encontrando a sua mentalidade obscura de há dois milênios.

*

É esse fenômeno de antagonismo evidente entre o homem físico e o homem moral, a causa da subversão de todos os valores morais que vindes constatando.

Onde o remédio? Todos os pensadores se reúnem para comentar a necessidade dos tempos. Os políticos convocam ministérios e gabinetes; os filósofos aventam teorias novas em sociologia, mas a verdade é que os cataclismos caminham no ar, sem que os poderes humanos consigam determinar-lhes a marcha.

*

Todos os corações sentem que existe algo para acontecer; aguardam angustiados uma novidade nos ares, como se sombrios vaticínios pesassem sobre a sua vida de relação e a realidade é que nem os políticos e nem os filósofos, nem os economistas e nem os sociólogos podem dirimir as profecias singulares e dolorosas, impossibilitados de recurso, desconhecendo o remédio necessário à paz coletiva e à prosperidade mundial.

*

Mas uma corrente de lutadores batalha hoje na vanguarda dos tempos. Vive desprotegida de todo amparo oficial da política administrativa, não se veste com as penas de pavão do cientificismo do século.

O tóxico do intelectualismo com todo os seus excessos perniciosos não lhe é familiar.Os trabalhadores são humildes.

Assemelham-se àqueles homens desprezados que construíram com os seus martírios e com as suas lágrimas as bases augustas do Cristianismo na civilização do Ocidente.

*

Não tem títulos, nem prerrogativas e nem sinais particularizados, mas de seus corações e de suas palavras, dimana a lição preciosa d'Aquele que reenvia ao mundo os seus verbos luminosos.

*

São os trabalhadores do Espiritismo que, de fato, começam pelo princípio, isto é, pela educação, único meio eficaz e seguro da realização almejada.
Educação no Evangelho Redivivo, na disseminação de verdades santas que as igrejas sectaristas abafam por mais de um milênio, no silêncio frio de seus calabouços, calando interesses inconfessáveis.

*

É verdade que essa falange de operários não poderá modificar a face do mundo de um dia para o outro. Não poderão esses servos da ultima hora, afastar do espírito coletivo das multidões delinqüentes, o quadro nefasto da guerra e do extermínio, criado pela sua ambição e pelo seu despotismo, longe daquele Reino de Deus que se constitui de Sua Justiça.

*

A dor há de vir realizar a obra que não foi possível ao amor edificar por si mesmo Todavia, o futuro está cheio daquela luz misericordiosa que promana do Alto para todos os corações da nova geração, dentro desse generoso labor do Espiritismo Cristão, na pedagogia renovada à luz do Evangelho do Senhor e dentro dessas edificações novas e sublimes, poder-se-á esperar o homem de amanhã, que, consciente do seu dever e da sua obrigação divina, possuirá a Terra e o Céu com os seus Infinitos Tesouros.

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