quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Epigenética, a eficácia da atitude

"O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira."

Os sofrimentos deste mundo independem, algumas vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à nossa vontade. Remonte cada um à origem deles e verá que a maior parte de tais sofrimentos são efeitos de causas que lhe teria sido possível evitar. Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, numa palavra: às suas paixões? Aquele que sempre vivesse com sobriedade, que de nada abusasse, que fosse sempre simples nos gostos e modesto nos desejos, a muitas tribulações se forraria.

Já nesta vida somos punidos pelas infrações que cometemos das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males conseqüentes dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos. Se, gradativamente, remontarmos à origem do que chamamos as nossas desgraças terrenas, veremos que, na maioria dos casos, elas são a conseqüência de um primeiro afastamento nosso do caminho reto. Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de conseqüência em conseqüência, caímos na desgraça.
 
O Livro dos Espíritos
Itens 257 e 921
Paris, 1857
 

 
Estilo de vida altera DNA e influencia metabolismo
Redação do Diário da Saúde
01/10/2013

A herança epigenética já mostrou que as células herdam informação que não está no DNA.
 
Outrora visto como um registro definitivo a guiar o que acontece ou não com o corpo humano, hoje o DNA já é encarado com outros olhos por um crescente número de cientistas.
 
Já está bem estabelecido, por exemplo, que o estilo de vida induz alterações no DNA.

Essas alterações podem ter efeitos específicos sobre o metabolismo, sendo benéficos ou causando danos nos órgãos ou doenças, dependendo do estilo de vida.
 
No decurso da vida, as influências ambientais e fatores de estilo de vida - como a dieta, o tabagismo ou a ingestão de bebidas alcoólicas - ou processos como o envelhecimento, induzem alterações bioquímicas no DNA.
 
Frequentemente, essas alterações levam à metilação do DNA, um processo no qual grupos metílicos são adicionados a segmentos específicos do DNA, sem alterar sua sequência.
 
Esses processos podem influenciar a função do gene, sendo conhecidos como epigenética.
 
Epigenética e metabolismo
 
Cientistas do Centro Médico Helmholtz (Alemanha) identificaram agora 28 alterações no DNA associadas a características metabólicas.
 
Este é o primeiro estudo de larga escala associando o epigenoma com metabólitos e genes modificados pelo estilo de vida.
 
O grupo analisou mais de 457 mil locais no DNA em busca de alterações bioquímicas, e comparou-as com as concentrações de 649 metabólitos diferentes.
 
A análise revelou que a metilação de 28 segmentos de DNA altera uma série de processos metabólicos importantes.
 
"Este estudo nos dá novas informações sobre como os fatores de estilo de vida podem influenciar o metabolismo através das alterações resultantes no DNA", afirmam Melanie Waldenberger e Christian Gieger.
 
"Agora podemos usar estes resultados para desenvolver novas abordagens diagnósticas e terapêuticas para doenças relacionadas com o estilo de vida, tais como o diabetes", concluíram

Há outros grupos procurando associações mais específicas no epigenoma, procurando descobrir, por exemplo, como a epigenética altera os genes ligados ao câncer.
 
 

 
Epigenética: como alterar seus genes alterando seu comportamento
Com informações da revista Unesp Ciência
24/10/2012 

Hoje já se sabe, por exemplo, que exercícios físicos alteram o DNA e até que o mesmo gene que mata uma pessoa pode não afetar outra.

Gene interruptor de gene
 
Sabe para que servem 10 mil dos 20 mil genes que cada ser humano carrega dentro de suas células?
 
A resposta veio à tona no mês passado, com a divulgação dos resultados da segunda etapa do projeto de pesquisa internacional conhecido como Encode.
 
Maior parte do DNA humano tem função bioquímica e não é "lixo"

O Encode teve início em 2003 e envolveu 440 pesquisadores de 32 laboratórios.
 
A quantidade de dados gerados foi tamanha que os resultados demandaram nada menos que 30 artigos científicos diferentes, publicados na Nature e em outras duas revistas.
 
Epigenética
 
A compilação dos dados mostrou que a função de metade de nosso genoma é regular a atividade da outra metade, uma constatação que surpreendeu até os cientistas.
 
"Se alguém dissesse que a metade ou mais dos nossos genes possui informações para ligar e desligar a outra metade, não sei se alguém acreditaria nele", comentou John Stamatoyannopoulos, pesquisador da Universidade de Washington, que participou do projeto.
 
A divulgação dos resultados do Encode é uma demonstração da importância que cada vez mais ganham os estudos da área conhecida como epigenética, que estuda precisamente os mecanismos de ativação dos genes.
 
A epigenética lida com os mecanismos bioquímicos pelos quais os genes são "ativados" ou "desativados", explica Paula Rahal, coordenadora do Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp em São José do Rio Preto, que atua na área há uma década.
 
O genoma carrega as informações necessárias para criar todas as estruturas que compõem o organismo. E cada gene possui, de forma codificada, a receita para produzir uma determinada proteína.
 
Nos genes "ativados", a produção da proteína correspondente ocorre normalmente. Isto é chamado de expressão gênica.
 
"Os genes 'desativados' não se expressam, isto é, não conseguem reproduzir a proteína cuja informação possuem de forma codificada", descreve Paula.
 
Ambiente afeta os genes
 
Há décadas, pesquisas mostram que fatores como maus hábitos alimentares, sedentarismo, ingestão de álcool, tabagismo etc. exercem influência negativa na saúde e muitas vezes estão associados à maior ocorrência de vários males.
 
Por meio do estudo dos mecanismos de ativação e desativação genética, os cientistas estão conseguindo compreender melhor as vias pelas quais se dá esta interação entre o genoma do indivíduo e o ambiente em que ele vive.
 
Segundo Paula, por meio da epigenética estamos começando a entender como o estilo de vida afeta os genes.
 
Hoje já se sabe, por exemplo, que exercícios físicos alteram o DNA e até que o mesmo gene que mata uma pessoa pode não afetar outra.

Nutrigenômica
 
"Já há dados na literatura sugerindo que seria possível interferir no funcionamento dos genes, tanto no caso da obesidade quanto no do câncer, por meio da dieta. Se isso for possível, poderemos reduzir o uso de medicamentos. Este é um dos focos da nossa pesquisa", diz Daisy Salvadori, diretora do Laboratório de Toxicogenômica e Nutrigenômica da Unesp em Botucatu.
 
A pesquisa sobre a possibilidade de influenciar o funcionamento dos genes pela alimentação é denominada de nutrigenômica.
 
"Duas pessoas podem seguir exatamente a mesma dieta, mas vão absorver os alimentos de forma totalmente diferente", explica Bruno Luperini, membro do grupo de Daisy. "Isso ocorre porque um organismo possui milhares de elementos diferenciados em relação ao outro. Pode ser que estas diferenças também influenciem a maneira como cada pessoa responde à cirurgia de redução de estômago", explica.
 
A expectativa é que os resultados ajudem a entender melhor o intrincado maquinário genético associado à obesidade.
 
"A obesidade é uma doença complexa, que resulta da interação entre o ambiente e vários genes, que possuem funções diferentes. Há aquele que está ligado à sensação de fome, o que causa a saciedade, o que influencia a escolha por alimentos mais calóricos, o que está associado à absorção de nutrientes", explica Bruno.
 
Por isso, a pesquisa vai analisar não um, mas um grupo de milhares de genes, a fim de identificar sinais de processos epigenéticos que possam estar contribuindo para que alguns pacientes experimentem uma redução de peso maior do que outros após a cirurgia bariátrica.
 

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