terça-feira, 27 de julho de 2010

A Alegria do Recomeço...

 


Queridos amigos, bom dia!

É com imensa alegria que comunico a todos que neste final de semana retornamos às atividades do Grupo Espírita Obreiros da Caridade - GEOC - em Palmares.

Após a enchente não havíamos ainda limpado e arrumado o centro, porque entendemos que era hora de cuidarmos dos "vivos" e que os amigos espirituais compreenderiam o afastamento temporário por conta das atividades em prol dos desabrigados.

Neste sábado(24/07/10) fomos Eu, Lilian, Pedro, Junior e Sr. João ao centro e iniciamos a limpeza e a arrumação. Graças a Deus o trabalho correu perfeitamente bem e no domingo 25 já estávamos fazendo reunião normalmente.

Dentre os prejuizos que tivemos (e acreditem que poderia ter sido bem pior se a água subisse mais - basta olhar a imagem abaixo) estão:
- mais de 300 livros;
- livros de estudo (LE, ESE, LM) e Apostilas diversas;
- mais de 30 DVD´s e CD´s com palestras e filmes;
- 01 gelágua;
- 02 microfones;
- 01 caixa de som amplificada;
- 01 mesa da sala mediúnica;
- 02 portas;
- 01 estante de livros (perda total) e outra com perda parcial;


entre tantas outras coisas menores que se esvaíram (documentos, cadernos, material da evangelização, etc).

Os outros centros, nossos irmãos, daqui da cidade ainda estão efetuando a limpeza, porque foram bem mais atingidos que o GEOC, mas certamente estarão funcionando o mais rápido possível.

Neste domingo estivemos na reunião representantes dos centros Obreiros da caridade e Violeta Griz, trocando experiencias e realizando um evangelho em agradecimento ao retorno das atividades da casa.

Embora com um deficit de trabalhadores e de equipamentos, o importante é que continue o trabalho de amor e dedicação, agora mais necessário que nunca. Por isso estamos retornando com o trabalho da Sopa, Palestras, Atendimento Médico, Reuniões de estudo e Mediúnica.

Fica o convite para todos que desejarem participar de nossas reuniões públicas as terças e domingos, sempre às 20:00h.

Paz com todos.

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           João Batista Sobrinho
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domingo, 18 de julho de 2010

Um Mundo Melhor

 
"Ramon, Fiquei chocada com o que li aqui. Em pleno século XXI ainda somos vítimas de preconceito." Magda.

 
Oi, Meg.
 
Vi isso na TV.
 
Trata-se de uma minoria ruidosa, já muito preocupada com a acelerada diminuição de seu espaço na história. Enquanto estes se refugiam em comunidades inexpressivas na internet, com o propósito de fazer barulho para expurgar suas frustrações, uma maioria esmagadora fez questão de expressar sua solidariedade, em forma de donativos que não param de chegar. Sem falar nos voluntários que surgiram de todas as partes. A ajuda chegou até de países vizinhos, exigindo a participação as forças armadas para a entrega do material.
 
Suzi e eu acompanhamos por alguns dias o trabalho de um grupo ecumênico que recebia, separava e distribuía donativos. Caminhões repletos não paravam de chegar do todas as partes do país, apesar da dificuldade de acesso causada pela interdição de muitas pontes e estradas. Foi uma experiência inesquecível, que nos deixou três certezas: 1. a solidariedade no mundo está aumentando, como provam os recentes episódios em Santa Catarina, no Haiti e no Nordeste; 2. a fome está cada vez menos associada às situações de calamidade, deixando de ser sua principal consequencia, como era no passado; 3. o mar de lama foi rapidamente encoberto por uma caudalosa enchente de solidariedade, que ainda ocupa um espaço menor na imprensa, mas já não pode deixar de ser notada.
 
O preconceito é um impulso essencialmente irracional, que se alimenta da ignorância e não aceita dialogar coma razão. Tão irracional, aliás, que o preconceituoso nem percebe que é sempre uma vítima de si mesmo. Um carioca que declare ódio aos nordestinos, por exemplo, talvez não saiba que nos Jogos Panamericanos de 2007, no Rio, os ateltas norteamericanos receberam uma cartilha que os previnia sobre os riscos do contato com uma civilização mais atrasada. E nada garante que na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, também no Rio, esta mesma cartilha não venha a ser reeditada.
 
Cada vez mais somos chamados a decidir em que mundo escolheremos viver. Um mundo transparente, honesto, solidário e fraterno se mostra cada dia mais nítido. É para este mundo que estamos migrando. E é neste mundo que a ignorância não conseguirá sobreviver.
 
Forte abraço.
 
Ramon de Andrade
raesa@ig.com.br
Palmares-PE


Comunidade no Orkut declara ódio as vítimas das enchentes do Nordeste
 
Desde que as fortes chuvas caídas no mês de junho devastaram 67 municípios de Pernambuco e quase 30 de Alagoas, a solidariedade, não só dos nordestinos, mas de todo o Brasil tem sido vista em forma de doações para aqueles que perderam tudo. Na contramão, internautas que se utilizam da rede social Orkut passaram a demonstrar outro tipo de "preocupação" com as vítimas das enchentes: um possível aumento da migração de nordestinos para o Sudeste.

Cheias de depoimentos preconceituosos e discriminatórios - os usuários chegam a se referir aos nordestinos como merdestinos e animais -, as comunidades abrigam declarações do tipo: "Pessoal com essas enchentes no nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP, tô muito preocupada com isso. Vai ter mais lixo do que já tem aqui", declarou a usuária Julia Shellman, membro da comunidade Eu odeio nordestino.

As frases postadas pelos membros da comunidade causam estarrecimento não só pelo preconceito com a região, mas igualmente pela falta de sensibilidade e respeito aos mais de 50 mortos e mais de 100 mil desabrigados e desalojados nos dois estados.

Confira trechos do diálogo entre os jovens sobre o assunto:

Nadine Santos: "eles deviam aproveitar que alagou tudo por la e nadar um pouquinho eles adoram agua suja..."
Thomas Rebel: "Eles não conseguem nadar, pois a cabeça deles os faz afundar como uma ancora! Mas o q seria mais sujo, a agua da enchente ou os merdestinos? // Seria bom se todos eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal q não sabe nadar!!!"

Outras comunidades similares também existem (algumas desde 2008) como a intitulada Não queremos nordestinos em SP e Eu odeio o Nordeste, mas o conteúdo ganhou proporção o marcador Enchente no Nordeste começou a ser divulgado na rede de microblogs Twitter. Ofendidos, nordestinos passaram a responder no mesmo tom de ofensas com que foram atacados e prometeram denunciar aos responsáveis legais do Orkut e à Polícia Federal a prática discriminatória do grupo. 

O psicólogo americano Allport, criador do método para medir o preconceito na sociedade, definiu: "o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade". Já para o filósofo Adorno (1950) o preconceituoso possui "uma personalidade autoritária ou intolerante". Seja qual forem os motivos que levaram estas pessoas a divulgar o ódio que sentem pelos nordestinos, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já está adotando as medidas necessárias para punir os responsáveis.

"Identificamos na comunidade o crime de racismo, incitação a violência, incitação ao crime e vamos levar o caso a Polícia Federal. Há ainda a possibilidade de o estado de Pernambuco entrar com uma ação contra o Google que permitiu e permite que estas páginas estejam no ar", explicou o procurador do MPPE José Lopes, especialista em crimes cibernéticos.

Por Ana Luiza Machado
Fonte: DiarioDePernambuco

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Movimentos Dissidentes no Espiritismo

OS ARAUTOS DA QUARTA REVELAÇÃO E OS REFORMADORES
 
A "religião espírita", fundada na idéia da "revelação divina", estimula a eclosão de movimentos que se atribuem a missão de ampliá-la superando o espiritismo para dar lugar a uma sonhada "4ª revelação", com a presença de um "Allan Kardec reencarnado" e com o anúncio da volta triunfal de Jesus Cristo.
 
Em todos os países onde detém alguma influência, o espiritismo tem presenciado o surgimento de movimentos, a partir de lideranças messiânicas que, tomando-o como uma revelação de caráter religioso, reconhecem-se como reencarnações de Allan Kardec ou de históricos líderes do cristianismo. Personagens carismáticas fundam, assim, novos movimentos com a suposta missão de suplantar o espiritismo que, para eles, estaria ou desviado de suas finalidades, "tomado pelas trevas", ou superado em algumas de suas crenças e práticas.
 
No Brasil, entre outros, três movimentos com origem no meio espírita oferecem esse perfil messiânico- religioso:
 
LBV e a Religião de Deus
 
Dentre os movimento surgidos no seio do espiritismo, a Legião da Boa Vontade, fundada em 1949 pelo radialista Alziro Zarur (1914-1974), foi talvez o de maior impacto. Zarur acreditava-se a reencarnação de Allan Kardec. Estimulado pela audiência de seu programa radiofônico "A Hora da Boa Vontade", onde popularizou a oração do copo d'água, na Rádio Globo do Rio de Janeiro, estruturou a Legião da Boa Vontade, afirmando que, para isso, recebera missão expressa em mensagem mediúnica de São Francisco de Assis.
 
Roustainguista convicto, Alziro Zarur, a par de consistente obra social que se espalhou por todo o Brasil, terminou também por proclamar o que chamou de "a religião de Deus", uma proposta ecumênica, partindo da idéia de que, em sua síntese "todas as religiões são cristãs" e que deverão ser reunidas numa única, com "a volta triunfal de Jesus", por eles chamado "o Cristo estadista".
 
A LBV pressupõe a existência de quatro grandes revelações religiosas: a mosaica; a cristã; a dos espíritos, instrumentalizada por Kardec e Roustaing: e, finalmente, a "religião de Deus", revelada a Alziro Zarur.
 
Com a morte de Zarur, assumiu a direção da LBV o também radialista e advogado José de Paiva Netto, figura igualmente carismática, dotada de elevado espírito empreendedor e que seria, na interpretação de seus seguidores, a reencarnação do advogado francês Jean Baptiste Roustaing.
 
Recentemente, a partir de denúncias formuladas pela Rede Globo de Televisão, a LBV passou a ser objeto de investigações, sob a acusação de desvios de recursos da instituição beneficiando alguns de seus dirigentes, especialmente Paiva Netto, que teria acumulado considerável patrimônio, gerindo recursos do movimento que se espalha por vários países da América e alguns da Europa.
 
O Divinismo de Osvaldo Polidoro
 
Osvaldo Polidoro (1910-2000), sem ter a mesma expressão de Zarur, e dizendo-se, igualmente, a reencarnação de Kardec (e, antes, de Elias), é o criador de um movimento chamado "Divinismo".
 
Polidoro também teve sua formação no meio espírita. Foi um dos fundadores da Federação Espírita do Estado de São Paulo, quando já se anunciava como Kardec reencarnado, "revelação" que havia recebido aos 15 anos de idade. Seus seguidores afirmam que Polidoro deixou o movimento espírita porque, ali, desejavam "dogmatizar sobre Kardec" e porque "não aceitaram a restauração da obra" que ele veio terminar e que fora prevista pelo próprio Kardec em "Obras Póstumas".
 
Tais afirmações podem ser vistas no site www.divinismo.org , onde também o movimento estruturado por Polidoro descreve-o como alguém que, após sua última encarnação, é hoje um  "Espírito, que já completou a sua evolução e encontra-se deificado ou plenamente reintegrado ao Princípio". Diz que a doutrina por ele deixada, complementando a missão que interrompera no Século 19, com a personalidade de Allan Kardec, "ensina que sobrará apenas um ismo, o único que retrata fielmente a Doutrina do Caminho do Senhor, o "Divinismo".
 
O Divinismo sustenta que Jesus deverá voltar, através da reencarnação, neste Século 21, porque é apenas um "espírito a caminho da deificação", diferentemente de Polidoro (Elias/João Batista/Kardec), que não precisa mais reencarnar por já estar deificado.
 
Home-page do "Divinismo" sustenta que Polidoro, reencarnação de Kardec, já está "deificado"
 
O Protestantismo espírita de José Queid
 
Dirigente de uma dinâmica casa espírita de São José do Rio Preto –SP, (Grupo Espírita Bezerra de Menezes), o piloto aviador José Queid Tufaile Huaixan liderou, na década de 90, o chamado Movimento de Reformas, com propostas de dinamização do movimento e da administração de casas espíritas. Promovendo eventos denominados ENTRADE – Encontro de Trabalhadores da Doutrina Espírita, de sucessivas edições, com ampla participação de dirigentes e trabalhadores espíritas, Queid também editava um jornal denominado "A Voz do Espírito", com grande circulação no movimento espírita brasileiro. Defensor intransigente da "religião espírita", nessa mesma época, sustentou, pela imprensa, vários debates com dirigentes da CEPA, criticando seu laicismo, que confundia com materialismo, e concitando-a a deixar o movimento espírita, pois que, segundo ele, as propostas da Confederação Espírita Pan-Americana contrariavam os postulados do "cristianismo redivivo" que é a terceira revelação divina.
 
A partir do ano 2.000. apoiando-se em mensagens que, dizia, eram recebidas mediunicamente por seu grupo, firmadas por entidades que se apresentam como José de Arimatéia, São Luís, Erasto, Simeão e João Huss, seu site na Internet (www.novavoz.org.br)  passou a veicular críticas generalizadas ao movimento espírita. Uma delas, com o título de "Momentos de Decisão" registrou que os espíritas "a cada dia, destoam-se da realidade sem o perceber". Fala da decadência do movimento espírita, atribuindo-a à presença de "mescla de católicos, protestantes e livre-pensadores". E que "pela predominância absoluta dos primeiros (católicos) e vaidade dos derradeiros (livre-pensadores), é natural que os rumos não fossem outros senão o que observais". A mensagem prevê que "o movimento espírita será sufocado pela aproximação do mundo que se avizinha" e que "quem tem olhos de ver pode perceber que nas casas espíritas pouco se encontra que, em verdade, seja capaz de reformar vidas". Em tom profético e apocalíptico, a mensagem faz esta exortação àqueles que teriam desviado os rumos da "3ª revelação": "vós que não temeis ao Pai, nem à Sua justiça, sereis condenados a humilhações tenazes no fim dos tempos".
 
A ruptura com o movimento espírita
 
Nesse mesmo tom, concretizando a ruptura com o movimento espírita, o site do antigo Grupo Bezerra de Menezes  informou, em comunicado nele inserido em 1°/01/03, que dali por diante, as instituições adesas à União de Irmãos (nome adotado pelo grupo) formariam um "novo movimento religioso, denominado Renovação Cristã", deixando, assim "de fazer parte definitiva e completamente do chamado Movimento Espírita que, ao nosso ver, não tem identidade com a proposta evangelizadora de Jesus Cristo, nem com Allan Kardec".
 
Com destaque em seu site, expressa o que chama de "Pensamento Reformista", nesta sentença de Martinho Lutero, fundador do Protestantismo: "Quem não quiser vagar como os cegos deve olhar para além das obras, dos mandamentos ou da doutrina sobre as obras. Antes de mais nada, deve considerar a pessoa e a maneira de ela se tornar justa. Contudo ela só se tornará justa por meio da Palavra de Deus e da fé".
 
José Queid lidera o movimento religioso "Renovação Cristã" proveniente do movimento espírita

Nossa Opinião
 
AFASTAMENTOS NATURAIS
 
São tantos que seria impossível fazer uma lista exaustiva das religiões, movimentos ou seitas surgidos às margens do espiritismo. O caráter do "livre exame" que lhe atribuiu Allan Kardec, favorece dissensões e derivações, como ele próprio previu. Afinal, não estamos tratando de questões de fé, mas de entendimento.
 
Não parece haver dúvida, contudo, que é precisamente do caráter exacerbado de religião, a ele atribuído ao curso do tempo, que derivaram suas mais graves distorções. Também disso o lúcido espírito de Kardec apercebeu-se antecipadamente ao afirmar, no debate travado com o Padre Chesnel, que, na medida em que se classificasse o espiritismo como uma religião, equívoco no qual reincidia o abade,  se o estaria jogando em um terreno novo.
 
Revelações religiosas não estão necessariamente submetidas a critérios racionais de interpretação. Como está assentado em "A Gênese", a revelação religiosa implica em "passividade absoluta e é aceita sem verificação, sem exame, nem discussão". Já no que tange à revelação espírita, nada  há que dispense  o emprego de um criterioso exame racional. O livre exame, conquista da modernidade tão respeitada pelo sistematizador da teoria espírita, só ganha real sentido se não se apartar da bússola da razão, que é outro signo do pensamento moderno.
 
Por isso tudo, Kardec preferiu rejeitar nove verdades a aceitar uma única mentira. E das mentiras e das mistificações vindas dos espíritos ninguém está livre, a menos que se acautele mediante sólidos critérios de racionalidade. Comunicações mediúnicas não são por si sós selos de autenticação. Mormente quando, à evidência, contrariam princípios fundamentais doutrinários como o da crença nos valores do homem, que jamais deve ser visto como um ser em decadência, mas como agente do próprio progresso. E que este se dá não pela adesão incondicional a sistemas de fé, mas pela busca incessante do conhecimento, da tolerância, da perseverança no trabalho produtivo e pela prática da justiça e do amor.
 
Que haja, ademais, espíritos cuja presença entre nós seja destinada a promover o avanço da humanidade não há como duvidar. Encarnações missionárias de personagens vindas para dar continuidade a nobres tarefas antes interrompidas dispensam, no entanto, a "mise-en-scène" de revelações fantásticas a atestarem seus currículos reencarnatórios. A eventual presença de espíritos dessa condição em nosso meio há de se evidenciar por si só, mercê suas qualidades intelectuais e morais, pois estas sempre deixam marcas no trabalho realizado.
 
De outra parte, renovar o espiritismo é tarefa contínua, a ser desempenhada pela comunidade de encarnados e desencarnados dispostos a uma ação conjunta, em clima de respeito aos valores essenciais formadores de sua base doutrinária. Claramente não tem autoridade para renová-lo quem parte para o menosprezo agressivo a um movimento que, mesmo com deficiências, conta, na sua maciça maioria, com homens dotados de honestidade de propósitos, dedicação, firme disposição de acertar, e que, dessa forma, soube construir um patrimônio de credibilidade.
 
Por fim, o homem não é um ser decaído que encarna para ser reformado, como o dizem as religiões, mas para progredir, como defende o espiritismo. Doutrinas  que não reconhecem esse princípio estão filosoficamente muito distanciadas da mensagem espírita. Por isso mesmo, terminam por, espontaneamente, afastar-se de seu movimento, eis  que este, mesmo com algumas dificuldades, pouco a pouco, tende a ajustar-se à sua proposta original. (A Redação).
 
Fonte: Espiritnet

terça-feira, 6 de julho de 2010

Do melhor e do pior em Palmares

Queridos amigos e irmãos, bom dia!
 
Nestes últimos 17 dias de trabalho intenso em prol das vítimas da grande e pequena enchentes em Palmares tenho vivenciado situações que me reforçam a certeza que estamos nesta vida para aprendermos cada vez mais.
 
Ví uma criança descalça com os pés na lama tremendo de frio e esperando o lixo fétido que o supermercado iria lançar aos dejetos onde ela catava pacotes de salgadinho; e vi uma mulher acolher em seus braços um bebê semimorto de frio e fome, após a noite fatídica, reaquecendo e alimentando lentamente a criança que se tornou seu filho espiritual.
 
Ví pessoas se digladiando e  literalmente atacando caminhonetes com alimentos para serem distribuidos entre eles, esquecendo dos mais fracos, dos mais velhos, dos mais novos e dos mais necessitados, pensando unicamente em sí mesmos; e ví um homem que não bebia agua limpa a dois ou três dias dividir uma das duas garrafas que recebeu com o jovem que a entregou quando este inocentemente perguntou:"você tem um copo de água pra me arranjar?"
 
Vi adultos agindo como crianças, sem rumo ou noção do que fazer, desesperadas e chorando sem parar; e vi crianças tomarem posições e decisões de adultos, auxiliando grandemente no trabalho que restava ser executado.
 
Vi pessoas desviando recursos para uso próprio e estocagem de alimentos e água quando não precisavam; e encontrei pessoas honestas e sérias o suficiente para, com a alimentação em mãos, dizer que não precisava e deixar para a próxima casa.
 
Vi pessoas abrigadas em casas, escolas e abrigos que não tinham a menor idéia do que significa estar vivendo em comunidade e levavam seus interesses e desejos pessoais acima dos do grupo, gerando situações de constrangimento e discórdia, confusão e até brigas - por motivos egoistas e orgulhosos; e vi empresários que foram "ao centro da lama" retirar seus funcionários e levá-los para locais seguros sem interesse outro senão o bem estar daqueles que são também parte de sua família.
 
Vi pessoas arriscarem a vida em águas perigosas e locais desabando para pegar objetos que não lhes pertenciam e para obter um lucro "fácil", mesmo que dalí não pudessem sair tão fácilmente; e vi pessoas se desfazendo de seus bens pessoais e entregando-os ao próximo com desprendimento e ternura, preocupados com um melhor-estar para aqueles que necessitavam;
 
Vi pessoas fingindo um voluntariado apenas para se aproveitarem da facilidade e obter roupas, sapatos, alimentos e água para sí; e vi pessoas que trabalharam estes 17 dias sem parar e sem buscar nada além do auxílio ao próximo.
 
Vi pessoas que se disseram mais leves com os primeiros dias de trabalho pelos irmãos mais necessitados e que depois se cansaram e deixaram o trabalho para trás, abandonando-o; e vi pessoas quase incansáveis que estiveram conosco durante todo este tempo sem ter noção de data ou de hora, apenas de dia e noite, e que ainda continuam na "batalha" pelo bem.
 
Vi alguns ditos trabalhadores religiosos esquecerem o próximo e trabalharem e preocuparem-se apenas consigo mesmo, desprezando toda a mensagem de um Mestre que dizem seguir; e vi pessoas sem crença definida e sem atuação em grupos religiosos se esforçarem por desconhecidos como para salvarem seus parentes mais queridos, seguindo as orientações de um mestre que talvez desconheçam.
E assim, posso dizer que nesta "oportunidade" de aprendizado, trabalho, união, crescimento e fé que foi dada a população da cidade de Palmares, algumas pessoas foram reprovadas nos exames da vida e outras passaram com louvor. Certamente isto não é de espantar, pois todos estamos nesta escola chamada Terra para crescermos e aprendermos sempre mais com nossas experiências.
 
Agradeço a Deus e aos irmãos pela oportunidade de haver encontrado do melhor e do pior que há no homem durante estes pequenos 17 dias, e se, por um passe de mágica, tivesse de fazer qualquer escolha novamente - faria as mesmas.
 
Paz com todos.

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          João Batista Sobrinho
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