segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Prece e Perdão

"Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: (...) orai pelos que vos perseguem;
(...) fazei bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem,
e orai pelos que vos caluniam.
Jesus (Mateus, capítulo 5 / Lucas, capítulo 6)
 


Cientistas explicam relação entre a prece e o perdão
Redação do Diário da Saúde
26/03/2010

Errar e rezar
 
Todas as pessoas, uma vez ou outra, sentem culpa por alguma transgressão. Isso acontece porque nós não somos perfeitos e todos acabam quebrando a confiança de alguém ou mesmo cometendo atos danosos aos outros.
 
E, assim como erram, todos têm a esperança de obter o perdão por essas transgressões.
 
Juntamente com este fato, o psicólogo Nathaniel Lambert e seus colegas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, constataram um outro, igualmente verificável: 9 de cada 10 norte-americanos relataram em uma pesquisa que rezam, seja rotineiramente, seja de vez em quando.
 
Interesse científico na oração e no perdão
 
Os pesquisadores decidiram então estudar as duas coisas em conjunto, propondo questões que parecem estar mais afetas a pregadores religiosos do que a cientistas:

1. É possível que a oração dirigida a alguém possa acender o perdão naqueles que estão fazendo a oração, ajudando no processo de preservar relacionamentos?

2. Se sim, por que não aproveitar toda estas orações que já são feitas rotineiramente e dirigi-las às pessoas que nos ofenderam?

Embora pareçam ter cunho religioso, estas preocupações têm tudo a ver com a psicologia científica: os erros que todos os seres humanos cometem estragam relacionamentos e geram emoções negativas difíceis de curar.
 
Se as preces de fato ajudam a perdoar - restaurando relacionamentos e aliviando emoções negativas - então por que não utilizá-las como mais um recurso terapêutico?
 
Teste científico da prece
 
Para testar cientificamente as duas questões, Lambert e seus colegas bolaram dois experimentos, que estão relatados em um artigo que acaba de ser publicado na revista Psychological Science.
 
No primeiro experimento, eles colocaram um grupo de homens e mulheres rezando uma única prece para o bem-estar do seu parceiro romântico com que tiveram desavenças sérias recentes.
 
Enquanto isso, um outro grupo - o chamado grupo de controle experimental - simplesmente descrevia o seu parceiro, registrando sua declaração em um gravador.
 
Em seguida, ele partiram para medir o perdão. Os cientistas definiram o perdão como a diminuição dos sentimentos negativos que surgem em relação a alguém quando você se sente injustiçado por esse alguém - neste caso, os parceiros da relação amorosa.
 
Efeitos da prece
 
Os resultados mostraram que aqueles que oraram por seu parceiro abrigavam menos emoções e pensamentos de vingança: eles estavam mais dispostos a perdoar e a deixar sua vida seguir em frente.
 
Se uma única prece pode causar uma diferença tão marcante nos sentimentos, o que então seria capaz de fazer por um relacionamento uma prece que fosse rezada durante um tempo maior?
 
Para verificar isto, os pesquisadores fizeram um segundo experimento, no qual um grupo de homens e de mulheres rezaram por um amigo próximo todos os dias durante quatro semanas. O grupo de controle simplesmente refletia sobre o relacionamento, com pensamentos positivos, mas sem rezar para o bem-estar do amigo.
 
Compaixão
 
Os cientistas também acrescentaram uma outra dimensão. Eles utilizaram uma escala para medir a preocupação altruísta pelos outros - não para qualquer pessoa em particular, mas para todas as outras pessoas em geral.
 
Eles levantaram a hipótese de que o fato de estarem orando por alguém poderia aumentar o que eles chamam de "preocupação abnegada" - um conceito próximo ao de compaixão - que por sua vez aumentaria a capacidade de perdoar diretamente alguém.
 
E foi justamente isto o que eles encontraram.
 
Por que a prece funciona
 
Mas por quê? Como é que esta prática espiritual tão comum - rezar por alguém - exerce seus efeitos de cura emocional?
 
Os cientistas acreditam poder responder: Na maioria das vezes, os casais professam e acreditam em objetivos comuns, mas quando encaram uma desavença frequentemente passam a se ver como adversários, como emoções como o desejo de retribuir na mesma moeda e o ressentimento.
 
Essa visão do outro como um adversário muda o foco cognitivo para o ego, e pode ser difícil retirar esse foco em si mesmo para amenizar as emoções negativas e restabelecer o relacionamento.
 
A oração parece desviar a atenção do ego, levando-a de volta para o outro, o que permite que os ressentimentos aos poucos arrefeçam, até desaparecer.
 
 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Conjunto Vazio

"Destruindo-se o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, (...) os homens compreendem onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro."
O Livro dos Espíritos
Questão 
799
Paris, 1857
 

 
Materialismo torna mais difícil lidar com traumas
Redação do Diário da Saúde
07/10/2013

As pessoas materialistas experimentam mais estresse por conta de eventos traumáticos e são mais propensas a gastar compulsivamente por causa desses incidentes.
 
"Quando as coisas ficam difíceis, o materialista vai às compras", resume Ayalla Ruvio, da Universidade Estadual de Michigan (EUA).
 
"E este comprar compulsivo e impulsivo é susceptível de produzir ainda mais estresse e menor bem-estar. Essencialmente, o materialismo parece fazer os eventos ruins ainda piores", acrescenta.
 
Pessoas altamente materialistas, quando confrontadas com uma ameaça mortal - o estudo analisou pessoas em zonas de conflito - apresentam níveis muito mais elevados de sintomas de estresse pós-traumático e compras impulsivas e compulsivas do que seus vizinhos menos materialistas.
 
Essas pessoas orientadas à posse tendem a ter uma autoestima mais baixa, diz Ruvio, acrescentando: "A relação entre o materialismo e o estresse pode ser mais prejudicial do que se imagina."
 
Efeitos do materialismo
 
Para a segunda parte do estudo, os pesquisadores se propuseram a examinar os fatores por trás dos efeitos do materialismo.
 
Eles entrevistaram 855 residentes nos Estados Unidos, perguntando sobre sua natureza materialista e seu medo da morte.
 
Os resultados revelaram que as pessoas materialistas são mais propensas a tentar aliviar o medo da morte por meio de gastos impulsivos e fora de controle.
 
Neste caso, os efeitos não ocorreram apenas em resposta a uma ameaça específica, como um ataque terrorista, mas como uma forma de lidar com a ansiedade em geral sobre a morte.
 
Assim, o efeito da intensificação que o materialismo exerce sobre o estresse extremo parece ser impulsionado por uma resposta global ao medo da morte e pela baixa auto-estima.
 
Segundo os pesquisadores, as conclusões deste trabalho podem ser estendidas a uma grande variedade de contextos.
 
O estresse pós-traumático surge a partir de uma série de eventos, tais como acidentes automobilísticos, agressões criminosas e desastres naturais.
 
Ruvio afirma estar planejando pesquisas futuras que deverão abordar a relação entre o estresse e o materialismo em diferentes contextos, sob riscos e ameaças diferentes.

Veja outras pesquisas sobre o materialismo:

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Epigenética, a eficácia da atitude

"O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira."

Os sofrimentos deste mundo independem, algumas vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à nossa vontade. Remonte cada um à origem deles e verá que a maior parte de tais sofrimentos são efeitos de causas que lhe teria sido possível evitar. Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, numa palavra: às suas paixões? Aquele que sempre vivesse com sobriedade, que de nada abusasse, que fosse sempre simples nos gostos e modesto nos desejos, a muitas tribulações se forraria.

Já nesta vida somos punidos pelas infrações que cometemos das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males conseqüentes dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos. Se, gradativamente, remontarmos à origem do que chamamos as nossas desgraças terrenas, veremos que, na maioria dos casos, elas são a conseqüência de um primeiro afastamento nosso do caminho reto. Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de conseqüência em conseqüência, caímos na desgraça.
 
O Livro dos Espíritos
Itens 257 e 921
Paris, 1857
 

 
Estilo de vida altera DNA e influencia metabolismo
Redação do Diário da Saúde
01/10/2013

A herança epigenética já mostrou que as células herdam informação que não está no DNA.
 
Outrora visto como um registro definitivo a guiar o que acontece ou não com o corpo humano, hoje o DNA já é encarado com outros olhos por um crescente número de cientistas.
 
Já está bem estabelecido, por exemplo, que o estilo de vida induz alterações no DNA.

Essas alterações podem ter efeitos específicos sobre o metabolismo, sendo benéficos ou causando danos nos órgãos ou doenças, dependendo do estilo de vida.
 
No decurso da vida, as influências ambientais e fatores de estilo de vida - como a dieta, o tabagismo ou a ingestão de bebidas alcoólicas - ou processos como o envelhecimento, induzem alterações bioquímicas no DNA.
 
Frequentemente, essas alterações levam à metilação do DNA, um processo no qual grupos metílicos são adicionados a segmentos específicos do DNA, sem alterar sua sequência.
 
Esses processos podem influenciar a função do gene, sendo conhecidos como epigenética.
 
Epigenética e metabolismo
 
Cientistas do Centro Médico Helmholtz (Alemanha) identificaram agora 28 alterações no DNA associadas a características metabólicas.
 
Este é o primeiro estudo de larga escala associando o epigenoma com metabólitos e genes modificados pelo estilo de vida.
 
O grupo analisou mais de 457 mil locais no DNA em busca de alterações bioquímicas, e comparou-as com as concentrações de 649 metabólitos diferentes.
 
A análise revelou que a metilação de 28 segmentos de DNA altera uma série de processos metabólicos importantes.
 
"Este estudo nos dá novas informações sobre como os fatores de estilo de vida podem influenciar o metabolismo através das alterações resultantes no DNA", afirmam Melanie Waldenberger e Christian Gieger.
 
"Agora podemos usar estes resultados para desenvolver novas abordagens diagnósticas e terapêuticas para doenças relacionadas com o estilo de vida, tais como o diabetes", concluíram

Há outros grupos procurando associações mais específicas no epigenoma, procurando descobrir, por exemplo, como a epigenética altera os genes ligados ao câncer.
 
 

 
Epigenética: como alterar seus genes alterando seu comportamento
Com informações da revista Unesp Ciência
24/10/2012 

Hoje já se sabe, por exemplo, que exercícios físicos alteram o DNA e até que o mesmo gene que mata uma pessoa pode não afetar outra.

Gene interruptor de gene
 
Sabe para que servem 10 mil dos 20 mil genes que cada ser humano carrega dentro de suas células?
 
A resposta veio à tona no mês passado, com a divulgação dos resultados da segunda etapa do projeto de pesquisa internacional conhecido como Encode.
 
Maior parte do DNA humano tem função bioquímica e não é "lixo"

O Encode teve início em 2003 e envolveu 440 pesquisadores de 32 laboratórios.
 
A quantidade de dados gerados foi tamanha que os resultados demandaram nada menos que 30 artigos científicos diferentes, publicados na Nature e em outras duas revistas.
 
Epigenética
 
A compilação dos dados mostrou que a função de metade de nosso genoma é regular a atividade da outra metade, uma constatação que surpreendeu até os cientistas.
 
"Se alguém dissesse que a metade ou mais dos nossos genes possui informações para ligar e desligar a outra metade, não sei se alguém acreditaria nele", comentou John Stamatoyannopoulos, pesquisador da Universidade de Washington, que participou do projeto.
 
A divulgação dos resultados do Encode é uma demonstração da importância que cada vez mais ganham os estudos da área conhecida como epigenética, que estuda precisamente os mecanismos de ativação dos genes.
 
A epigenética lida com os mecanismos bioquímicos pelos quais os genes são "ativados" ou "desativados", explica Paula Rahal, coordenadora do Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp em São José do Rio Preto, que atua na área há uma década.
 
O genoma carrega as informações necessárias para criar todas as estruturas que compõem o organismo. E cada gene possui, de forma codificada, a receita para produzir uma determinada proteína.
 
Nos genes "ativados", a produção da proteína correspondente ocorre normalmente. Isto é chamado de expressão gênica.
 
"Os genes 'desativados' não se expressam, isto é, não conseguem reproduzir a proteína cuja informação possuem de forma codificada", descreve Paula.
 
Ambiente afeta os genes
 
Há décadas, pesquisas mostram que fatores como maus hábitos alimentares, sedentarismo, ingestão de álcool, tabagismo etc. exercem influência negativa na saúde e muitas vezes estão associados à maior ocorrência de vários males.
 
Por meio do estudo dos mecanismos de ativação e desativação genética, os cientistas estão conseguindo compreender melhor as vias pelas quais se dá esta interação entre o genoma do indivíduo e o ambiente em que ele vive.
 
Segundo Paula, por meio da epigenética estamos começando a entender como o estilo de vida afeta os genes.
 
Hoje já se sabe, por exemplo, que exercícios físicos alteram o DNA e até que o mesmo gene que mata uma pessoa pode não afetar outra.

Nutrigenômica
 
"Já há dados na literatura sugerindo que seria possível interferir no funcionamento dos genes, tanto no caso da obesidade quanto no do câncer, por meio da dieta. Se isso for possível, poderemos reduzir o uso de medicamentos. Este é um dos focos da nossa pesquisa", diz Daisy Salvadori, diretora do Laboratório de Toxicogenômica e Nutrigenômica da Unesp em Botucatu.
 
A pesquisa sobre a possibilidade de influenciar o funcionamento dos genes pela alimentação é denominada de nutrigenômica.
 
"Duas pessoas podem seguir exatamente a mesma dieta, mas vão absorver os alimentos de forma totalmente diferente", explica Bruno Luperini, membro do grupo de Daisy. "Isso ocorre porque um organismo possui milhares de elementos diferenciados em relação ao outro. Pode ser que estas diferenças também influenciem a maneira como cada pessoa responde à cirurgia de redução de estômago", explica.
 
A expectativa é que os resultados ajudem a entender melhor o intrincado maquinário genético associado à obesidade.
 
"A obesidade é uma doença complexa, que resulta da interação entre o ambiente e vários genes, que possuem funções diferentes. Há aquele que está ligado à sensação de fome, o que causa a saciedade, o que influencia a escolha por alimentos mais calóricos, o que está associado à absorção de nutrientes", explica Bruno.
 
Por isso, a pesquisa vai analisar não um, mas um grupo de milhares de genes, a fim de identificar sinais de processos epigenéticos que possam estar contribuindo para que alguns pacientes experimentem uma redução de peso maior do que outros após a cirurgia bariátrica.