A grande maioria de nós, humanos, temos a convicção íntima que não é fácil perdoar; mesmo que nos esforcemos e tentemos realizar o ato supremo de amor e caridade indicado por Jesus quando proferiu as palavras eternas "Amai aos que vos odeiam, perdoai os que vos tem ofendido, orai pelos que vos perseguem e caluniam"(Mt 5:44).
Talvez o grande impacto em nossas mentes seja o fato do Mestre haver utilizado a palavra "amar"; pois em nosso íntimo não compreendemos como podemos amar às pessoas que nos odeiam ou que nos maltratam.
É fácil amar a um filho(a), companheiro(a), familiar e até àqueles que são agradáveis a nós; mas amar a um inimigo é, dentro de nossas convicções, ainda impraticável.
Grande parte desta distonia entre o que devemos e o que achamos que podemos fazer talvez se deva a um problema de compreensão da palavra "amor".
No mais das vezes compreendemos o amor como um sentimento; porque que vivemos o amor(ou suas variações) por outras pessoas que nos são agradáveis e então criamos o paradigma que amor está necessariamente vinculado a sentimento.
A moderna psicologia, bem como os grandes estudiosos do comportamento, trazem uma nova visão quanto a este fenômeno - o amor.
Hoje os melhores especialistas traduzem o amor como um comportamento, e não apenas como um sentimento.
Esta afirmação pode até causar um certo incômodo e espanto na maioria de nós; porém se fizermos uma análise veremos que tem um grande sentido. Quando amamos a uma determinada pessoa - vivendo o sentimento do amor - nós praticamos o ato de amar; em palavras mais diretas: temos o cuidado de não fazer coisas que machucam, a sensibilidade de compreender seus erros, a benevolência de dividir nossas coisas, a caridade de fazer o melhor que podemos a toda hora, etc.
Assim acabamos por perceber que temos total controle sobre as escolhas que fazemos quando agimos com amor - amor neste caso é escolha de comportamento, de maneira de ser - e não apenas um sentimento, pois sobre os sentimentos nós não temos poder de controle.
A escolha de amar vai, por consequência, gerar o sentimento de amor que nos vinculará afetivamente às pessoas que nos são agradáveis
O sentimento tem, por assim dizer, vida própria. Para compreender melhor notemos que quanto estou apaixonado(sentimento do desejo e atração) e meu "amor" não é correspondido eu sofro por não ter controle para deixar de desejar àquela pessoa; Eu não consigo simplesmente deixar de sentir o que sinto, assim como não consigo também controlar os sentimentos de raiva, tristeza, frustração, ansiedade etc.
Já o comportamento é escolha minha; percebamos que mesmo quando eu não sou correspondido eu posso escolher me afastar daquele alguém ou direcionar a minha atenção para outro pólo; e a repetição contínua deste comportamento vai gerar um hábito, que no mais das vezes vai sobrepujar o sentimento, nos tornando melhores (quando criamos hábitos tendo em vista vencer nossos defeitos).
Voltando então a Jesus, é sobre isso que ele fala quando nos convida a "amar" os inimigos - Não de sentir o amor por quem não gostamos (isso é impossível) - mas de não viver aquele desamor e agir com amor para com ele: Não desejar o mal, não agir com raiva ou grosseria, não buscar prejudicar a pessoa, em palavras simples: não se vigar.
Assim fica fácil compreender o que Jesus queria dizer com esta palavra "amar" e fica mais claro o caminho que leva a esta atitude, não acham?
Entendendo o amor como um comportamento percebemos que o perdão também deve ser algo assim, pois o amor e o perdão sempre andam lado a lado.
Quando estou em palestras eu costumo dizer brincando que perdoar não é esquecer; quem esquece tem amnésia ou alzheimer...
É humanamente impossível esquecer que alguém me fez mal, ou o mal que alguém me fez.
Façamos uma rápida análise tomando como exemplo o caso de uma pessoa que tenha perdido alguém querido nas mãos de uma pessoa envolvida com o crime ou drogas; é perfeitamente normal e natural que se tenha sentimentos como revolta, ódio, raiva, frustração, dor, etc. A grande pergunta vem agora: como aprender a perdoar neste caso?
O perdão esquecimento é praticamente impossível em uma ocasião destas; mas o perdão comportamento já não o é.
Para que possamos utilizar o perdão comportamento temos que partir de uma capacidade que todos temos, mas poucas vezes queremos utilizar - a compreensão. Normalmente somente compreendemos o que nos é mais agradável e relegamos ao não esforço a compreensão do que nos desagrada; deixamos então os sentimentos agirem e tomamos muitas vezes decisões que geram arrependimentos futuros.
Perdoar não é fácil; mas com o auxílio da compreensão temos a ferramenta certa para abrirmos as portas de um comportamento de perdão.
Partindo do caso acima mencionado vimos que é normal o sentimento negativo em relação ao autor do crime; porém se pararmos para refletir internamente e formos em busca pelo real fato motivador do ocorrido, veremos que: o criminoso é fruto de um meio social violento e desumano, sua família(quando existe) é provavelmente desajustada, sofreu desde criança o assédio e a influencia de ver o crime como única forma de garantir o que a sociedade mais preza: dinheiro e poder; assumiu um papel de inflingir violência e dor como defesa contra o meio em que vive; não tem um apoio das instituições públicas no tocante a emprego/moradia/saúde e principalmente educação, etc.
Assim analizando, quando buscamos às raizes deste problema e imaginamos o que nós faríamos se vivêssemos esta mesma situação - aplicando a máxima do Cristo: "ao próximo como a tí mesmo" - a que conclusão chegaríamos?
Independente de colocações sociais,políticas ou religiosas, Eu sou sincero em dizer que, muito provavelmente, eu faria o mesmo que ele faz.
Assim, colocando-se no lugar do malfeitor e entendendo todo um contexto que gera o fato, na maioria das vezes nós poderemos - não esquecer o que houve - mas compreender o nosso irmão que erra e utilizarmos de um comportamento de perdão para com ele; buscando que a sociedade ofereça a estas pessoas recuperação e não punição, orientação e não alienação, comportamentos de amparo e não de destruição.
Não é fácil, e no mais das vezes nós ainda nem temos capacidade de tentar fazer isso, devido ao nosso atual estágio evolutivo; mas é o caminho para aprender a perdoar e a seguir os ensinamentos de Jesus.
Nos esforcemos por compreender e aprender a viver estes ensinamentos, seguindo o caminho que leva à evolução íntima; e sejamos nós todos as candeias (ou pessoas-candeia) - que o mestre falava - que do alto do velador servem de exemplo para os que as rodeiam.
Muita Paz a todos.
João Batista Sobrinho
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