sábado, 21 de setembro de 2013

Misericórdia, não sacrifícios

"Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.
Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios.
(...) se vós soubésseis o que significa (...), não condenaríeis os inocentes.
Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.
Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
porque fechais aos homens o reino dos céus;
pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.
porque (...) tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber,
a justiça, a misericórdia e a fé (...)"

Mateus, capítulos 9, 12 e 23

 
Papa diz que Igreja Católica fala demais em homossexualidade e aborto
Com Agências de Notícias
19/09/2013

O papa Francisco afirmou que a Igreja Católica deve "acompanhar" os que se afastam de sua doutrina "com misericórdia" e "a partir das suas condições" reais de vida.
 
Na longa entrevista, em italiano, à revista jesuíta Civiltà Cattolica, o papa também mencionou a questão do aborto, dizendo que se uma mulher interrompe a gravidez, fato que "pesa muito" e do qual ela está "sinceramente arrependida", o seu ato deve ser perdoado.
 
"O confessionário não é uma câmara de tortura, mas um lugar de misericórdia", acrescentou na entrevista.
 
O papa Francisco explicou que a Igreja "não pode insistir apenas sobre as questões relacionadas com o aborto, o casamento homossexual e o uso de métodos contraceptivos", assuntos sobre os quais a Igreja estaria "insistindo demais".
 
Ele advertiu que a estrutura moral da igreja pode cair como "um castelo de cartas" a não ser que se promova "um novo equilíbrio".
 
"Não podemos insistir (em falar) apenas nas questões relacionadas ao aborto, ao casamento gay e ao uso de métodos contraceptivos. Isso não é possível. Os ensinamentos da Igreja sobre isso são claros, e eu sou um filho da igreja, mas não é necessário que eu fale disso o tempo todo."
 
"A igreja não pode ficar obcecada com a transmissão de um conjunto desarticulado de doutrinas sendo impostas insistentemente", prosseguiu o papa. "Temos de encontrar um novo equilíbrio, ou até mesmo a estrutura moral da igreja pode cair como um castelo de cartas, perdendo o frescor e a fragrância do Evangelho."
 
"A igreja em que devemos pensar é a que é a casa de todos, e não uma pequena capela onde cabe apenas um pequeno grupo de pessoas selecionadas. Não podemos reduzir o âmago da igreja a um ninho que proteja nossa mediocridade."
 
Esta visão está em flagrante contraste com as prioridades de seus antecessores, João Paulo 2º e Bento 16, que viam a chamada doutrina como o guia maior para o clero.
 
Francisco afirmou que regras demais podem fazer com que a Igreja Católica perca seu propósito.
 
"É inútil perguntar a uma pessoa seriamente ferida se ela sofre de colesterol alto", afirmou. "Temos que curar suas feridas. E depois podemos falar do resto."
 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Lógica da Prosperidade

"Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam,
fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas."
Jesus (Mateus, capítulo 7)

"O choque, que o homem experimenta, do egoísmo dos outros é o que muitas vezes o faz egoísta, por sentir a ne
cessidade de colocar-se na defensiva. Notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva o princípio da caridade e da fraternidade de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem, e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensaram. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo e do contacto. Em face do atual extravasamento de egoísmo, grande virtude é verdadeiramente necessária, para que alguém renuncie à sua personalidade em proveito dos outros, que, de ordinário, absolutamente lhe não agradecem.  Principalmente para os que possuem essa virtude, é que o reino dos céus se acha aberto. A esses, sobretudo, é que está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que, no dia da justiça, será posto de lado e sofrerá pelo abandono, em que se há de ver, todo aquele que em si somente houver pensado."
 
Livro dos Espíritos
O Egoísmo
Questão 917
Paris, 1857
 

 
Generosidade vence egoísmo na evolução
Redação do Diário da Saúde
16/09/2013

"Nosso trabalho mostra que nenhuma estratégia egoísta terá sucesso na evolução", disse Plotkin. "As únicas estratégias que são evolutivamente robustas são as generosas."
 
Depois de décadas de domínio das teorias sobre a "sobrevivência do mais forte", os cientistas parecem estar se rendendo a outras interpretações para a evolução biológica.
 
Primeiro, eles começaram a falar na sobrevivência do mais bondoso, e não do mais guerreiro ou mais violento.
 
Há poucos dias, outra equipe defendeu que a evolução irá puni-lo se você for egoísta e sovina.
 
Agora, biólogos da Universidade da Pensilvânia (EUA) estão oferecendo uma explicação matemática de por que a cooperação e a generosidade evoluíram na natureza, tida como tipicamente competitiva.
 
Jogadores em evolução
 
Os biólogos se valeram da ferramenta mais empregada pelos cientistas quando o assunto é o relacionamento em larga escala: a teoria dos jogos - mais especificamente, uma situação conhecida como "Dilema do Prisioneiro".
 
Alexander Stewart e Joshua Plotkin analisaram o resultado do Dilema do Prisioneiro conforme o problema era encarado por uma grande população de jogadores em evolução - uma descrição bem precisa da humanidade do ponto de vista da biologia evolutiva.
 
Embora a explicação básica da evolução afirme que as estratégias de competição são as que importam, Stewart e Plotkin chegaram a uma demonstração matemática de que as únicas estratégias de sucesso a longo prazo são as estratégias envolvendo a generosidade.
 
"Desde Darwin", explica Plotkin, "os biólogos têm-se intrigado sobre por que existe tanta cooperação aparente, e mesmo a generosidade e o altruísmo por si sós na natureza. A literatura sobre a teoria dos jogos tem trabalhado para explicar por que a generosidade surge."
 
Conforme os jogos se repetiam ao longo das gerações, tornou-se claro para os biólogos que as estratégias de extorsão não funcionam em uma população grande e em evolução.
 
Gene generoso
 
"O fato de que existem estratégias de extorsão imediatamente sugerem que, na outra extremidade da escala, também pode haver estratégias generosas", disse Stewart. "Você pode pensar que ser generoso seria uma coisa estúpida de se fazer, e é, se houver apenas dois jogadores no jogo. Mas, se há muitos jogadores e todos eles se comportam generosamente, todos se beneficiam da generosidade de cada um."
 
Nas estratégias generosas, que são essencialmente o oposto das estratégias de extorsão, os jogadores tendem a cooperar com seus adversários. Se eles não fizerem isto, sofrerão mais do que seus adversários no longo prazo.
 
O "perdão" também é uma característica dessas estratégias. Um jogador que encontra um oponente que sai da linha da generosidade pode punir o desertor, mas, depois de um tempo, pode cooperar com ele novamente.
 
"Nosso trabalho mostra que nenhuma estratégia egoísta terá sucesso na evolução", disse Plotkin. "As únicas estratégias que são evolutivamente robustas são as generosas."
 
A descoberta, embora abstrata, ajuda a explicar a presença da generosidade na natureza, uma inclinação que geralmente parece contrária à noção darwinista da sobrevivência do mais apto.
 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ralo Mental

A felicidade neste mundo é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma medida de felicidade comum a todos os homens?

"Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranqüila e a fé no futuro."
 
(...) não há pessoas que se vêem na impossibilidade de prover às suas necessidades, em conseqüência de (...) causas independentes da sua vontade?

"Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome."
 
Com uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por culpa sua pode faltar o necessário. Porém, suas próprias faltas são freqüentemente resultado do meio onde se acha colocado. Quando praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio também será melhor.

O Livro dos Espíritos
Questões 922 e 930
Paris, 1857
 

 
Pobres ficam sem recursos mentais para sair da pobreza
Redação do Diário da Saúde
13/09/2013
Quem não tem o suficiente para viver não dispõe de reservas mentais para tentar sair de sua situação.
 
A pobreza e as preocupações que a acompanham consomem tanta energia mental que os pobres têm pouco espaço em seus cérebros para qualquer outra coisa.
 
Como resultado, as pessoas com condições econômicas limitadas são mais propensas a cometer erros e tomar decisões erradas que podem ser amplificadas por seus problemas financeiros - o que ajuda a perpetuar esses problemas.
 
A conclusão é que ser pobre pode impedir que as pessoas se concentrem em caminhos que poderiam tirá-las da pobreza.
 
Sem recursos mentais
 
A função cognitiva decai com o esforço constante, e o esforço para lidar com os efeitos imediatos de ter pouco dinheiro - como arranjar dinheiro para pagar as contas e encontrar formas de cortar despesas - consome toda a "energia cognitiva".
 
Assim, a pessoa fica com menos "recursos mentais" para se concentrar em assuntos complicados, mas indiretamente relacionados, como a educação, a formação profissional e a gestão do seu tempo.
 
"Essas pressões criam uma preocupação fundamental na mente, drenando recursos mentais do problema em si. Isso significa que ficamos incapazes de nos concentrar em outras coisas na vida que precisam da nossa atenção", explica Jiaying Zhao, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), que acaba de se debruçar sobre o tema.
 
"Visões anteriores da pobreza costumam atribuir a pobreza a falhas pessoais ou a um ambiente que não é propício para o sucesso. Estamos argumentando que a própria falta de recursos financeiros pode levar a uma função cognitiva deficiente. A própria condição de não ter o suficiente pode realmente ser uma causa da pobreza", diz ele.
 
Pobreza é mais do que estresse
 
O custo mental que a pobreza impõe sobre o cérebro é diferente do estresse, defende Eldar Shafir, coautor da análise.
 
O estresse é a resposta de uma pessoa a várias pressões externas.
 
Vários estudos indicam que um nível aceitável de estresse de fato pode melhorar o desempenho de uma pessoa.
 
"O estresse em si não prevê que as pessoas não possam sair-se bem - elas podem sair-se melhor até certo ponto", explica Shafir.
 
Mas a coisa é muito diferente quando a pessoa não tem os meios materiais necessários para se manter.
 
"Uma pessoa em situação de pobreza pode estar na parte alta da curva de desempenho quando se trata de uma tarefa específica e, na verdade, nós mostramos que ela sai-se bem na solução do problema que tem à mão.
 
"Mas ela não tem largura de banda de sobra para se dedicar a outras tarefas. Os pobres são muitas vezes altamente eficazes em focar e lidar com problemas urgentes. É nas outras tarefas que eles se saem mal", conclui o pesquisador.